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Pressionar sem estressar é possível

publicado por William Silva

No mundo corporativo dificilmente encontraremos um profissional que não tenha sofrido algum tipo de pressão, principalmente se este estiver alocado na área de TI (tecnologia da informação) onde as demandas têm prazos cada vez mais curtos. Venha de onde vier quem ainda não passou por essa situação um dia passará. A pergunta é: Exercer pressão sob a sua equipe pode prejudicar o desempenho dela? Depende. Digo isso, pois a palavra pressão nos remete a algo negativo, porém se exercida na medida certa pode contribuir tanto para o desempenho, como para o crescimento da sua equipe.

Antes de entender como essa contribuição funciona, vale ressaltar que pressão e estresse são completamente diferentes. O estresse deixa a equipe fora de controle, estressar ao invés de estimular, traz desarmonia, desgaste e queda no desempenho do grupo. A pressão, no entanto, se exercida na medida certa se transforma em motivação para o grupo.

De acordo com os psicólogos Robert Yerkes e John Dodson, criadores do “The Inverted-U Model”, também conhecido como Yerkes-Dodson Law, existe uma estreita relação entre a palavra pressão e desempenho. Baseando-se nesse modelo é possível entender essa relação e visualizar de forma clara quando a pressão ajuda e quando ela atrapalha o desempenho da sua equipe. Vejamos o gráfico abaixo.

 

Inverted-U-Model

 

Nota-se do lado esquerdo do gráfico que pessoas submetidas a situações com mínima ou nenhuma pressão possuem baixo desempenho. Uma vez que não há estímulos ou desafios, elas não vêem razão para se esforçarem tanto. Se você já passou por essa situação provavelmente percebeu que o desempenho de sua equipe pode ter sido, no máximo, mediano.

Já no centro do gráfico, é possível notar que pessoas motivadas alcançam o nível máximo de desempenho. Há uma equalização entre performance e pressão, ou seja, não há ausência e nem exagero de pressão. Nesse ponto, a equipe não está sobrecarregada, pelo contrário, encontra desafio e motivação suficientes para desempenhar suas atividades da melhor maneira possível.

Do lado direito do gráfico é possível visualizar o que ocorre no cotidiano de muitas equipes: o excesso de pressão afetando diretamente o desempenho. Esse excesso faz com que a equipe perca o controle, já que a quantidade de demandas e a cobrança ultrapassam o limite e a capacidade de execução, levando pessoas a situações de estresse.

A ilustração acima serve para repensarmos a maneira que estamos conduzindo nossa equipe. Fatores como personalidade, nível de conhecimento e complexidade das tarefas podem influenciar diretamente na aplicação do modelo. No entanto, o líder pode utilizar esses fatores a seu favor, dosando a pressão que irá exercer sob sua equipe. Veja abaixo algumas dicas:

– Personalidade
Psicólogos acreditam que pessoas introvertidas desempenham melhor as suas atividades com baixa pressão. Ao contrário de pessoas extrovertidas, que lidam melhor com situações onde o nível de pressão mais elevado é exigido.

– Nível de conhecimento
Não adianta desafiar a sua equipe se ela não está preparada para o desafio. É fundamental manter a equipe sempre treinada e atualizada, caso contrário, o desempenho será afetado.

– Complexidade das tarefas
A complexidade da tarefa está ligada diretamente ao nível de atenção que deverá ser exigido da equipe para desempenhá-la. Se a atividade é simples, o nível de pressão pode ser mais alto. Para atividades complexas, um ambiente mais calmo e com menos pressão irá permitir um melhor desempenho.

Aplicar o modelo pode ser simples quando se pensa na distribuição das atividades entre os membros do seu grupo. Além disso, é importante considerar os níveis de pressão que a sua equipe já enfrentou até agora, pois não faz sentido aumentar a pressão sob alguém que esteja sobrecarregado, pelo contrário, a pressão sob essa pessoa deve ser reduzida. Por outro lado, se alguém estiver com poucas atividades, esta poderá receber tarefas adicionais, deixando a distribuição do trabalho equilibrada.

Enfim, para transformar a pressão em motivação, é preciso conhecer as características de cada membro da sua equipe e direcionar as atividades de forma adequada ao conhecimento individual, demonstrando reconhecimento, confiança no trabalho realizado e principalmente dosando a pressão exercida sob sua equipe. Lembre-se que pressionar é válido, mas na medida certa.

Autor

Profissional com 8 anos de experiência na área de TI, sendo 5 anos atuando como gestor de projetos. Atualmente estou à frente de uma equipe especializada em desenvolvimento de soluções corporativas utilizando tecnologia GIS (Geographic Information System). Graduação: Processamento de Dados Pós-graduação: Engenharia de Software - UNICAMP Certificação: ITIL v2 Curso no exterior: Language Studies International San Diego E-mail: william_js@msn.com Linkedin: http://br.linkedin.com/pub/william-silva/28/801/707

William Silva

Comentários

2 Comments

  • A palavra pressão me traz a idéia de intensidade de cobrança sobre as atividades atribuídas. Acredito que sem cobrança o profissional pode perder motivação pela ausência de reconhecimento, um dos fatores de motivação da Pirâmide de Maslow.

    Existe um outro estudo, que agora não lembro o nome, que toma por base duas dimensões para ponderar a estratégia de delegação de atividades. Uma dimensão é o grau de relacionamento do profissional com o líder, e a segunda dimensão é a competência do profissional. Colocando ambas as dimensões num plano cartesiano encontramos uma curva que direciona o grau de “pressão” por assim de dizer do líder sobre o profissional. Um extremos seria Delegar as atividades para aqueles que tem alta competência e alto relacionamento e Direcionar para aqueles com baixa competência e baixo relacionamento. Se alguém identificar isso que escrevi, por favor, indique o estudo, até para ver se eu não escrevi alguma bobagem.

    • Olá Sérgio! Em primeiro lugar, obrigado pela leitura.

      Você esta certo meu caro. Como mencionei no texto, a palavra pressão nos remete a algo muito negativo. No entanto ela faz parte das nossas vidas e dificilmente iremos conseguir evitá-la. A análise de Robert Yerkes e John Dodson é interessante, pois com ela é possível encontrar (ou ao menos tentar) um equilíbrio entre a pressão e o desempenho de uma equipe.

      Um grande abraço.

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