“O ótimo é inimigo do bom…”. Essa frase ecoa desde o século XVIII, dita pelo filósofo francês Voltaire, mas ainda assim muitos não entenderam seu sentido.
No meu artigo anterior, abordei como um SGQ ISO 9001:2008 pode ser base para frameworks mais avançados ou especializados. Neste, o objetivo é comentar um sentimento, que compartilho com mais pessoas com certeza, de que principalmente o pessoal de TI sofre tsunamis de novos modismos relacionados a processos e melhores práticas e crêem que é possível e “fácil” de implementá-los…mas a prática está muito aquém do que a teoria mostra, é onde os naufrágios ocorrem ou os envolvidos em implementações mau sucedidas ficam à deriva.Pergunto: é fácil colocar em prática o que as “melhores práticas” indicam? Quem nunca se deparou com extrema dificuldade em implementar essas melhores práticas no dia-a-dia dos processos?
As melhores práticas em sua maioria, partem do pré-requisito que os recursos para implementá-las e operá-las estão à disposição, o que é totalmente fora da realidade na maioria das organizações, e o grande pesadelo no momento de colocá-las em prática.
Alguns profissionais assistem a palestras ou treinamentos e até mesmo em conversas de benchmarking, e já acham que podem colocar em prática tudo o que ouviram. Já vi um caso em que algumas pessoas conheceram um case de BSC e quiseram usar a mesma estrutura vista (de um restaurante) em uma empresa de TI. Sinceramente não sei se funcionou, pois são negócios completamente distintos e com objetivos muito diferentes.
Para se iniciar uma implementação de processos baseados em melhores práticas ou frameworks e até normas, faz-se necessário primeiramente profundo conhecimento do que se quer implementar, do negócio e seu requisitos/características, além do fundamental: o apoio e principalmente COMPROMETIMENTO da Alta Direção. Sem isso sinto em dizer que o seu projeto está fadado ao fracasso! Se possível é aconselhável a contratação de uma consultoria especializada, mas cuidado com os “inimigos do bom”, que querem abordar somente o “ótimo”. Não caia nessa, desconfie!
Dica importante: comece pequeno, simples e objetivo. Em praticamente todos os frameworks e normas existe um requisito ou processo de melhoria contínua. Aí está o “pulo do gato”, onde a cultura do brasileiro insiste em ignorar. Tudo, absolutamente tudo, pode ser melhorado. Este processo é fundamental para qualquer tipo de adoção de melhores práticas e será o caminho para se chegar ao ótimo.
Óbvio que este artigo é direcionado para quem tem pouco ou nada implementado relacionado à Gestão. Tudo depende da maturidade da organização (processos, pessoas e tecnologia empregada) para que se chegue a um nível de processos que se possa considerar ótimo. Não se iluda. Isso leva tempo, mas é sim viável e possível de se alcançar. Arregace as mangas, você terá muito trabalho pela frente. Seu empenho e dedicação serão fundamentais, as dificuldades certamente aparecerão, enfrente-as, não se deixe abater, pois a experiência de ver o “ótimo” como resultado final é muito gratificante.
Muito bom o artigo. Parabéns.
Realmente concordo com você Clovis.
Muitas pessoas acham que é muito fácil assistir a uma palestra ou copiar um modelo pronto de outra empresa para implementar na sua empresa uma Gestão de Processos. Na hora em que se deparam com a realidade, vêem que é muito mais complicado do que parece.
Exige muita dedicação, conhecimento e colaboração de todos.
Parabéns pelo artigo!