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Bitcoin: muito além de pirâmides

publicado por Leandro França de Mello

O avançar da tecnologia impacta diretamente a forma como lidamos com o dinheiro, desde a criação das primeiras agências bancárias e das cédulas de papel, os meios de pagamento vem evoluindo e sendo desenvolvidos com o passar do tempo. Atualmente não é mais necessário ir a uma agência bancária, por exemplo, para efetuar uma transação financeira, já que diversos bancos oferecem contas digitais, bem como não há mais a necessidade de andar com dinheiro em espécie. Tudo isso devido a facilidade e popularização no uso de cartões de débito e crédito, o que demonstra um caminhar rumo à digitalização já iniciado.

O Bitcoin se trata de uma moeda criptografada, descentralizada e sem regulação direta dos governos. Ele teve sua origem entre 2008 e 2009. Seu conceito é de moeda virtual, com operações protegidas pela criptografia e com transações ocorrendo sem a necessidade de um intermediador, ou seja, de usuário para usuário, eliminando assim a necessidade de instituições de controle e fiscalização, além de reduzir taxas cobradas para conclusão dessas transações.

Bitcoin – primeira moeda digital – nasceu da tentativa de criar o dinheiro na era digital, de forma a operar independente da ação dos Estados, sendo emitido e controlado pelos próprios participantes do ecossistema. Na época de sua criação o Bitcoin chamou atenção de diversos ativistas políticos e hackers¹ enviesados por um pensamento libertário², atualmente as moedas digitais estão mais abertas ao público em geral, o que acarreta uma maior amplitude em seu uso. Apesar do aumento significativo na base de usuários, ainda gera desconfianças comuns para os adeptos que não possuem conhecimento técnico da tecnologia Blockchain³, principalmente em relação a sua viabilidade e segurança.

Acompanhando o movimento do mercado brasileiro, as criptomoedas, encabeçada pelo Bitcoin acabaram sendo utilizados em diversos esquemas de pirâmides financeiras e indo parar nas manchetes policiais.

O esquema de pirâmide financeira é um modelo notadamente insustentável. Analisando sua estrutura, observa-se que não há benefício final ou retorno circular para o conjunto de investidores, mas somente aos idealizadores ou fundadores do projeto comercial. Isto porque seu sustento depende de uma associação progressiva e constante de clientes.

Tais pirâmides financeiras que utilizam moedas digitais geralmente possuem um modus operandi conhecido: ofertam altos retornos em espaços muito curtos de tempo, sob uma suposta aplicação em criptomoedas ou no mercado de Forex4. Além desses ganhos monetários, as empresas costumam estimular comissões para indicarem novos participantes, em modelo conhecido de marketing multinível, um método para retroalimentar a própria pirâmide.

Em sua realidade, não existe investimento algum, seu processo se dá pela simples realocação dos recursos que entram e saem da empresa, ou seja, os que aportam recursos acreditam que estão ganhando dinheiro a partir de um saldo em um banco de dados que se trata de uma mera ilusão digital.

Um fato relevante é que o Bitcoin e as criptomoedas não prometem rentabilidade alguma a seu detentor. É preciso levar em consideração que, ao comprá-lo, o usuário deve aprender a armazená-lo com segurança e utilizá-lo de maneira correta. A comum busca por lucros insanos de curto prazo existe em todos os mercados, mas precisamos entender que pirâmides financeiras prometem tais ganhos para uma minoria que entra no  início do esquema, gerando uma enorme massa de lesados no momento que ela quebra, e saem impunes devido à lentidão da justiça no Brasil.

Mesmo com o assédio das pirâmides no mercado de criptomoedas, o Bitcoin – e outros criptoativos – pode ser um investimento sério. Um investidor pode utilizar moedas digitais como mais um recurso para a pluralidade de seu portfólio. Devido a sua alta volatilidade, o Bitcoin reúne cerca de um milhão e meio de usuários no Brasil – em sua maioria traders5 – bastante atuantes nas exchanges6 de criptoativos. O Bitcoin também é utilizado como reserva de valor por alguns, seguindo fundamentos bastante parecidos com o ouro e outros metais preciosos.

Além do uso como método de investimento financeiro, o Bitcoin também é timidamente utilizado para pagamentos – substituindo o real, moeda oficial brasileira – ou acoplando- se a um processo de pagamento do mercado. Hoje em dia, existem alguns gateways7 de pagamentos, onde o usuário é capaz de efetuar transferências, concluir pagamento de boletos e fazer recargas de celular.

Em pouco tempo o Bitcoin ganhou notoriedade considerável no mercado brasileiro e mundial, tendo demonstrado imenso potencial para se tornar um sistema financeiro em paralelo à economia convencional. O interesse pela moeda se dá principalmente pela busca por novas oportunidades de negócios e um mercado livre de regulação, ou seja, o mercado de criptomoedas oferece taxas bem menores que os tradicionais, o que sugere uma forma de aquecer esse mercado como meio de investimento ou para seu uso como moeda cotidiana.

Desde sua criação, o Bitcoin progride constantemente em relação à visibilidade. Noticiários e anúncios patrocinados mostram a força que a moeda possui no mercado, assim como seu potencial de popularização. O sucesso do Bitcoin no mundo trouxe consigo a criação de diversas novas criptomoedas, que se apresentam ao mercado como possíveis  substitutos do Bitcoin. A utilização de criptomoedas é uma alternativa vigorosa frente ao mercado tradicional, e mesmo que o próprio Bitcoin não seja capaz de concretizar uma possível substituição, já se vão 10 anos da existência de um sistema de pagamentos alternativo e eficiente, funcionando sem nenhuma entidade centralizadora. O Bitcoin é muito maior do que as pirâmides que tentam se agarrar no seu nome e é fundamental que as pessoas saibam encontrar essas diferenças.

Bruno Roland,

CSO @ Alterbank, fintech carioca, parceira da VISA no Brasil, que oferece conta digital sem mensalidade, permitindo utilizar tanto reais quanto criptomoedas em seu dia-a-dia.

Legenda:

  1. Pessoa com dedicação intensa a algum nicho da computação e que descubra utilidades não previstas nas especificações originais de um processo ou ferramenta;
  2. Filosofia política com axioma fundamental voltado ao Princípio da Não agressão e com certa concepção de direitos de propriedade privada como seu núcleo.
  3. Tecnologia que registra transações de moeda virtual de forma que tal registro seja confiável e imutável;
  4. Trata-se de uma operação onde compra-se uma moeda e simultaneamente vende-se outra, ou seja, é uma negociação em pares;
  5. Profissional que ganha dinheiro com operações de curto prazo;
  6. Plataformas online que facilitam a compra, a venda e a troca de moedas digitais;
  7. Plataforma intermediária para pagamentos financeiros;

Autor

Leandro é analista de sistemas,professor e empreendedor na internet desde a década de 90. Desde então,vem desenvolvendo projetos no setor público e privado. Seu foco de estudo são as tecnologias baseadas em Open Source, inovações do Linux, Google e tudo que tiver relação disruptiva com TI e os negócios. Leandro França de Mello é entusiastas das tecnologias de código aberto, pesquisador e CEO da EXP Codes, uma boutique de soluções em TI.

Leandro França de Mello

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