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Nas nuvens dos Balcãs

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Eu falava sobre os 50 bilhões. Algumas oportunidades perdidas. Falei sobre SDP e para não ficar repetitivo, vou parar por aqui nessa história de lamentos e frustrações. Porque ainda tem Mobile Money, coisa que operadoras vem discutindo há, calculando por baixo, cinco anos sem conseguirem criar um ecossistema de significância global. A competição, que não tem os mesmos entraves, não dorme no ponto.

Estou na Bósnia. Faço uma apresentação. A santíssima trindade está presente. CEO, CTO, CMO, bem como o “Chief Strategist” e o Gerente para o Programa de Cloud. Além desses, uns 20 outros entre chefes de departamento, gerentes e pessoal técnico. Tento falar devagar porque o inglês deles não parece ser muito bom. Ainda mais depois da experiência da noite anterior.

Cheguei de noitinha. Meu hotel é muito bom, imagino que seja o melhor da cidade. Estou com muita fome. A viagem, apesar da relativa proximidade, levou o dia todo. Somente o trajeto de carro da Sérbia à Bósnia demorou quatro horas. Isso, fora as 2 pernas de vôo, com direito a parada na Áustria com atraso, cortesia da casa.. Preciso sair, verificar o que li na internet: Que a cidade de Banja Luka, onde estou, é famosa por ter uma proporção de SETE mulheres para cada homem e ainda por cima elas seriam lindíssimas. Plena terça-feira 20:30, população de 300 mil habitantes, nevando, centro da cidade, o comércio está aberto mas querendo fechar, pouco movimento. Entro em um restaurante chique. Escolho um franguinho grelhado. Estou limitando os carboidratos. Culpa do TI especialistas, porque estou convencido que nenhum de vocês irá ler a crônica de alguém gordo, fora de forma. Explico para o garçom trocar o arroz do acompanhamento por legumes. Ele entendeu, sem problemas. Anota o pedido, volta com o ticketzinho da máquina registradora, o qual ele deposita num copinho de vidro na mesa. Oferece-me bebida. Quero cerveja, mas novamente, por culpa de vocês, resolvo por vinho. Talvez eles tenham vinhos da Macedônia – raros no mercado internacional, a pequena produção é toda consumida localmente. Explico-lhe que não quero a garrafa toda, apenas uma taça ou então aquela garrafinha pequena. Ele retorna, me mostra uma garrafa de vinho local, põe uma pequena prova na taça. Não é ruim, aprovo. Estranhamente, ele sorri e vai embora. Fico olhando o restinho de prova no fundo do copo, foi quase tudo embora no primeiro gole. Certamente vai trazer o mesmo vinho na garrafinha. Ele volta, sem vinho à vista, e deposita um outro papel no copinho. Confiro que um dos tickets no copinho tem um tanto de números, somando 14. Lembro que este era o preço do prato que pedi. No outro ticket, o total é sete. “Será que aquilo que achei fosse apenas a prova do vinho na verdade era a dose? E ainda por cima custava sete? Metade do preço do prato completo? Não é possível”. Chega a comida. Vem sem o arroz conforme solicitei, e com os legumes… acompanhados de uma generosa porção de batatas fritas. Num esforço sobre-humano, larguei as fritas de lado mas a comida, mesmo assim, desceu mal. Estava invocado com o negócio do vinho. Depois de muito debate interno, resolvi não levar desaforo prá casa. Chamei o garçom, mostrei com o polegar e o indicador que havia sido uma dose ínfima. Que cobrar sete era um absurdo. Ele entendeu. Foi lá, trouxe outra taça, com ainda menos vinho que a primeira, mas tudo bem, esse era o complemento. Saboreio o vinho da vitória. Ele faz menção de ir embora, dá 2 passos, mas ato contínuo dá meia volta e deposita um outro ticketzinho no copinho. A cortina desce, saúdo a platéia e vou-me embora.

