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Mercado Oracle EBS: Uma visão geral da situação no Brasil

publicado por Eduardo Schurtz

Visão Geral Oracle EBS

Você está com aquele sentimento de preocupação e incerteza com a situação econômica e do mercado Oracle EBS no Brasil?

Se estiver, não é pra menos.

Mesmo o mercado de TI sendo forte, está sofrendo duramente por causa da atual crise econômica. Empresas segurando investimentos, profissionais sendo desligados, concorrência alta, dólar nas alturas.

Um artigo aqui do TI Especialistas, intitulado “Onde estão as vagas de TI?”, traz algumas abordagens interessantes:

Existe algo errado no mercado de vagas de TI, a imprensa está divulgando com muita ênfase a disponibilidade de uma quantidade assustadora de vagas e comenta que elas não estão sendo preenchidas porque há um apagão de profissionais com qualificação, do outro lado encontramos um verdadeiro exército de profissionais reconhecidamente qualificados que foram dispensados recentemente em função da crise e que não estão conseguindo recolocação no mercado. Então, o que será que está acontecendo?

Os profissionais que foram desligados e estão à procura de “novos desafios”, relutam em aceitar uma contratação com salário e benefícios menores do que tinham na última empresa, e para bagunçar em definitivo a situação, as empresas sabendo que existem muitos profissionais no mercado estão fazendo leilão das suas vagas.

Falando agora especificamente do mercado Oracle EBS, como muitas pessoas estavam desalocadas e concorrendo pelas mesmas vagas, muitos começaram a diminuir sua taxa/hora para não ficarem parados e, na outra ponta, consultorias começaram a oferecer taxas menores, isso foi derrubando o valor com que o mercado estava acostumado a praticar.

Não tem jeito, é a lei da oferta e da procura.

Resultado: Bom para as contratantes, péssimo para os contratados.

Diante de todo esse cenário, comecei a me questionar constantemente sobre o futuro da nossa economia e, mais especificamente, o futuro do mercado Oracle EBS.

Todos esses questionamentos se resumiam na seguinte pergunta:

Onde tudo isso vai dar?

Então comecei a fazer pesquisas, estudar o mercado, conversar com amigos para saber qual o sentimento deles sobre tudo isso. Com toda essa busca, muitas outras questões surgiram:

  • Vale a pena continuar atuando com Oracle EBS? Se sim, onde melhorar? Quais outras tecnologias aprender?
  • Será que o Fusion vai “pegar” aqui no Brasil? (Não confundir com Fusion Middleware)
  • O mercado de ERP ainda está aquecido?

Essas são apenas algumas, mas creio que sejam as mais importantes e as mais assustadoras.

Falando do meu caso, uma mudança muito grande depois de tantos anos de experiência e nessa altura do campeonato, não é uma decisão simples, muito menos confortável.

Mas, o que seria do ser humano sem as dificuldades? 🙂

Como diria Joe Polish:

A vida é difícil se você vive do jeito fácil, mas é fácil se você vive do jeito difícil

Então gostaria de fazer um convite para continuar a leitura, neste artigo falarei sobre:

  • Situação atual do mercado Oracle EBS e de ERP no Brasil
  • Pontos negativos e positivos para o mercado Oracle EBS no país
  • Estatísticas de mercado
  • Considerações finais e caminhos a seguir

Uma coisa que aprendi é sempre tentar visualizar o lado positivo nas coisas, mesmo numa crise.

Gostaria de compartilhar com você um pouco sobre toda a pesquisa e estudo que realizei nas últimas semanas sobre o mercado Oracle EBS, a situação econômica eu deixo para os sites financeiros.

Lembrando que o artigo foi escrito com base em opiniões minhas e de alguns profissionais de EBS. Caso você não concorde, queira acrescentar algo ou apenas comentar, fique à vontade. A ideia do artigo é realmente fomentar um debate na comunidade.

Sinceramente espero que esse material possa contribuir de alguma forma.

Vamos lá?

