Lidar com tecnologias emergentes é um desafio. É difícil descobrir se determinado fenômeno tecnológico que está surgindo é exagero, tendência ou tsunami. As decisões de embarcar em uma tecnologia inovadora são arriscadas e tem, inevitavelmente, uma alta margem de incertezas. Por outro lado, o cenário de negócios está cada vez mais complexo e ameaçador, e para manterem-se vivas e relevantes, as empresas tem que continuamente se inovar. As tecnologias emergentes representam o futuro de muitos setores de negócios, pois tem potencial de criar e reestruturar indústrias em ritmo cada vez mais acelerado. Tornam obsoletas práticas tradicionais e provocam o surgimento de novas e melhores práticas, competências centrais e estratégias competitivas. É um cenário que as empresas têm que enfrentar. Simplesmente não tem escolha, a não ser se transformar em participantes ativas nas tecnologias emergentes que podem redefinir seu próprio futuro. Ou correr o risco de perderem relevância e eventualmente desaparecerem. Leiam e se assustem com o relatório “What is the life expectancy of your company?” do World Economic Forum. Está textualmente nele: “almost 50% of the Fortune 500 from 1999 had disappeared from the list just ten years later.”!
Adotar tecnologias que ainda não se consolidaram é um desafio para qualquer empresa e seus executivos. Algumas questões básicas que elas precisam responder para gerir sua adoção podem ser resumidas em:
Nesse contexto, torna-se necessário monitorar continuamente as inovações que poderão mudar o futuro das organizações. Várias fontes de informação confiáveis mostram que o cenário de negócio está cada vez mais turbulento e instável. Podemos até criar um acrônimo, CIVA, para exemplificar o cenário de negócio atual e futuro: Complexidade, Incerteza, Volatilidade e Ambiguidade. Esses quatro fatores serão pano de fundo do cenário em que as empresas passarão a operar no 21. Um documento que mostra claramente que estamos próximo do “tipping point” de adoção de várias tecnologias que mudarão de forma dramática o cenário de negócios nos próximos 10 a 15 anos é “Deep Shift Technology Tipping Points and Societal Impact”, publicado pelo World Economic Forum. Aqui faço dois lembretes: “tipping point” ou ponto de inflexão é aquele momento onde a tecnologia alcança massa crítica suficiente para se disseminar pela sociedade e causar impactos. E esta disseminação é exponencial. Infelizmente, o nosso pensar de forma linear, quando a evolução é exponencial, nos leva a terrível armadilha de subestimar o impacto das transformações. Um exemplo de como a mudança exponencial é subestimada foi o Human Genome Project. Foi lançado em 1990, com estimativa de ser concluído em 15 anos a um custo de US$ 6 bilhões. Em 1997, metade do prazo, apenas 1% do genoma humano tinha sido sequenciado. Pelo planejamento linear que nós adotamos, supondo 1% em 7 anos, levaríamos 700 anos para concluir o sequenciamento. Parece lógico não? A pressão para encerrar o projeto foi imensa, mas quando perguntaram ao futurista Ray Kurzweil, ele disse “1% significa metade do caminho. Vão em frente! ”. Ele pensou exponencialmente. 1% dobrando a cada ano significa chegar aos 100% em 7 anos. O projeto foi concluído em 2001, quatro anos antes do planejado e custando muito menos dinheiro que o estimado. O pensamento linear, tradicional, errou o alvo por 696 anos!
Recentemente o Gartner liberou seu “Hype Cycle for Emergent Technologies” com sua visão das principais tendências tecnológicas para os próximos anos. Esta visão gráfica proposta pelo Gartner é interessante pois ela combina duas curvas que se complementam. A primeira, em formato de sino, descreve o fenômeno da esperanças e expectativas, e a frequente desilusão que acontece com muitas tecnologias. É o lado emotivo, que enfatiza o entusiasmo e exacerba a frustração. A segunda curva, mais racional, é a que descreve a adoção de tecnologias e tem um formato de um “S” deitado. Aí que as tecnologias realmente se consolidam e se disseminam pela sociedade. De forma similar vemos este fenômeno ocorrendo na mídia. Quando a tecnologia está na fase do entusiasmo ou mesmo frustração, aparece em reportagens como casos de sucesso ou fracasso. Quando ela passa a ser adotada, se torna mainstream, simplesmente some da mídia.
O Gartner alerta que “To thrive in the digital economy, enterprise architects must continue to work with their CIOs and business leaders to proactively discover emerging technologies that will enable transformational business models for competitive advantage, maximize value through reduction of operating costs, and overcome legal and regulatory hurdles”. O interessante do relatório é que agrupou-se as diversas tecnologias em três macro tendências, que sintetizam o caminho da evolução tecnológica para os próximos anos.
Essas três tendências são:
É um fato, não uma opinião. As mudanças estão acontecendo em ritmo acelerado, e exponencialmente! Seu poder de transformação da sociedade e empresas não pode ser ignorado. Os executivos das empresas, sejam CEOs ou CIOs devem estar antenados com estas mudanças, que já estão no cenário estratégico de curto a médio prazo, e que mudarão de forma significativa as estruturas sociais, empresariais e, consequentemente, modelos de negócio. Os bilhetes para o trem estão se esgotando e se não corrermos, vamos perdê-lo. Como disse o CEO da Disney, Bob Iger “The riskiest thing we can do is just maintain the status quo.”.
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