Imagine que você está em uma sala grande, cheia de líderes e executivos brilhantes. Todos estão esperando com grande expectativa o momento que receberão aquela mensagem inspiradora de um psicólogo organizacional renomado, ou guru da liderança corporativa.
O orador começa declarando que mais de 50% dos líderes na verdade exibem qualidades de liderança muito fracas e são ineficientes. Os participantes parecem não achar graça nesta estatística. O orador então pede que cada líder na sala levante a mão se ele acha que está acima da média da maioria dos líderes. Em resposta, você testemunha um mar de mãos erguidas.
Em seguida, o orador pede que baixem as mãos e olhem para a esquerda e para a direita. Com expressões confusas em seus rostos, eles seguem as instruções. E então ocorre o momento “a-ha!”. Os líderes na sala tem absoluta certeza que várias pessoas ao seu lado são líderes ineficientes. Assim, você percebe que a sala está cheia de indivíduos com um nível de arrogância bem acima da média, pois nunca se acham parte da estatística que inclui os líderes ruins.
Que situação embaraçosa para presenciar. Esse é um incidente real de uma palestra descrita pela Dra. Tasha Eurich, autora do livro best-seller Insight.
”A ironia dessa situação é que ela pode ser repetida em qualquer organização, por qualquer indústria e local e o resultado será relativamente o mesmo. A maioria dos maus líderes é completamente desatenta à sua própria ineficácia e ao impacto disso para sua organização e, consequentemente, para sua equipe. Como o diz o velho ditado, as pessoas não deixam seus empregos, mas sim, deixam seus chefes”.
Se você for a qualquer empresa e pedir a qualquer um para que se identifique como um mau líder, frequentemente não encontrará voluntários. Entretanto, se você pedir para as pessoas nomearem maus líderes de dentro das suas organizações, a lista será imensa. Como isso pode ser possível? Uma lista está escassa com poucos nomes documentados, e a outra está transbordando de nomes. Duas listas representando a mesma organização.
Podemos deduzir dessa anedota e das nossas próprias experiências pessoais que maus líderes frequentemente não sabem que são maus líderes. Eles acreditam que os erros são decorrentes da negligência de outras pessoas e desastres são geralmente inevitáveis e fora da esfera de controle deles. A autora Angela Fritz do Washington Post chama isso de a ‘’confiança do incompetente’’. Essas desculpas, e muitas outras que escutamos, dão suporte ao princípio do efeito Dunning Krueger. O pesquisador David Dunning simplifica o efeito Dunning Krueger:
“É a condição em que executantes fracos em muitos domínios sociais e intelectuais parecem grandemente desatentos sobre o quanto suas habilidades são deficientes. As deficiências os deixam com um fardo duplo – não somente o conhecimento incompleto e mal orientado deles os levam a cometer erros, mas exatamente as mesmas deficiências também os impedem de reconhecer quando estão cometendo tais erros e outras pessoas estão tomando decisões mais sábias”.
Quando esses indivíduos são líderes dentro da empresa, pode ser muito difícil ajudá-los a ver e reconhecer suas falhas, para que possam melhorar o desempenho geral da organização. Mas há uma luz no fim desse túnel sombrio.
Toda empresa que eu ajudei sofreu dessa mesma confiança do incompetente. Como sou uma boa ouvinte para aqueles que precisam expressar suas queixas, me encontrei fazendo o papel de terapeuta diversas vezes. Um conselho que eu tenho dado para cada uma das pessoas que se encontraram desmoralizadas por causa de seus líderes ineficazes é redirecionar seus focos. Foque em melhorar você mesmo para ser o melhor contribuinte possível para a organização ao invés de focar nos erros do seu líder.
O conselho não é glamoroso e frequentemente deixa as pessoas desapontadas. Mas em sua simplicidade, ele é muito profundo. Focar em você mesmo se manifesta de diversas maneiras diferentes:
- Como você se comunica com os outros
- Como você se apresenta em reuniões pessoalmente
- Sua atitude e conduta
- Sua capacidade de aprender
Focando em todas essas áreas, duas coisas irão acontecer.
- Seus níveis de desempenho vão naturalmente melhorar, porque você está executando essas ações em uma base consistente.
- Seu comportamento e ações vão influenciar inconscientemente aqueles que estão ao seu redor, incluindo sua liderança.
A pior coisa que alguém pode fazer quando se depara com uma má liderança é permanecer na disjunção ou tentar ilustrar ao seu líder a ineficácia dele. Tente seguir esse conselho na próxima vez que você se sentir desmotivado e apático em relação à sua liderança. Deixe-me saber se funcionou. Compartilhe suas ideias e podemos manter a conversa ativa. Encontre-me no LinkedIn e vamos falar sobre isso.
Sobre a autora:
Dra. Alma Miller é uma empreendedora entusiasmada, palestrante e educadora com mais de 15 anos de experiência na indústria de TI. Ela possui Bacharelado em Engenharia Elétrica pela Catholic University, Mestrado em Engenharia Elétrica pela George Washington University, Mestrado em Gerenciamento Técnico pela Johns Hopkins University, e Doutorado em Engenharia pela George Washington University. Dra. Miller se considera uma conselheira de relacionamentos entre desenvolvimento e equipes de operações de TI. Sua empresa de consultoria, AC Miller Consulting, fornece serviços para o governo e clientes comerciais em diversas indústrias. Dra. Miller palestra em conferências e eventos da indústria e leciona cursos de graduação para as Universidades Johns Hopkins e California Irvine. Conecte-se com ela no LinkedIn para continuar a conversa.