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Primeiro edital da plataforma Ancestralidades é voltado à pesquisa em ciência e tecnologia a partir da perspectiva dos saberes afro-brasileiros

publicado por Equipe da Redação

O Itaú Cultural e a Fundação Tide Setubal lançam este chamamento passados seis meses da estreia da plataforma de mesmo nome, que disponibiliza informações e reflexões sobre as heranças culturais do Brasil. O edital volta-se para o trabalho de pesquisadores negros em instituições acadêmicas e culturais, com um olhar sobre os saberes da população negra brasileira em diálogo comdemandas urgentes da sociedade

Dando luz às perspectivas dos saberes ancestrais da população negra brasileira, dentro do campo da ciência e da tecnologia, o Itaú Cultural e a Fundação Tide Setubal abrem de 7 de junho, às 10h, até às 23h59 do dia 20 do mesmo mês, as inscrições para o edital inserido no programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa 2022 — Ciências e tecnologias em perspectiva com os saberes afro-brasileiros. O projeto é direcionado para pessoas físicas pretas e pardas maiores de 18 anos, com pesquisas concluídas ou em andamento dentro da proposta central, ligadas ou não à academia.

O edital Ancestralidades é aberto a projetos divididos nas categorias Pesquisa em Andamento e Pesquisa Concluída. Os interessados podem fazer inscrições nos dois segmentos, separadamente, mas o regulamento não possibilita a premiação de mais de um trabalho da mesma pessoa. Ao todo, serão contemplados até 12 projetos — os selecionados na primeira categoria receberão R$ 10 mil, cada um, e R$ 15 mil os da outra. Gratuitas, as inscrições devem ser feitas no link que dá acesso direto ao edital dentro da plataforma Ancestralidades.

Este programa é um dos primeiros grandes desdobramentos da plataforma Ancestralidades, lançada em novembro de 2021 pelas duas instituições reunindo informações e reflexões sobre a ancestralidade negra brasileira. Ao trazer para o tempo atual o olhar aos saberes ancestrais por meio de ações nos campos da ciência e da tecnologia, a proposta, agora, é mapear e contemplar pesquisas teóricas e aplicadas.

“A ciência e a tecnologia são áreas de conhecimentos sinérgicos, que se fazem presentes nos saberes ancestrais. Neste momento sensível, no qual estas áreas estão sendo expostas e questionadas, vimos a necessidade de mapear e difundir pesquisas para aprofundar o debate sobre as questões raciais e apresentar os pontos de fricção e de transformação entre saberes, território e algoritmo”, diz Jader Rosa, gerente do Núcleo do Observatório Itaú Cultural. “O objetivo da iniciativa é promover e reunir pesquisas e pesquisadores do campo das ciências e tecnologias e chegar aonde não estamos chegando. Queremos desdobrar e reverberar esses saberes”, complementa.

De acordo com Márcio Black, coordenador do Programa de Democracia e Cidadania da Fundação Tide Setubal, a iniciativa pretende visibilizar tanto os pesquisadores negros quanto as agendas relativas às ancestralidades. Ele explica, ainda, que a importância do edital está em dois pontos basilares, quando se fala sobre esse tema no Brasil.

O primeiro, segundo ele, é valorizar o trabalho de pesquisadores negros a partir da perspectiva da ciência e de tecnologia. “Há uma exaltação da cultura e da arte negra, dos movimentos sociais e movimentos negros. Mas, quando se trata da ciência e tecnologia, esses cientistas ficam de certa maneira inviabilizados, porque há uma geração que está aparecendo mais publicamente agora”, aponta. “O segundo ponto é o fato de que não se trata apenas de premiar pesquisadores negros, mas de laurear estudiosos que estão olhando e buscando outras perspectivas territoriais, ancestrais, éticas e estéticas em relação à abordagem da ciência e da tecnologia”, conclui Black.

Chamamento

Os projetos inscritos neste edital devem ser voltados a uma de suas três temáticas. Em Tecnologias ancestrais afro-brasileiras aplicadas à contemporaneidade, podem ser inscritas pesquisas multidisciplinares que subvertem as lógicas eurocêntricas e valorizam a perspectiva das ancestralidades negras brasileiras.

Desenvolvimento territorial, regeneração ambiental, ecologia e revitalização urbana e rural é voltado para a conceituação, reflexão e expansão da ideia de território e de espaço do bem viver, com foco em tecnologias que impactam comunidades negras periféricas, quilombolas e tradicionais. Por fim, a temática Ética e justiça racial nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) é direcionada a pesquisas com resultados teórico-práticos de estudos dos sistemas de discriminação digitais.

As pesquisas inscritas podem ser diretamente ligadas à academia, como também podem estar associadas a coletivos, centros de pesquisas, instituições, observatórios e a organizações da sociedade civil. Não precisam obrigatoriamente seguir as metodologias tradicionais de pesquisa, podendo, ainda, ser trabalhos tanto textuais quanto audiovisuais.

Seleção e premiação

Finalizado o período de inscrição, os projetos passarão por uma Comissão de Avaliação, composta por 14 integrantes. Estes farão um primeiro crivo dos inscritos a partir dos critérios norteadores do programa, da diversidade regional e de gênero, e por seu vínculo com a temática das ancestralidades negras brasileiras.

Após essa etapa, fica a cargo da Comissão de Seleção a escolha de até 12 projetos a serem contemplados, abrangendo as duas categorias. Os vencedores em Pesquisas Concluídas receberão aporte no valor de R$ 15 mil, e os selecionados em Pesquisas em andamento, R$ 10 mil. O anúncio dos premiados está previsto para o dia 18 de novembro de 2022, também pela plataforma Ancestralidades, que receberá as inscrições.

Plataforma Ancestralidades

A proposta desta plataforma é difundir, gerar intercâmbios e potencializar diversos conteúdos sobre a temática que dá nome ao projeto. Ela é composta por três eixos temáticos — Arte e Cultura, Democracia e Direitos Humanos, e Ciência e Tecnologia. Por meio de navegação amigável, disponibiliza, para consultas, verbetes sobre as raízes afro-brasileiras em um acervo que será acrescido ao longo do tempo. Com a proposta de formar e criar repertórios sobre o assunto, apresenta biografias e trajetórias de personalidades negras e suas histórias, listagem dos marcos históricos desde o início do século XVI e conceitos sobre o tema, como raça, gênero, quilombo, afrofuturismo, entre outros, assim como espaços para cursos.

Uma equipe de pesquisadores multidisciplinar do Afro (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial), do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), assina parte da produção dos verbetes da plataforma. Trata-se de um núcleo de pesquisa, formação e difusão da temática racial que colabora para qualificar o debate público e fortalecer a agenda de direitos humanos e da democracia, sobretudo em relação à justiça e à igualdade racial e de gênero. A produção do conteúdo conta, ainda, com verbetes de arte e cultura da Enciclopédia Itaú Cultural. A coordenação geral é realizada pela Fundação Tide Setubal e o Itaú Cultural.

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