O desespero para se conseguir um diploma de nível superior a qualquer preço, a qualquer preço mesmo cresce a cada dia, hoje tem faculdades com mensalidade menor do que escola particular de nível fundamental, R$ 200,00 mensais. Convenhamos que esse valor é baixo até para a classe média emergente.
Façamos uma conta simples, uma turma de primeiro ano do ensino superior pode chegar a 200 alunos e considerando uma evasão de mais de 50% no decorrer do curso, com uma mensalidade de R$ 200,00 – concluímos que o valor hora/aula pago para os professores chega a ser inferior à hora de profissionais sem nenhuma qualificação, o resultado dessa conta são professores desmotivados, fracos e com pouco conteúdo.
Uma pesquisa recente mostrou que 90% dos alunos que iniciam o curso de Direito em uma faculdade de terceira linha são oriundos de escolas públicas e 10% de escolas de nível médio particulares, números inversamente proporcionais aos alunos que passam no vestibular da USP, onde 90% são oriundos de escolas de nível médio particulares e apenas 10% públicas.
O resultado da diferença de ensino desde o nível médio é explicito no índice de aprovação para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), apenas 10% dos alunos das faculdades particulares de terceira linha conseguem passar na prova contra 90% da USP, os que não passam serão apenas bacharéis, é semelhante a um médico formado sem poder exercer sua profissão.
Obviamente existem diversas universidades particulares de primeira linha que conseguem altos níveis de aprovação na OAB e uma reconhecida excelência pelo seu nível de ensino, a diferença está na qualidade do corpo docente, na rigidez das avaliações e consequentemente uma remuneração condizente aos mestres, certamente a mensalidade dessas instituições está bem distante dos R$ 200,00 mensais.
Você que leu até aqui e concluiu que não teve base para entrar em uma faculdade de primeira linha pública, nem tem recursos para pagar uma privada, seu pensamento pode ser: o que eu faço da vida? Estarei fadado a ter subempregos com um diploma que não será bem aceito pelas principais empresas?
É obvio que o peso de um diploma de uma faculdade de primeira linha faz diferença, porém, ele sozinho não é garantia de sucesso profissional, na maioria das vezes, ele é a chave para a porta do primeiro emprego, isso não quer dizer que todos os profissionais formados em faculdades de primeira linha estão bem posicionados nem todos de terceira linha estão em subempregos.
O fato é que a maioria das grandes empresas procuram nas faculdades de primeira linha os melhores alunos, para as melhores vagas, porém, para carreiras como medicina, direito, engenharia, sem a aprovação nas associações de classe como a OAB, CRM e CREA, pode esquecer, não poderá exercer a profissão, para outras carreiras existem alternativas.
Por exemplo, foi veiculado essa semana na mídia que nos últimos meses foram abertas mais de 10.000 vagas para a área de tecnologia da informação, na maioria para desenvolvedores de sistemas, nesse caso o que é decisivo para a contratação do profissional não é a sua formação e sim seu conhecimento que pode ser obtido até em cursos extracurriculares, afinal por mais crítico que seja um sistema diferente de um médico ou advogado, ele não coloca em risco a vida de ninguém.
Definitivamente torna-se a cada dia mais explícita a necessidade de uma segmentação do ensino pelas demandas de mercado, não faz sentido formar uma enxurrada de advogados com baixa qualificação para um mercado saturado de profissionais, e permanecermos com falta de profissionais qualificados para um mercado de tecnologia que mesmo no meio de uma crise cresce.
[Crédito da Imagem: Faculdade – ShutterStock]