Não podemos conceituar um projeto, como se fosse uma guerra para os Gerentes de Projetos, mas não podemos esquecer as idéias estratégicas e os conceitos que Tzu nos fornece no nosso dia-a-dia, principalmente nos capítulos que ele comenta sobre “Da Avaliação”, “Do comando da guerra”e “Da arte de vencer sem desembainhar a espada”. Segundo ao autor, um General (Gerente de Projetos) deve evitar cinco defeitos básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade , a preocupação com as aparências e a excessiva complacência. Sueli Barros Cassal comenta que nos dias de hoje, “lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas o de teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas conseqüências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos. É difícil sustentar um reino que terás levado à beira de uma ruína. Depois de destruí-los, é impossível reerguê-lo. Tampouco se ressuscitam os mortos”. A arte da guerra implica em cinco fatores principais. Ter sempre em mente o objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que vêem e ouvem, esforçando-se para adquirir novos conhecimentos e todos os subsídios que possam conduzi-los ao êxito. Jamais podemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina. Pensando em projetos segundo PMBOK, o êxito seria um escopo muito bem detalhado apresentando os seus limites, a doutrina seria a utilização das melhores práticas do PMBOK, o tempo seria o mesmo de hoje, o espaço e disciplina seriam muitos bem utilizados na Gerenciamento de Integração e Qualidade.
Tzu comenta que ciente de suas capacidades e limitações, não inicie nenhuma empreitada que não possas levar a cabo. Decifra, com a mesma argúria, o longe e o perto. Não inicie nenhum projeto sem um conhecimento prévio, inicie o projeto quando estiver certo que você obteve todo o conhecimento e limitações.
Segundo o autor, é preciso muito esforço e uma conduta calcada na bravura e na prudência para ser vitorioso: um só passo em falso põe tudo a perder. Um general pode cometer muitos erros, mas não pode deixar de lado algumas citações como: Se não tem um conhecimento exato dos lugares onde deve conduzi-las; se lhes impõe acampamentos desastrosos; se as cansa inutilmente; se ordenar que retrocedam sem necessidade; se ignorar as necessidades dos que integram seu exército; se desconhecer a ocupação a que cada um se dedicava antes de se alistar, a fim de tirar partido do talento individual de cada um; se desconhecer o ponto forte e o fraco de seus subordinados; se não conta com a fidelidade dos mesmos; se não impõem a mais estrita disciplina; se carecer do talento de bem governar; se for irresoluto e vacilante nas ocasiões que urge ter pulso firme; se não recompensa adequadamente seus soldados quando de direito; se permitir que estes sejam humilhados sem motivo pelos oficiais; se não sabe impedir as dissensões entre os chefes, um general tornará capenga, esgotará homens, víveres e o reino, e se tornará a vítima infame de sua própria imperícia. Usando o mesmo pensamento de Tzu, o Gerente de Projetos precisa conhecer o projeto, usar a sua credibilidade, conhecer os seus subordinados, conhecendo os seus pontos fracos e fortes e contar com a fidelidade dos mesmos. Não ser indeciso e não praticar divergências de opiniões na sua equipe, o Gerente de Projetos conseguirá triunfar em seus projetos.
Sun Tzu diz – No comando dos exércitos há sete males cruciais:
Sete males cruciais/Gerente de Projetos (GP)
Primeiro – Executar cegamente ordens tomadas na Corte, segundo o arbítrio do príncipe, sem se ater às circunstâncias. (GP) Verificar a veracidade da informação.
Segundo – Tornar os oficiais confusos, despachando emissários que ignoram os assuntos militares. (GP) Incluir pessoas que desconheçam o projeto.
Terceiro – Misturar regras próprias à ordem civil e à ordem militar. (GP) Desconhecimento do assunto.
Quarto – Confundir o rigor necessário ao governo do Estado e a flexibilidade que o comando das tropas requer. (GP) Não ser flexível.
Quinto – Dividir responsabilidade. (GP) Dividir uma responsabilidade para uma única pessoa.
Sexto – Disseminar a suspeita, que engendra a desordem: um exército confuso conduz à vitória do inimigo. (GP) Não ser objetivo.
