Depois de assistir a saga do pop star da tecnologia, o garoto olha para o pai e diz: “já sei o que eu vou ser quando crescer”. O pai todo feliz, faz a clássica pergunta (o quê?), que vem seguida da resposta: “vou trabalhar com tecnologia. Assim não vou precisar usar terno e gravata, monto a minha empresa na garagem de casa. Não terei chefe e, o melhor de tudo, vou ficar rico!”.
O garoto continua: “Isso é fácil. Basta fazer uma aplicação para celular, criar uma comunidade com centenas de milhões de pessoas e, mesmo sem conseguir faturar um único centavo, vendo para algum grupo de investimento e fico milionário. Vou andar pelo mundo fazendo filantropia e previsões do futuro”.
Conversas como esta estão se repetindo diariamente e estes sonhos não são apenas dos adolescentes que pretendem entrar em TI, mas também de muitos profissionais com alguns anos de estrada.
O que vem provocando este aumento crescente de sonhadores é a enxurrada de informações das redes sociais e da imprensa, noticiando todos os dias novos milionários que surgem da área de tecnologia. Estas informações, nem sempre verídicas, levam as pessoas acreditarem que ficar rico e famoso em TI é coisa fácil.
Não podemos negar que os constantes avanços tecnológicos estão criando oportunidades de novos negócios todos os dias e, consequentemente, abre-se, quase que diariamente, a possibilidade de se ganhar um bom dinheiro.
O consumo assustadoramente crescente de novas tecnologias e informações vêm produzindo no mercado uma necessidade quase que infindável de se criar novidades. A lógica é simples: da mesma maneira que temos um monte de gente querendo criar algo novo para ficar rico, existe, do outro lado, um monte de gente buscando diariamente consumir tudo que aparece para não se sentir desatualizado.
Esta corrida, mesmo parecendo louca é divertida. Sem nenhuma preferência pessoal, mas apenas como exemplo, vamos nos focar nas maravilhosas engenhocas desenvolvidas e comercializadas por Mr. Jobs e sua fantástica lojinha onde todo mundo lança produtos, muitos deles custando US$0,09 (qualquer semelhança com as lojinhas “brazucas” de R$ 1,99 é mera coincidência).
Todos os dias somos bombardeados por um monte de lançamentos de todos os tipos de aplicativos, coisas que nem imaginamos que possam existir. Claro que nesse bolo há um monte deles que não serve para nada, mas torna-se moda, que surge nas comunidades em que transitamos: escolas, trabalho, família. O mais interessante: todo mundo torna-se rapidamente um profundo conhecedor. No mês seguinte, os aplicativos que “bombavam” hoje são meros desconhecidos, e uma nova moda aparece.
A pergunta que fica é: será que deu tempo de juntar uma comunidade de milhões de pessoas e vender para um grupo de investimentos?
Neste novo mundo que hoje vivemos em TI, encontramos profissionais visionários e até sonhadores, que buscam constantemente uma solução mágica que os dará o sucesso e a independência financeira que sonham; outros, por sua vez, estão frustrados por se acharem incompetentes de não ter ideias maravilhosas; e há uma terceira categoria, hoje muito mais comum no mercado, que até anos atrás ainda era vista como “os meninos que mexem com computador”, são os profissionais que fazem carreira e vivem de TI.
Eles desenvolvem uma carreira corporativa consistente e de longa duração, estudam, adquirem novos conhecimentos com cursos em instituições sérias, aprendem a aproveitar as oportunidades de uma área que, graças às crises e ao desenvolvimento, não para de crescer e simplesmente são felizes.
Os sonhos para estes profissionais estão ligados muito mais a uma carreira sólida e duradoura do que às aventuras que, na maioria das vezes, não trazem o resultado esperado. Assim, sua preocupação é com o que fazer para continuar ascendendo no organograma, poupar para estruturar sua vida, constituir família, comprar casa, carro, viajar, almoçar em bons restaurantes, ter seus filhos em boas escolas e planejar o futuro.
Comparando com a maioria dos profissionais existentes no mercado de trabalho, onde ainda encontramos baixa qualificação num percentual considerável de pessoas, o profissional de TI é muito qualificado e consequentemente bem remunerado.
É verdade, por mais que algumas pessoas ainda nos olhem com ares estranhos quando falamos que trabalhamos com TI, acredite, existem pessoas normais por aqui.
Se entendermos que TI não é diferente das outras profissões, fica fácil saber por que tantos jovens são fãs de Steve Jobs, da mesma maneira que tantos cardiologistas são do Dr. Jatene, ou os arquitetos de Niemeyer. Muitos destes jovens gostariam de alcançar o mesmo sucesso na carreira que seus ídolos, mas isso não quer dizer que não se sintam felizes e com sucesso sendo os profissionais que são.
Ter sucesso não é simples assim mais tem que persistir