Situação atual do Oracle EBS

Situação Oracle EBS

Quem é da velha guarda sabe da febre que foi ser um “Consultor Oracle E-Business Suite“: Existiam muitos projetos, já que as grandes empresas ainda não tinham ERP e faltavam consultores no mercado.

Foi um período de bonança e um certo glamour: Altos salários, todas as despesas pagas (já que os profissionais estavam espalhados pelo país) e um caminhão de milhas aéreas devido às viagens semanais.

Com isso, muitos profissionais começaram a enxergar uma grande oportunidade e também quiseram entrar na onda. Então a quantidade de profissionais Oracle EBS cresceu muito nos últimos anos.

Mas como dizem, tudo que é bom dura “pouco”.

Muita coisa mudou de lá pra cá, hoje a maioria das grandes empresas já está com seu ERP instalado e configurado. Novas implementações são cada vez mais raras, fazendo com que a maioria dos projetos seja de melhorias, migrações e rollouts.

No artigo Diferenças entre projetos de ERP sob a minha ótica de gestão e experiências, minha amiga Ana Paula Mellatti fala um pouco da diferença dessas modalidades de projeto.

Como a maioria das grandes empresas já está com seu ERP, o momento agora parece ser das PMEs, onde produtos como JD Edwards e PeopleSoft tenham mais espaço. Mas tem um detalhe interessante aqui: Se o ERP for “Cloud“, mesmo que seja robusto, também pode ser utilizado por empresas menores, já que o processamento pesado ficará na nuvem.

Pontos negativos e positivos para o mercado Oracle EBS no Brasil

pontos negativos e positivos

Preciso confessar uma coisa.

Antes de começar esse estudo e análise, eu estava bem pessimista sobre tudo isso.

Visualizava um quadro bem mais negativo do que positivo.

Eram tantos problemas, tantas notícias ruins e tanta gente desalocada, que ficava difícil vislumbrar um cenário positivo.

Felizmente posso dizer que essa visão mudou.

Claro, aquele tempo bom não vai voltar.

O mundo está mudando muito rápido, hoje tudo muda muito rápido. Só precisamos de adaptação.

Agora vou mencionar os pontos negativos e positivos mais importantes que encontrei.

Preparado?

Pontos Negativos

Pontos negativos
Como não posso fazer aquela pergunta clássica:

“Quer primeiro as notícias boas ou as ruins?”

Vamos começar pelas ruins, já que é o que a maioria sempre acaba preferindo.

Ponto #1: O custo de um ERP on-premise é muito alto

Foi assim por muito tempo, projetos de implementação de ERP tinham valores estratosféricos.

No modelo on-premise, toda a estrutura é mantida localmente, ou seja, todo o hardware e software são adquiridos e mantidos pelo cliente.

Além de todo esse custo de aquisição de hardware (que já é bem significativo), o cliente ainda tem que arcar com treinamento, manutenção, suporte e consultoria.

Essa é a aposta do ERP Cloud, reduzir custos com a nuvem.

Aproveitando o tópico de altos custos, falando exclusivamente da parte de consultoria, a situação já mudou bastante. As empresas já não querem mais saber daqueles projetos intermináveis, com consultores trabalhando dia e noite e sem limite de apontamento de horas.

Hoje, elas querem cada vez mais, projetos enxutos.

Ponto #2: A maioria das grandes empresas já têm um ERP

Como já foi mencionado no começo do artigo, esse é um ponto que não tem como evitar. As grandes empresas já se prepararam nos últimos anos e adquiriram um ERP.

Existe a possibilidade de que uma empresa com ERP de um concorrente troque pelo EBS? Existir, existe.

Mas nesse cenário atual? Difícil. Além do custo elevado mencionado acima, o país está em crise.

Caso a empresa esteja partindo de um ERP menor, a história é outra.

Ou ainda, a empresa é estrangeira e a matriz decide trocar, também pode acontecer.

Ponto #3: Clientes que mudaram para um ERP concorrente

Vimos algumas empresas que trocaram o EBS pelo SAP, isso foi muito prejudicial para os profissionais e para a Oracle.

