Em Maio deste ano, escrevi uma coluna intitulada “Chromebook: O laptop do futuro já nasceu morto. Você ainda vai ter um.”
Não sou adepto de teorias conspiratórias, pelo contrário, desconfio de todas. Kennedy? Lee Oswald matou, sozinho. Tancredo Neves?
Eu dizia que as operadoras (de telefonia e TV à cabo) agregaram o acesso à internet juntamente os serviços (banda larga, TV, telefonia).
Estou ficando velho. Lembro-me da época em que a internet chegou ao Brasil e pipocaram as chamadas “Provedoras de Internet”. A gente usava o (caríssimo) modem de 9600, tinha até uma trilha sonora ao fundo (tchííí, tchóóó, tzúúú e tudo ficava silencioso e a gente estava então, na tal internet). De lá prá cá, as operadoras, que naquela época ficavam a ver navios (pera aí, quer dizer que as tais provedoras de internet, em si, já naquela época eram as OTT “over the top players” de hoje em dia???) tomaram as rédeas desse negócio e passaram a controlar o acesso do usuário à internet. De quebra, ainda inventaram o triple/quadruple play. Uma única conta e toma-lhe o acesso à internet, telefonia fixa e móvel e TV.
No meio tempo, as empresas de TV a cabo e satélite também colocaram suas manguinhas de fora e estenderam sua tecnologia de forma a também poderem prover o tal do triple/quadruple play. Com uma significante diferença: Enquanto as operadoras de telecomunicações geralmente têm a obrigação legal de prover acesso para empresas competidoras (O chamado LLU – Local Loop Unbundling), no caso das empresas de TV à cabo ( por serem “locais” e não terem monopólio) o mesmo não ocorre na maioria dos casos.
De qualquer forma, o ponto da história é que as operadoras, sejam elas originalmente TV ou telefonia, lograram cooptar o usuário provendo-o dos quatro serviços ao mesmo tempo em que se esforçaram ao máximo para tentar evitar que concorrentes tivessem acesso à infraestrutura (de uma maneira ou de outra, porque mesmo no caso das próprias telcos a lei geralmente não aplica à serviços que não a telefonia propriamente dita). Em conclusão, meu apartamento aqui na Suécia tinha TV a cabo da empresa ComHem (via cabo coaxial). Era impossível eu assinar a concorrente Boxer ou a Canal Digital simplesmente porque meu prédio era servido pela ComHem e ponto final. Quisesse assinar Boxer eu teria de me mudar para outro prédio em uma outra área servida pela Boxer e assim por diante….
Dia desses, apareceu-me um legítimo Chromebook: Um Samsung Series 5, branquinho. Bonitinho o bichinho. A primeira surpresa aconteceu justamente ao tentar abri-lo. O símbolo Chrome e o logo Samsung são colocados ao contrário o que leva todos os incautos a tentarem abrir a máquina pelo lado errado. Fora isso, nada muito diferente de um laptop comum. Peso, tamanho, tela, teclado, tudo igualzinho. Nas entranhas, armazenamento em estado sólido (não tem HD convencional) de meros 16GB e um processador Intel Atom não impressionam. O preço, muito menos: 1 mil reais. Mãos à obra, o setup inicial lembrou-me muito o processo de inicialização do Windows de um laptop convencional. Demoradíssimo, com poucas indicações de progresso (por vezes achei que havia travado), boot, reboot, boot de novo, reboot de novo, finalmente o tal Chromebook estava pronto.
Em resumo, trata-se de um computador que usa um sistema operacional proprietário para desembocar no navegador Chrome. É isso, você como usuário só tem o browser e mais nada. Obviamente, funciona otimamente com o Google Apps e até mesmo com o Office 365 da Microsoft. Offline, o dito toca mp3, vídeos avi, fotos em JPG e… é só. Teoricamente, um computador “perfeito” sem vírus, sem ter que instalar nenhum software. Pense bem: Quando foi a última vez que você utilizou um PC sem estar conectado à internet?
A resposta do VP do YouTube (aquele lá do Vale do Silício / Silicone) foi algo que, para mim, entrou para os anais da história (pelo menos a minha história) como uma das mais afiadas.
Para quem chegou agora, eu contava da conferência em Berlim no final de 2011. Para mim, um dos pontos mais interessantes foi o discurso de um ilustre vice-presidente do YouTube. O sujeito, muito bom de apresentação por sinal como todo americano que se preze que tenha uma posição de relevância, dominou a cena por mais de 45 minutos sem ser cansativo.
No final de 2011, participei de uma conferência em Berlin sobre banda larga móvel. Para minha surpresa, a maioria das operadoras presentes reclamou da dificuldade em servir seus clientes, diante da demanda causada pela explosão dos Smartphones e dos tablets. É aquela história, o mundo dá voltas né? Não mais que derepentemente, uma situação se inverte.
Estou na Bósnia. Faço uma apresentação. A santíssima trindade está presente. CEO, CTO, CMO, bem como o “Chief Strategist” e o Gerente para o Programa de Cloud.
50 bilhões de dólares. Eventualmente, qualquer decente análise de mercado potencial -para qualquer que seja que você esteja querendo vender para uma empresa de telecomunicações- terá de atingir esse valor.