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Desafios da Interoperabilidade: A Integração de Dados e Processos – Parte VI

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Desafios da Interoperabilidade: A Integração de Dados e Processos - Parte VINestas últimas semanas compartilhamos as análises quanto ao contexto ao problema – fragilidades e distorções – e ao desafio de integrar dados e processos. Das 3 dimensões consideradas como primordiais para superação deste desafio, já abordamos a dimensão dados e, semana passada, a dimensão processos, que permitiu incorporar a visão de negócios ao padrão Modelo Global de Dados.  Hoje abordaremos a segunda dimensão: a dimensão processos.

4. Dimensão Processos: Business Process Model and Notation –  Padrão BPMN.

A integração nas Organizações, conforme preconizado pelas plataformas de modelagem e integração na década de 90, requer uma uma visão holística, uma imagem única e integrada.  Neste sentido um dos mecanismos que permitem a obtenção desta imagem comum são os modelos de processos de negócio.  Considerados como representações de uma organização real, servem como referência para todos os seus membros – sejam pessoas, sistemas ou recursos – viabilizando uma infraestrutura de comunicação que proporciona uma visão geral sobre as operações e permite a realização de análises, previsão de impactos das atividades e identificação de pontos de melhorias, entre outros.

A iniciativa de construção da Plataforma de Processos foi resultante da prospecção e avaliação de alternativas que, preferencialmente em padrões abertos, ofereceriam suporte conceitual e prático a todos os profissionais envolvidos na modelagem, gestão e automação de processos de negócios, abordando padrões, modelos de referência, técnicas e conceitos atrelados ao Gerenciamento de Processos de Negócios – ou BPM, Business Process Managemment, da sigla em inglês, possibilitando, por meio da utilização dos seus componentes (metodologia, modelos, padrões e ambiente de TI) a criação de modelos gráficos de processos via interface web, garantindo o armazenamento e o compartilhamento desses modelos para visualização e edição por outros usuários, facilitando o desenvolvimento colaborativo de modelos de processos de negócios.

Entre as premissas para o desenvolvimento da Plataforma de Processos evidenciava-se a integração, viável a partir da utilização de padrões incorporados à Arquitetura e-PING de Interoperabilidade.  Tendo sido adotada para sua construção dinâmica semelhante a do MGD – com efetiva participação de representantes dos segmentos normatizadores e disciplinadores da Administração Publica Federal e Estadual, garantindo o alinhamento às diretrizes de Tecnologia da Informação, Gestão e Qualidade do Governo Federal – a Plataforma de Processos deveria servir de propulsor a gestão, modelagem, documentação e automação de processos a partir de um mesmo conjunto de padrões de notação e metodologia para todo o Governo.

 

Figura 4: Ilustração de um diagrama (artefato) do Modelo Integrado de Processos
Figura 4: Ilustração de um diagrama (artefato) do Modelo Integrado de Processos

A estrutura da Plataforma de Processos foi concebida de forma a resolver o problema atual de diversas propostas, princípios, etapas e uma grande quantidade de metodologias e ferramentas disponíveis no mercado que, focadas em processos, são de integração difícil ou inexistente e, por vezes, não cobrem completamente todo o ciclo de gestão de processos. Apesar da importância que esta área vem recebendo dentro das organizações, ainda persistem barreiras principalmente definidas pela complexidade dos modelos e pela grande quantidade de parâmetros necessários para suas representações.

Relevância Estratégica: Iniciativas Empreendidas

Ampliar a capacidade de atendimento do governo às demandas da sociedade, simplificando a vida do cidadão, caracteriza-se como um dos principais desafios da Administração Pública Brasileira.  Para sua superação são requeridas orientação e instrumentalização adequadas, que garantam a crescente melhoria e inovação dos serviços públicos.  É neste sentido que a Secretaria de Gestão Pública – SEGEP do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, atua na coordenação do Programa Gespública, tendo lançado diversos instrumentos e definidos compromissos e resultados a serem entregues à sociedade, como se caracteriza a Carta de Serviços ao Cidadão.  No cenário atual a SEGEP identifica ainda a necessidade de disponibilizar meios para que os diversos entes públicos possam modelar e gerenciar seus processos.

Com a descontinuidade da iniciativa de desenvolvimento da Plataforma de Processos pelo Serpro, as discussões no sentido de implementação de soluções transversais ao Governo  passam a ser tratados no âmbito da e-PING com participação efetiva de representantes da SEGEP e de diversas outras entidades interessadas no tema, em níveis federal, estadual e municipal, o que garante a continuidade nas discussões e evolução dos padrões, mas entretanto retarda um dos pontos críticos à implementação dos padrões e integração dos processos: o suporte educacional e operacional baseado em uma solução integrada de TI.

A aderência entre os padrões MGD e BPMN é garantida em nível de diretrizes pela Arquitetura e-PING de Interoperabilidade, mais especificamente pelo GT 5 “Áreas de Integração para o Governo Eletrônico”, que estabelece a utilização ou construção de especificações técnicas para sustentar o intercâmbio de informações em áreas transversais da atuação governamental, cuja padronização seja relevante para a interoperabilidade de serviços de Governo Eletrônico.  Por trabalhar com um escopo bastante amplo e número grande de envolvidos, este GT se organiza em Subgrupos de Trabalho (SGTs), de forma a especializar as discussões em torno de algum padrão ou assunto específico como os de integração de dados e processos (MGD), dados financeiro-contábeis (XBRL), dados estatísticos (SDMX), informações geográficas (INDE), dados abertos (INDA) e processos (BPM) , entre outros2.

Desde de julho de 2012, momento de sua criação, o SGT BPM envida esforços no desenvolvimento de iniciativas focadas no uso, evolução e avaliação dos padrões para processos no âmbito do Governo, podendo-se destacar, entre as principais, a  revisão do Guia de Gestão de Processos do Governo, em parceria com o Programa GesPública, e a revisão da Plataforma de Processos, onde tem realizado diversas discussões sobre a busca de soluções de BPM no Governo e sobre os requisitos dos órgãos que estão selecionando ferramentas e implantando seus ciclos de gestão por processos. As principais conclusões são de que o mercado carece de soluções completas, e de que é necessário reforçar as diretrizes metodológicas do programa GesPública, pois a Plataforma depende deste referencial para identificar claramente quais os componentes da sua arquitetura e quais os padrões necessários para interoperarem3.

Na próxima semana abordaremos um alternativa para criação de uma cadeia de valor para a administração pública brasileira, considerando a viabilidade e compatibilização entre instrumentos e informações disponibilizados atualmente pelo Governo Brasileiro.

[Crédito da Imagem: Integração – ShutterStock]

Marcus Vinicius da Costa
Marcus Vinicius da Costa ingressou no Serpro em 1982, atuando nos segmentos de produção de serviços, gestão empresarial, marketing e assessoria à Alta Administração, tendo tido experiências também em gestão estratégica no Ministério da Fazenda e na Companhia Nacional de Abastecimento. É pós-graduado em Organização, Sistemas e Métodos e Análise e Projeto de Sistemas, possui MBA nas áreas de Estratégia Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, e de Comunicação com o Mercado, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM. Coordenador do Projeto de Plataforma de Integração e Interoperabilidade de Serviços Públicos (P2IGov) no Serpro, foi titular da Superintendência de Integração de Dados e Processos, Unidade responsável pelo desenvolvimento dos modelos abordados neste artigo, participa da Coordenação-Geral e também como coordenador do GT 5 (Áreas de Integração para o Governo Eletrônico), na Arquitetura e-PING de Interoperabilidade para o Governo Brasileiro.

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