Quando se necessita estruturar o desenvolvimento estratégico de uma empresa e/ou organização existem vários instrumentos disponíveis, porém para o setor público restringem-se as opções.
Pensando apenas nos mais conhecidos, podemos seguir, por exemplo, os pontos de vista de Adriano Freire [1], de Henry Mintzberg [2], de Kaplan & Norton [3] e também daquele que nos apresentou a todos esses importantes autores Aguinaldo Arangon Fernandes [4].
Uma organização que não possui estratégia e cujas operações não funcionam bem tem os dias contados. Portanto um instrumento capaz de alinhar a estratégia à atividade operacional se faz necessário.
Dos vários métodos disponíveis apenas alguns são aplicáveis ao Setor Público, pois faltam dados de produção de serviços e de caracterização das competências dos indivíduos. Os dados disponíveis são em regra desatualizados e não estão completos para que se possam extrair os elementos necessários à determinação do capital humano.
Não há necessidade de dados de produção de serviços porque o financiamento é orientado para manutenção de recursos (funcionários, edifícios, carros, etc.) e não para produção de serviços com qualidade e preço estabelecidos.
A limitação quanto ao cálculo do capital humano é um entrave ao desenvolvimento e alinhamento estratégico dos ativos intangíveis, porque não podemos gerir o que não conhecemos.
Pedir aos dirigentes do setor público atuais, que adotem uma nova filosofia baseada em critérios modernos de gestão, ao invés dos textos legais que conhecem, é um grande desafio. Tradicionalmente, ele é treinado para seguir regulamentos, a inovação é algo indesejado neste ambiente estável de procedimentos altamente regulados.
Contudo, a necessidade de mudança organizacional já está presente na administração pública.
A inclusão do BSC, no planejamento das atividades de uma empresa pública, será um grande passo e uma decisão oportuna que dará muitos frutos, quando os dirigentes aplicarem os princípios deste instrumento na identificação dos seus clientes e serviços, na definição da estratégia e dos objetivos.
Trata-se de uma metodologia desenvolvida pelos Professores David Norton e Robert Kaplan no início dos anos 90 que pretende ampliar a visão dos sistemas de controle tradicionais, para além dos indicadores financeiros.
O BSC é um instrumento útil para gerir e ajudar a concretizar a mudança. A inclusão das perspectivas de cliente, de processos internos e desenvolvimento o tornam ideal para qualquer organização não lucrativa e muito especialmente para a administração pública.
Os objetivos desta metodologia vão muito além do que se pode extrair de um mero conjunto de indicadores. Obriga a definição de objetivos consistentes, indicadores e metas.
Neste sistema tudo é quantificado, o vocabulário vago cede o lugar à objetividade. O BSC quando aplicado adequadamente pode apoiar transformações organizacionais profundas. Portanto apresenta-se a grande oportunidade para o setor público reavivar e evidenciar a utilidade dos serviços produzidos.
A Reforma da administração pública é um grande objetivo dos nossos tempos, e só pode ser alcançado se todos os dirigentes, todas as organizações públicas e todas as pessoas estiverem alinhados.
Nestas circunstâncias, o formato do mapa estratégico do BSC para um serviço público moderno poderá ser orientado para a utilidade em vez do lucro.
Num contexto moderno a atuação de TI se torna cada vez mais importante ao negócio. Extrapolando os limites ora estabelecidos de simples processo de suporte, deixando de ser TI por TI e gerando valor à estrutura organizacional, auxiliando a tomada de decisões, alinhada ao planejamento estratégico das corporações.
[1] Freire, Adriano – Estratégia, Ed. Verbo, 1997. ISBN 972-22-1829-8.
[2] Mintzberg, Henry – Tracking Strategies, Toward a General Theory. Oxford, 2007.
[3] Kaplan, Robert S. & Norton, David P. – Strategy MAPS. Converting Intangible Assets into Tangible Outcomes. HBS Press, 2004.
[4] Fernandes, Aguinaldo A. & Abreu, Wladimir F. – Implantando a Governça de TI, da Estratégia à Gestão dos Processos e Serviços. Brasport, 2008.
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