O CIO vem “comendo pelas beiradas”, mas por uma boa causa. Empresas com maturidade gerencial já trouxeram o CIO, gestor de tecnologia, diretor de TI ou como queiram chamar, para as discussões estratégicas da empresa. E isto faz todo o sentido.
Grande parte das ações gerenciais são implementas pela, ou através, da TI. As regras básicas de gerenciamento de projetos consideram, há bastante tempo, que o envolvimento das pessoas impactadas por um projeto deve ocorrer logo no início do projeto. Obviamente, o mesmo se aplica à área de tecnologia.
Mas, não só por isto a TI está cada vez mais presente nas decisões estratégicas. Também pelo fato de que os CIOs têm ampliado seus conhecimentos de mercado, contribuindo frequentemente com ideias e soluções para os problemas do dia a dia. A visão lógica e sistêmica, fortemente presente no meio de tecnologia, contribui objetivamente nas escolhas de alternativas e seus impactos na organização. E objetividade tem sido uma das principais características que observo no posicionamento do CIO em reuniões gerenciais, um contraponto bastante positivo junto ao time de criação que precisa, eventualmente, extrapolar os limites para criar e inovar.
Outra questão é o volume de aplicativos, sistemas e pacotes de mercado que atendem várias iniciativas das organizações. Às vezes, planeja-se a construção de um mega projeto para atendimento de uma demanda que poderia ser mais rapidamente atendida e com menor custo por um software de mercado. Investimentos em infraestrutura seguem o mesmo raciocínio, principalmente na era de Cloud Computing.
Defendo, há alguns anos, que não se pode aceitar o fato de um projeto ser considerado “urgente” apenas quando chega para o departamento de TI. Infelizmente isto ainda é frequente. Passam-se semanas planejando um produto, fazendo avaliações mercadológicas, preparando-se o marketing, organizando a equipe comercial etc. TI é envolvida nos 45 minutos do segundo tempo e precisa entregar em tempo recorde. Neste momento, a fase de testes é prejudicada (quando não eliminada), os desenvolvedores se desgastam, os custos com horas extras ultrapassam todas as regras do departamento pessoal e a teoria do caos é, mais uma vez, evocada. Claro que há exceções e urgências, mas a falta de planejamento não pode ser constantemente justificada como exceção.
Quando o CIO é envolvido no início das discussões e, destas, nascem projetos de TI, restrições de prazo passam a ser tratadas no contexto geral, aumento de equipe, terceirização ou redefinições de prioridades ocorrem em tempo.
Chega a ser estranho, nos dias atuais, depois da volta de Marty McFly ao futuro, que ainda seja necessário explicar a gestores de algumas empresas estas questões aparentemente óbvias. De fato, a própria TI contribuiu com este cenário por ter se aparelhado tão recentemente com metodologias, métricas e técnicas de engenharia de software e gestão de projetos se comparada com outras áreas de conhecimento.
Por isto, meus caros presidentes e CEO, para quem ainda não o faz, não desperdicem o potencial estratégico dos atuais gestores de TI e, acreditem, será cada vez mais frequente a presença do CIO nos conselhos das empresas.
[Créditos da Imagem: CIO – ShutterStock]