No passado o administrador de uma transportadora era, na grande maioria dos casos, ex-caminhoneiro. Isso acontecia também com outros segmentos do mercado, como por exemplo:
“CEO de hospital era médico, CIO era ex-programador de sistemas, CFO era ex-contador, e assim por diante”.
Não quero aqui tirar o mérito daqueles que buscaram conhecimento para subir os degraus até chegar ao topo. Lembro que um pouco antes de iniciar um MBA em Marketing, tomei conhecimento que a indústria farmaceutica estava empenhada em colocar médicos e cientistas dos seus quadros para aprenderem nada mais nada menos que Marketing e Comunicação, pois até então, as “bulas” dos medicamentos continham informações puramente técnicas, e não fazia sentido encaminhar tais textos para os consumidores, porque eles não entenderiam nada. Vale a pena lembra que, quando precisamos decidir sobre algo importante, se não entendermos a receita, dificilmente vamos adotar-la. Em condições normais, isso é valido para todos os segmentos da vida.
Hoje em dia, ainda existem algumas áreas que mantém usos e costumes ultrapassados aos olhos do grande público. Com certeza a área jurídica é uma delas, seja por força da lei ou da origem das próprias instituições. Nossas regulamentações legais tem artigos ultrapassados e até de aplicação impossível. Sob o aspécto comunicação, pergunto:
O que entende um cidadão comum, quando assiste um debate do Supremo Tribunal Federal?
E quando este mesmo cidadão lê um simples despacho de um Juiz num processo trabalhista?
O assunto pode lhe interessar e até lhe envolver diretamente, mas precisará de ajuda para entender o que se passa.
Em tempos onde uma das palavras de ordem é “colaboração”, é difícil participar e contribuir quando aprendemos e utilizamos técnicas que foram desenvolvidas no passado em situações e ambientes que já não existem mais.
Provavelmente a explicação para a evolução de determinadas áreas do conhecimento esteja justamente na iniciativa de se abrir as portas para a colaboração, e ainda posso ir mais longe e citar a experimentação, afinal os grandes e recentes avanços em TI foram disponibilizados para o mundo inteiro em “modo beta”.
Este preâmbulo todo, é para chegar ao ponto central deste artigo que divido em duas partes, e onde quero discorrer um pouco sobre o que acredito estar acontecendo com as áreas de TI nas empresas brasileiras, em relação ao fenômeno cloud computing.
De um lado temos alguns CIOs, buscando proteger seus antigos domínios, e citando sempre a segurança da informação como principal obstáculo para adoção do novo conceito. Deste mesmo lado também encontramos profissionais de áreas correlatas buscando apoio na legislação com a mesma preocupação – segurança, mas estes pensam em direitos de propriedade dos dados, cessão parcial para armazenamento remoto em outros países, etc…
Do outro lado temos uma verdadeira multidão, aguardando decisões que podem mudar a forma de trabalho pra melhor, facilitar o dia a dia, contribuir para resultados mais rápidos e expressivos, testar novas teorias e novas idéias. Um contigente enorme de pessoas querendo contribuir para que o negócio da empresa dê certo.
Várias pesquisas citam a segurança como o vilão da utilização de cloud computing nas empresas. Ocorre que há também dados extraídos destas mesmas pesquisas, que confirmam a intenção de, no curto e médio prazo, estes mesmos CIOS trabalharem sob o conceito de nuvens computacionais.
Neste ponto já temos informação suficiente para refletir um pouco:
– Como eles conseguem definir um prazo para implantar algo que ainda não conhecem o suficiente e/ou desconfiam do modelo ?
– Será que pensam em utilizar a concorrência como laboratório para a questão da segurança ?
– Será que estão temerosos em relação a outras situações não citadas nas pesquisas?
Continua na parte 2/2