Depois de um tempo de férias, voltei!
E gostaria de compartilhar algo que acredito ser uma triste realidade em nosso país. O dia-a-dia de um Analista de Suporte.
Não é muito difícil de encontrar Analistas de Suporte em situações de estresse elevado. Primeiro porque vivemos em uma cultura que insiste em taxar TI como custo e não como investimento e neste custo esta incluso o bom profissional, ou seja, especialista de TI é visto como custo também.
E segundo porque a falta de investimento incentiva a “desqualificação” profissional, ou seja, não estimula a busca por capacitação.
Diante deste cenário percebo que o que se quer não é um especialista em TI, e sim um “mágico” que execute o impossível a “custo zero”. Vou relatar alguns exemplos que já presenciei em meus mais de 12 anos de experiência;
1- PC como Servidor;
A primeira das coisas absurdas que já vi é esta, colocam um PC como “Servidor” e querem que o desempenho, segurança e disponibilidade sejam de alto nível. Impossível, por uma série de questões que envolvem desde arquitetura de hardware à segurança e mais algumas coisas que só um Servidor de verdade pode oferecer.
2- Sistemas operacionais não licenciados;
Outro ponto chave, Softwares sem licenciamento, além de crime, há um agravante pelo fato de não virem de fontes oficiais. Não se tem o suporte devido, sem falar da falta de atualizações que podem por uma rede em risco, querem um exemplo, o vírus Conficker que atormentou muitos analistas e empresas e que poderia entre outras práticas ser evitado baixando uma atualização de S.O. Sistema operacional devidamente licenciado e atualizado também tem a ver com segurança.
3- Falta de Backup;
Já ouviram a expressão, “só sentimos falta daquilo que um dia perdemos”, ou “só damos valor para o que já perdemos?” Pois é, isto exemplifica a questão dos backups em empresas deste tipo, é mais ou menos assim, “dá um jeito aí porque esta solução de backup é um custo muito alto” Quando se perde dados importantes do negócio, coitado do cara do TI, vai ter que operar um milagre.
4- Puxadinho de rede e salada mista;
É bem esta a expressão, a empresa começa a crescer a conquistar novos clientes, então preciso de mais PC’s, aí vira aquela salada mista de S.O, Ferramentas como Office, Browser de Internet e Hardware, sem contar com os infinitos “puxadinhos” (cascateamentos) na rede e por conseqüência, a multiplicação das reclamações de que a rede esta lenta.
5- Antivírus e questões de segurança;
Esta é clássica, antivírus home e free em ambiente corporativo, sem falar das senhas compartilhadas e da inexistência de um firewall e qualquer política de segurança da informação. Assim sendo, segurança da informação é inexistente nestes casos. O ideal seria um antivirus corporativo e gerenciável para um controle melhor no que diz respeito à prevenção, além da implementação de um firewall e uma política de segurança bem definida.
Estas são as principais e mais presenciadas no dia-a-dia. O que quero ilustrar com isto, é que o Brasil parece ter entrado na rota da tecnologia (há um bom tempo), e que os negócios não subsistem sem TI, portanto, TI alavanca os negócios e é um verdadeiro aliado para o crescimento com qualidade.
Num primeiro momento pode parecer custo, mas a médio e longo prazo você verá os resultados, e então recorro à velha máxima da sabedoria popular que diz: “Quem planta, colhe”, e isto pode ser para mal ou para bem, vai depender de como você enxerga o TI da sua empresa. Sua empresa depende de TI, quer você queira quer não.
Um bom profissional de TI, devidamente qualificado, não é custo, é investimento humano para que a TI de sua empresa esteja sempre um passo a frente. Então, olhem para o profissional de TI com um pouco mais de respeito e carinho, pois não é fácil se capacitar, isto demanda horas e horas de estudo, além de um bom investimento financeiro e muitas vezes sacríficio dos fins de semana. A empresa que valoriza sua equipe de TI, sempre colherá bons frutos, pode ter certeza disso (e me perdoem o desabafo de um modo geral).
E finalizo me solidarizando com os “caras do TI” que sofrem diariamente da síndrome de não serem como David Copperfield (Famoso ilusionista americano) e que se sentem desprestigiados. Meu recado é, não desistam há esperança de mudanças deste triste cenário.
Parabéns pelo artigo! Essa é a triste realidade de boa parte das empresas no Brasil. Inclusive, eu já trabalhei em uma empresa com essas “especificações”. 🙂
Atenciosamente,
Paulo Oliveira.
Olá Paulo,
Muito obrigado pelo comentário, espero que um dia esta triste realidade seja apenas uma lembrança de dias difíceis.
Abraços,
Bom dia,
Sou novo no site mas achei interessante o texto de Alex, bem como os comentários postados. Mas acho que estamos esquecendo de alguma coisa e ao meu ver o que mais me desestimula com a Área de Suporte, muitas vezes o preconceito vem de dentro da própria área de TI. É só verificarmos os salários pagos aos funcionários de suporte junto aos demais seguimentos de TI. Analistas de Sistemas e SAP ganham quase o dobro do que os de suporte com a mesma classificação, por exemplo ambos “Junior”. Temos que mudar internamente para depois cobrarmos ao negócio.
Olá Wagner,
Muito obrigado por seu comentário.
Esta situação realmente é desagradavel, por que se analisarmos bem TI se resume em trabalho de equipe, um não subsiste sem o outro.
Abraços,
Olá Alex,
Há mais empresas com esse tipo de visão do que imaginamos. Para uma empresa que não tenha sua finalidade informática é pior ainda, pois TI será sempre uma despesa, por mais e mais benefícios/lucros/receitas que a TI possa trazer. E não podemos esquecer da “prostituição” da informática, pois sempre haverá um primo/sobrinho/conhecido que saberá rotear um modem ou formatar um máquina a custo de banana.
Espero poder ler mais e mais artigos (e desabafos também) seus por aqui.
Grande abraço.
Olá Luciano,
Obrigado pelo comentário. Realmente é uma questão de cultura, mas como disse em outras oportunidades, acredito que um dia vai melhorar.
Grande Abraço,
Não poderia deixar de comentar, excelente reflexão e precisamos nos posicionar sempre para propor melhorias se a “empresa” não OUVIR é só mudar, já fiz isso e não mim arrependo 😉
Parabéns companheiro!!!
Isso mesmo,
Muito bom seu Artigo Rapaz!
Sou bem novo nessa área e atuo em uma Empresa de Fertilizantes do Paranaguá – PR. Comecei aqui como balanceiro, e devido as minhas experiência 3 meses depois fui remanejado para o Setor de TI.
Porém, não mudou muita coisa. No RH ainda estou como auxiliar Administrativo, e meu salário continua a mesma coisa.
De vez em quando solicitam a minha pessoa pra auxiliar outros setores, como a própria balança, a Expedição de Produtos, enfim.
Estou muito chateado com toda essa situação.
Em 2014 pretendo e vou fazer o curso de Engenharia da Computação na Universidade Positivo. E se necessário ter que pedir demissão, assim será feito. Pois a Empresa não tem nem um respeito com as lutas pelo conhecimento que hoje eu tenho!
Fica aqui mais um desabafo, rsrs Abraços!!