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Equipas autónomas ou self-managed teams ou SMT

publicado por Bruno Amaral

Ao prosseguir com a série de artigos sobre Equipas de Performance (leia o primeiro aqui – Equipas Auto-Transcedentes, o segundo aqui – Reflexão: Lei da Corrente), voltaremos a falar sobre uma das três características que os professores Takeuchi e Nonaka conseguiram identificar em equipas nas melhores empresas do mundo, trata-se da Autonomia do time (Equipas autónomas ou self-managed teams ou SMT).

Boa leitura!

O que é Autonomia?

Autonomia é um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência, liberdade ou autos-suficiência.

Equipas Autónomas

As equipas/times/tribos autónomas são auto-organizadas e se auto-gerenciam, organizam seu trabalho e sua estrutura, têm o poder de fazer com que suas decisões sejam cumpridas/respeitadas para alcançar as metas anteriormente definidas pela gerência/diretoria.

No Scrum, os Times de Desenvolvimento são auto-gerenciáveis e responsáveis em definir e explicar ao Product Owner e ao Scrum Master como será feito o seu próprio trabalho. Também são responsáveis por estimar as histórias, criar actividades e gerenciar o time.

Enumerei 6 itens que acredito ser fundamentais para que uma equipa seja autónoma.

1) Confiança

É necessária entre os integrantes do grupo. Caso não haja, os membros não se sentirão seguros em compartilhar informações durante uma Retrospectiva ou numa Daily, por exemplo.

O melhor elogio que você pode receber é ser considerado digno de confiança. John C. Maxwell

 John C. Maxwell no livro As 17 incontestáveis leis do trabalho em equipe fala sobre a Lei da Confiança – “Os membros da equipa devem ser capazes de contar uns com os outros quando necessário.”

Um ponto interessante a ser destacado é que John C. Maxwell explica que a confiabilidade não é um dom e sim algo que precisa ser conquistado. Isto só dar-se-á em dias turbulentos, pois em momentos tranquilos não a desenvolverão.

Na Bíblia, existe uma passagem que fala da falta de confiança dos discípulos em Jesus. Em Lucas 8:22-25, enquanto o Mestre e seus pupilos estavam por atravessar o mar da Galileia, uma forte tempestade começou com muito vento e ondas altas e o barco por-se a encher. Para aqueles homens incrédulos, o barco estava comprometido e afundaria a qualquer momento.

Jesus foi acordado por eles e vendo aquela situação, repreendeu os fortes ventos e acalmou o mar. Ele voltou-se para aqueles e disse “Onde está a sua fé?”. Admirados com tal poder,  perguntaram-se “Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem”. Existem diversas passagens bíblicas que relatam situações como esta. Pessoas que passaram por tribulações para aprender a confiar mais em Deus.

Quando somos uma equipa, os pontos fortes sobressaem e as deficiências ficam menos expostas.

2) Emponderamento

Dá poder a equipa. Processos devem existir, mas o mais importante é incumbir as pessoas e não os processos. Numa organização que a hierarquia e a “verticalidade” é muito rígida, emponderar é um desafio.

Para responsabilizar as pessoas você, como líder, precisa dar “Liberdade” para fazer decisões e cometer erros e com estes, aprender e crescer individualmente e como um time.

Não há mais aquela pergunta “Quem errou?”.  O foco agora está em identificar a falha e o que podemos fazer para que não aconteça mais. No ITIL, usamos o termo “Erro Conhecido”. É uma base de dados que registamos todos os erros de um determinado sistema.  Já tive uma boa experiência na utilização do MediaWiki na documentação de Erro Conhecido.

3) Feedback

É importante para que problemas sejam identificados o quanto antes. Processos também são revistos e melhorados. No Scrum, utilizamos a Retrospectiva para que o Time Scrum se reúna e reveja seus processos e saia da reunião com melhorias a serem implementadas nas próximas Sprints.

A falta de feedback aumenta a ansiedade dos integrantes do time.

4) Transparência

Sem isso, o feedback não funciona. Creio que está claro!

Transparência não tem relação com maturidade. Esta ganha-se com o tempo, a outra é intrínseca.

Recentemente, compartilhei no Linkedin um artigo sobre o conflito que acontecia a uma equipa que só foi resolvido por utilizar a Retrospectiva. Funcionou porque os membros foram sinceros e transparentes em dizer qual era o problema ocorrido.

5) Comunicação eficiente

Tem coisa pior do que “fofoca” ou “Telefone sem fio” ou “rádio corredor”?

Nas experiências que tive como líder servidor, sempre lutei por investir na formação dos membros das equipas, seja a parte técnica ou a qualificação interpessoal.

Uma comunicação eficiente reduz stress e constrói um ambiente seguro, o que permite resolver problemas como a troca de ideias sem necessidade de anonimato ou da utilização de técnicas como o brainsworm.

6) Relacionamentos

A equipa é formada por um grupo de pessoas com diferentes necessidades, portanto é plausível que essas tenham maior ou menor afinidade entre si e formem pequenos grupos.

O importante é não criar obstáculos entre os membros do time, para não prejudicar a comunicação e a confiança.

Retrospectivas bem elaboradas, exercícios de “quebra gelo” e actividades extra campo são necessários para uma integração da equipa e aprimoramento dos relacionamentos.

Conclusão

Afinal, quais são os benefícios de ter uma Self-Managed Team?
– Mais produtividade
– Mais eficiência
– Mais engajamento

O video abaixo exemplifica os benefícios do auto-gerenciamento. São três diferentes cenários:

  1. Cruzamento com policial de trânsito (sem autonomia)
  2. Cruzamento com 4 semáforos (sem autonomia)
  3. Rotunda (com autonomia)

 

Os resultados obtidos na pesquisa foram:

Caso 1: 289 carros em 15 minutos

Caso 2: 385 carros em 15 minutos (subida de 33%)

Caso 3: 460 carros nos mesmos 15 minutos (subida de 60%)

No próximo artigo, falarei de Equipas Multifuncionais.

Até lá.

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Autor

PSM I, PACC, SFC, ISMF, SMAC, IPOF, STMAC, ITILv3 e MCTS. Possuo 20 anos de experiência em TI com background em desenvolvimento. Desde 2008 a liderar equipas de performance. Desde 2010 a trabalhar com Scrum, Kanban e XP. Desde 2017 a desempenhar papel de Scrum Master e Agile Coach. Desde 2018 a escrever artigos sobre Scrum, Equipas de Performance e Metodologias Ágeis.

Bruno Amaral

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