Pagamento instantâneo gera busca por aumento de velocidade nas instituições financeiras, desencadeia mudanças no setor e provoca impactos no e-commerce
Desde a implementação do PIX, o aumento de banda contratada por instituições financeiras chegou a 300%. E a busca por velocidade para suportar essas transações deve continuar em ritmo acelerado nos próximos anos com a entrada de novos produtos e serviços. A análise da RTM, principal hub integrador do mercado financeiro, é apenas um dos indicativos de como o PIX, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, está exigindo adaptações de empresas B2B.
“Os circuitos de dados passam a ser mais exigidos para tráfego com alta performance e de baixa latência, já que é fundamental que as informações sejam trafegadas em um espaço de tempo curtíssimo e sem ruídos”, explica Carlos Roberto Soares Teixeira, diretor de Operações da RTM.
Antes da entrada do PIX, salvo raras exceções, a demanda por velocidade era de apenas 2Mbps. Agora, as novas bandas chegam a 200Mbps e a expectativa é de que sejam superadas por outras ainda mais velozes, de até 1 giga, em breve. A companhia, que tem como acionistas a ANBIMA e a B3 e atende atualmente mais de 700 players, é a única a disponibilizar infraestrutura em data center, nuvem e conectividade à Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) dedicada exclusivamente ao mercado financeiro.
Adaptação ágil ao PIX é fundamental para sucesso de fintechs
A chegada do PIX exigiu também adequação das estruturas regulatórias e de produto das instituições financeiras para aceitar essa forma de pagamentos e disponibilizá-la aos usuários. “As fintechs tiveram papel fundamental nesse processo de popularização do PIX, pois, com a agilidade característica de startup, conseguiram se adaptar rapidamente e auxiliar outros negócios na adoção da tecnologia”, explica Mariana Foresti, sócia da venture capital especializada em fintechs Honey Island Capital.
Um exemplo é a Transfeera, que oferece soluções de automação de pagamentos, cobrança e validação de dados bancários para fintechs e marketplaces. A startup, que recebeu investimento da Honey Island em 2020, disponibiliza o PIX como forma de pagamento desde o início de 2021. “No ano passado, o nosso faturamento chegou a R$9,5 milhões, mais que o dobro de 2020. O número de clientes também aumentou, fomos de 192 para quase 400”, conta Fernando Nunes, co-fundador e CMO da Transfeera. Nunes reforça que a infraestrutura de pagamentos instantâneos do Banco Central auxiliou no desempenho da fintech porque acelerou o desenvolvimento de novas tecnologias e trouxe maior segurança. “Mesmo que já olhássemos para o arranjo de pagamentos desde 2016, fazendo basicamente o que o Pix faz hoje — trazendo redução de custos, instantaneidade, comodidade —, essa infraestrutura permitiu que ganhássemos escala”, completa.
O impacto do pix no e-commerce brasileiro
No comércio digital, as transações financeiras por PIX são sinônimos de agilidade e rapidez para consumidores e vendedores. Segundo Jaison Goedert, co-fundador e CEO da Magazord Digital Commerce — startup com serviços completos para e-commerce —, o PIX apresenta vantagens em ambos lados da transação. “Para o consumidor, é a possibilidade de ter um novo e mais moderno método de pagamento à vista, com confirmação de pagamento em até 30 minutos. Em comparação, por exemplo, o boleto bancário demora até 72h para processar o valor”, afirma.
Paralelamente, o PIX também vem conquistando as lojas digitais. Em janeiro de 2021, quando a Magazord aderiu ao método, 2,71% dos pedidos aprovados foram realizados por PIX. Em março de 2022, essa porcentagem subiu para 22,18%. De acordo com o CEO, a adesão de lojistas está relacionada à alta aceitação pelos consumidores e, principalmente, pela velocidade de compensação do pagamento pela empresa. “Para o e-commerce, esse método é mais barato e mais seguro que o cartão de crédito, pois não há risco de chargeback. O pagamento via PIX também permite que a empresa aumente o fluxo de caixa com mais agilidade, porque recebe o valor da venda um dia após a confirmação do pagamento”, explica.