Portanto, vou devagar. Explico que, todas as Telcos que encontro me dizem que querem oferecer SaaS. Gartner espera que o mercado de SaaS atinja os mágicos 50 bilhões de dólares no ano que vem. IaaS, por outro lado, somente 10 bilhões. Pergunto-lhes: vocês tem experiência em vender produtos de IT? Conhecem o consumidor? Sabem como atingi-lo? Consumidor individual ou empresarial, sua força de vendas e suporte está capacitada para servi-los? E os consumidores, reconhecem vocês como um provedor de soluções de IT? Deutsche Telecom, AT&T e BT. Algumas das telcos líderes em “cloud computing” no mundo, havendo alocado formidáveis orçamentos para, seja através de aquisições ou evolutivamente, chegarem no extenso portfólio de ofertas para seus consumidores que hoje elas possuem. Analisando essas operadoras, notamos que as ofertas de SaaS são diferentes, mas todas elas, sem exceção, oferecem serviços de IaaS. Isso sugere que existe um certo caminho evolutivo a ser traçado. Que se deve começar pelo básico, pelo IaaS. No ano que vem, a mesma Gartner prevê que 30% do mercado de IaaS no mundo será dominado pelas telcos. AMI Parners, em um estudo de 2011, expõe que 38% das pequenas empresas nos Estados Unidos têm a pré-disposição de adquirir os básicos serviços de IT das Telcos. É fácil entender o porque: Imagine você abrindo uma microempresa. Hoje, você tem de adquirir um telefone celular e o acesso à internet em uma operadora, para depois comprar (geralmente pagando adiantado) o website hosting e o virtual storage de outra(s) empresa(s). Geralmente, uma empresa internacional (Amazon, One.com, Godaddy, etc), em que no caso de dúvida ou problemas, não existe a quem contatar diretamente, suporte apenas por email e com um fuso horário diferente do seu. As telcos são invariavelmente empresas locais, bem ou mal com suporte 24/7, que falam a sua língua. Exponho minha idéia: Comece com os serviços básicos, passe a conhecer o mercado de IT, evolua internamente seu pessoal técnico capacitando-os a trabalhar com esse tipo de tecnologia, prepare sua equipe de vendas e suporte, alinhe seu “branding” para que o público-alvo identifique e associe a imagem da sua empresa também como um fornecedor de soluções de IT. E no meio tempo faça as necessárias alianças para, uma vez tudo isso feito, entrar com seus parceiros no mercado de SaaS. Apresento os números, os argumentos, tudo claro e óbvio. Certo?

Não sei não. O CEO está com cara amuada. Ele continua olhando para o gráfico com o pilar dos 50 bilhões. Olha para o pilar de 10 bilhões. Café pequeno. Esmola de porta de igreja. Balança a cabeça. Será que a promessa de cloud computing será mais uma na minha lista de frustrações?

Ps: Sobre as sete mulheres para cada homem em Banja Luka, eu ainda estou deliberando se conto o que aconteceu após o restaurante no meu próximo livro, “Redes Sensuais 2”…….

L.Midashttp://www.facebook.com/LMidas.Homepage
L.MIDAS é analista de negócios de uma das maiores multinacionais do setor de telecomunicações e orador frequente em conferências sobre novas tecnologias, novos negócios e seu impacto no cotidiano das pessoas. O autor, natural de Belo Horizonte (MG) reside há mais de 10 anos em Estocolmo, Suécia, com sua esposa e três filhos. Seu primeiro romance, "Redes Sensuais", foi definido pela escritora Chirlei Wandekoken como “Uma trama inteligente, moderna e altamente sensual que retrata os impactos das Redes Sociais nos relacionamentos de forma cosmopolita e abrangente”.http://www.facebook.com/LMidas.Homepage http://www.facebook.com/RedesSensuaisMichael Dahlén, autor de Nextopia (www.nextopia.info) e cinco outros livros, considerado um dos mais influentes pesquisadores do mundo na área de comportamento de consumidores, criatividade e marketing assina o prefácio da obra e afirma: “Um romance provocante que expõe os efeitos colaterais da internet”NOVIDADE: AMOSTRA GRÁTIS DE REDES SENSUAIS - Link para download de um "test-read" das primeiras 150 páginas da obra. http://ge.tt/78mDJLP Comentários, fotos, fórum de leitores na página: www.facebook.com/RedesSensuais

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