Ultimamente, passo a maior parte do meu tempo nas nuvens. Literalmente falando, uma vez que minha região de atuação prioritária chama-se Europa Central, do Leste e Nórdica, tenho dispendido boa parte do meu tempo dentro de aviões – e pior ainda, na classe Econômica! Descobri, por conta dessas últimas andanças, que Estocolmo, que até então no meu ingênuo entender era bem servida de conexões internacionais, é um péssimo hub para voos destinados ao leste Europeu. E dá-lhe viagens de relativamente curtas distâncias que levam 7, 10 horas contadas de porta a porta até que eu chegue ao meu destino, onde irei participar, geralmente no dia seguinte, de uma palestra de no máximo 4-5 horas.
Hora do meu show, geralmente estou de jeans e blazer se a audiência é alguém menos que um CEO. É um despojamento calculado. Atualmente, desconfio de qualquer palestrante que esteja por demais arrumadinho, impecável. Toda vez que vejo um sujeito desses, me vem à mente aquele conceito de vendedor. De alguém que, na realidade, não domina o assunto em profundidade. Foi treinado, orientado e agora está repetindo. Às vezes, é apenas um preconceito meu. Será?
Volto, novamente para as nuvens. Cloud Computing. O assunto do momento. Como Analista de Negócios trabalhando quase que exclusivamente com o conceito de Cloud Computing junto às operadoras, ou melhor, CSPs – Provedoras de Serviços de Comunicação – vejo os olhinhos do CEO, CMO, CFO, dos gerentes de produtos brilharem de satisfação. Leio-lhes a mente: “Finalmente, vamos galgar degraus, subir na cadeia de valores”. Pergunto-lhes: “Vocês tem algum plano na área de Cloud Computing?”. A resposta geralmente é vaga, mas invariavelmente: “Queremos entrar na área de Software as a Service”. Não vou aqui descrever IaaS, PaaS ou SaaS. Para isso existe a Wikipedia.
O ponto é que já vi esse brilho antes. Meus 10+ anos de experiência na área de Telecom, sempre trabalhando aqui na Suécia junto às empresas de telecomunicações em áreas de vanguarda, me trouxeram relativamente poucas alegrias profissionais e muita frustração. As línguas ferinas certamente dirão: “Ah, então foi por isso que ele resolveu escrever seu livro pornô travestido de romance moderno.” Pode ser que estejam certos, afinal, é muito desgosto para uma pessoa só. Veja bem: Tudo começou em 1997 quando fiz parte da equipe que construiu o primeiro smartphone do mundo, o R380s. Na época, maravilhei-me com o conceito de um sistema operacional no telefone. Imagine: Isso significava que, como um computador, eu podia trocar o aplicativo de fazer as ligações por outro qualquer, não precisava ficar preso ao criado pelo fabricante. Ou mesmo, adicionar novos aplicativos ao telefone! Um dia, talvez daqui a 2 ou 3 anos, dezenas de milhares de aplicativos baseados no Sistema Operacional Symbian estariam disponíveis para download através dos portais das operadoras. Como eu acreditava e esperava por esse dia! Bem, todos sabem o que aconteceu. Foram necessários exatos 10 anos, para que uma empresa sem nenhum histórico na área de telefonia “revolucionasse” o setor com exatamente o mesmo conceito. Notem que até no discurso do finado Steve Jobs, ele apresenta o telefone de forma semelhante ao da propaganda do R380s.
Novamente, conforme já fiz com tantas outras magníficas oportunidades de negócios, mostro-lhes as estimativas do tamanho do mercado de Cloud Computing para os próximos 3, 5, 10 anos. Os olhos voltam a brilhar. Em breve sentir-me-ei como quem tira doce da boca de uma criança.
O espaço acabou. Prazer em conhecê-los.
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7:08:01 pm
L.Midas,
Simples e Sensacional seu artigo.
Skål
Em tempos de Nuvens:
How’s The Weather????
CLOUDY !!!!!
Abraços
Rapanelli