De acordo com o Gartner IT Key Metrics Data 2011 do Gartner Group, os projetos de TI tem um índice de 57% entregues no prazo e 67% dentro do orçamento previsto, índice de desempenho extremamente baixo e assustador em seu volume quando aplicado a quantidade de projetos de TI existentes (só na sua empresa, quantos tem?).
Mas por que isso ocorre?
Relacionado ao post “Ainda precisamos do “Cliente Interno”?”, entendo que geralmente as áreas de uma companhia trabalham desconexas, desalinhadas entre si. Metas são facilmente definidas quando considerado o universo restrito de um departamento, porém a complexidade para alcançá-las aumenta consideravelmente quando visto no âmbito geral, considerando o impacto que uma área tem no trabalho da outra.
Dessa forma as metas empresariais e o orçamento são definidos, normalmente, sem dar a devida atenção aos limites e características de todas as áreas envolvidas, como se houvesse intrínseco o conceito de “Definimos o objetivo, agora faça o que for necessário para alcançá-lo”, fazendo com que muitas vezes a meta nasça com o prazo já comprometido pela ineficiência do planejamento.
O planejamento de um projeto muitas vezes ocorre em função do prazo da meta definida anteriormente e não em função do esforço necessário e da capacidade produtiva do time, o conhecido “cronograma de trás pra frente”. Quando percebe-se que com a capacidade produtiva atual não é possível realizar o projeto no prazo exigido, aparece a grande solução: aumente o time, contrate mais recursos ou considere horas extras do time atual… e a previsão de custo do projeto é comprometida.
Por muitas vezes ocorre de realizar um trabalho rápido e dentro do orçamento em detrimento da qualidade do projeto. “Faz do jeito que der, só pra atender, depois reserva um tempo para ajeitar e melhorar”, porém é óbvio que se na concepção do projeto não houve a preocupação com a qualidade, não existirá essa atenção depois que o projeto estiver concluído e seu produto funcionando, mesmo que “capenga”. Dificilmente a melhoria ocorreria de forma pró-ativa.
Quando se trata de um projeto de TI que tem por objetivo a entrega de um sistema em um determinado prazo, não há grande atenção à qualidade por se tratar de um produto que trata de informações, de dados, os quais podem ser corrigidos manualmente após o sistema entrar em funcionamento, em caso de falha. Assim o sistema é entregue no prazo, porém os custos e esforços de manutenção são enormes. Fazendo uma analogia com a engenharia naval, é como se a resistência do casco fosse insuficiente para aguentar a pressão da água e que esse fato passasse despercebido na fase de planejamento sendo o navio lançado ao mar assim, por causa do prazo. A diferença é que no navio não dá para trocar o casco com ele em funcionamento e no mar! Já em sistemas de TI, dá-se um jeitinho! Não é à toa que os projetos de engenharia naval são muito mais assertivos do que os de TI.
Partindo do princípio da evolução do pensamento, pré-requisito para qualquer mudança, é preciso entender que:
As metodologias e melhores práticas existem para nos auxiliar, organizar, mas de nada adiantará se continuar em uso os cronogramas “para inglês ver” ou continuar a ver que o dinheiro gasto com análise, levantamento e qualidade é custo ao invés de investimento.
Esse tipo de trabalho não ocorre com a aplicação de uma metodologia, mas sim com a conscientização pessoal e individual. É uma mudança cultural que tem início no indivíduo.
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