Sétimo – Aguardar ordens em todas as circunstâncias. Isso equivale a esperar autorização de um superior para apagar o fogo: antes que a ordem chegue, as cinzas já estarão frias. No entanto, está escrito no código que se deve consultar o inspetor nesse assunto! É como se, ao edificar uma casa na beira de uma estrada, fôssemos pedir conselho aos passantes: o trabalho ainda não estaria terminado. (GP) Saber delegar.
No livro existe uma frase que eu achei muito interessante em comentar após a explanação sobre os sete males cruciais.
Mênsio diz: “O momento oportuno não é tão importante quanto às vantagens do terreno; e tudo isso não é tão relevante quanto à harmonia das relações humanas”.
Nomear um General é da alçada do soberano; decidir uma batalha cabe ao general. Um príncipe esclarecido deve escolher o homem que convém, revesti-lo de responsabilidades e aguardar os resultados. Fazendo uma analogia sobre os ensinamentos de TZU: Nomear um Gerente de Projetos é da alçada do SPONSOR; decidir sobre o projeto cabe ao gerente de Projetos. Um SPONSOR esclarecido deve escolher uma pessoa que convém, revesti-lo de responsabilidades e aguardar os resultados.
Após estes ensinamentos podemos concluir que:
Caminhos da Vitória – segundo TZU/(AA) Analogia atual
Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso – TZU/(AA)- Conhecer o projeto profundamente e conhecer o seu potencial, a chance de vitória e sucesso será inevitável.
Ignora-se teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas – TZU/(AA)-
Não conhecer o projeto profundamente ou superficialmente e conhecer o seu potencial, a chance de sucesso e fracasso serão idênticas.
Ignora-se ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas – TZU/(AA)- Não conhecer e não acreditar no projeto, o fracasso será inevitável.
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10:03:52 am
Buscar abstrair ensinamentos das experiências de outros, isso é contribuir e ao mesmo tempo fazer uso das “lições aprendidas”, tão importante no universo do GP. Muito legal você trazer o assunto à baila adiconando sua interpretação…contudo, fiquei algo confuso…os princípios defendidos pelo livro (“Arte na Guerra”) definitivamente se sobrepõem às técnicas de gerenciamento de projetos ? Principalmente, considerando um mercado faminto por resultados imediatos ? È possível equilibrar tais forças (princípos X mercado X ética X stakeholders) e ainda sair vitorioso ?
11:38:30 pm
Roberlei, o artigo faz uma comparação de estratégia X Gerenciamento de Projetos, ambos utilizam uma forma de Gerenciar e administrar os seus projetos. Mas considerando as técnica de Tzu, podemos fazer uma correlação entre as técnicas e ambas possuem uma proposta de trabalho. Podemos ser vitorioso entre os princípios X mercado X ética x stakeholders, desde que você tenha identificado todos eles e trabalhar neste equilíbrio. Tudo depende do seu escopo de projeto e a sua proposta de trabalho, deixando bem claro “o que deve ser feito” e o que “não esta neste escopo” de trabalho.
Abraços
Ruggero
5:26:28 pm
Sr. Ruggero, quero parabenizá-lo pelo excelente artigo.
Tenho atuado no mercado de TI como analista de sistemas prestadora de serviços e acabei de recusar dois projetos porque ao avaliar escopo X tempo que teria para trabalhar, verifiquei que minha vida social deixaria de existir e seria um sacrifício absurdo e desumano: teria que fazer horas extras e trabalhar aos sábados e domingos. Tentei explicar ao gerente de projetos todos os problemas possíveis: riscos de não cumprimento de prazos, redução no nível de qualidade, etc… mas ele estava relutante em aceitar minhas justificativas – parece que atualmente, muitos gerentes acreditam que qualidade de vida é algo desnecessário !
Tentei negociar sugerindo entrega parcial, mas não houve acordo. Não me arrependo: ao fazer um bom levantamento e orçar com meticulosidade pude ver com clareza que não poderia cumprir o prazo e optei pela minha integridade física e emocional.
Valeu a pena !
10:33:42 pm
Katia, Acredito que o seu ex-chefe tenha perdido uma grande funcionária. Hoje o Gerente de Projetos, precisa avaliar e ponderar muito os trabalhos com a sua Equipe. Não existe projeto sem as pessoas e sem Equipe. Tudo tem que ter equilíbrio e muito feedback. O que vale mais é a saúde da equipe.