A troca que mais impactou foi na Vale, que era um case mundial e consumia muitos profissionais do mercado.

Um outro cliente importante foi a Tigre, aqui da minha cidade. Também era um grande case de manufatura para a Oracle.

Curiosamente aqui em Santa Catarina a Oracle perdeu muito espaço, não sei dizer exatamente o motivo. Uma das possibilidades é a questão do “bairrismo“. Como aqui temos uma forte cultura germânica, a alemã SAP pode ter levado vantagem.

Mas mesmo assim, não é aquele exagero todo que muitos pregam por aí.

Segundo o último estudo sobre a utilização de ERP no Brasil, realizado pela FGV, a Oracle tem 16% do mercado nacional, contra 30% da SAP e 36% da Totvs.

Se considerar empresas de 170 a 700 teclados (método utilizado pela FGV para classificar o porte da empresa), a Oracle tem 17%, contra 25% da SAP.

Ponto #4: Excesso de profissionais e consultorias

O mercado saturou, fato! Existem muitos profissionais e muitas consultorias.

Mas existe muita gente não qualificada e que não se preparou. Então, esses são os que mais estão sentindo esse momento de dificuldades.

Vale lembrar que mesmo profissionais não tão bons, ainda conseguem alocação se residirem em grandes centros, principalmente em SP e RJ (Bem mais SP que RJ).

Como está sobrando mão de obra e as empresas/consultorias querem gastar cada vez menos, profissionais que estão localizados longe desses centros estão sendo mais afetados.

O incrível é que elas ainda preferem ter um recurso mediano, mas localmente, do que um recurso muito bem qualificado, só que remotamente. A qualidade do trabalho final é pior e, na maioria dos casos, gasta-se ainda mais porque no fim das contas precisam contratar com urgência outro profissional com bastante experiência, para consertar os problemas do outro.

Mas isso é assunto para outro artigo.

Nota: Se você está procurando se especializar no assunto “Home Office”, dê uma olhada nesse mini-curso grátis com os melhores especialistas no assunto

Ponto #5: EBS não é o carro-chefe da Oracle

Sejamos realistas, a “menina dos olhos” para a Oracle sempre foi o banco de dados. Não é pra menos, é simplesmente o melhor banco que existe.

E nos últimos anos, a quantidade de aquisições pela Oracle foi absurda.

Ela tem uma gama de produtos gigantesca e, infelizmente, o EBS não está no topo da pirâmide.

Coisa que já não acontece com a SAP, onde o ERP é seu carro-chefe.

Mas ao que tudo indica, esse cenário parece estar mudando com o ERP Cloud.

Pontos Positivos

Pontos positivos
Viu? Nem foi tão ruim assim…

Agora vamos falar de coisas boas! 🙂

Ponto #1: O suporte da 11i termina em 2015. Que venham as migrações

Ainda temos várias empresas utilizando a release 11i do Oracle EBS, então temos possíveis candidatas para projetos de migração.

O suporte da 11i finaliza no fim do ano (pelo menos estava definido assim enquanto este artigo estava sendo escrito):

Suporte EBS Timeline

Agora só depende da Oracle chegar com uma boa proposta de migração para o cliente, que pode optar pela R12 ou pelo Fusion.

Falando em migração, está para começar um grande projeto em São Paulo, você já deve saber, mas como ainda não tem nada divulgado, vou preservar o nome dos envolvidos nas negociações.

Você sabia que o EBS também pode rodar na nuvem? Mais uma opção para o cliente continuar com o EBS. Falo disso no Ponto #5 logo abaixo.

Ponto #2: Benditos sejam os Rollouts

O que tem se notado ultimamente aqui no Brasil é um grande número de projetos de rollout.

Empresas estrangeiras que têm filiais no Brasil precisam alinhar o sistema utilizado aqui com o restante das outras. Como a maioria do dinheiro dessas empresas vem de fora (onde a moeda é mais forte que o real e a crise brasileira não afeta tanto), fica mais fácil realizar investimentos por aqui.

Apesar dessas oportunidades para projetos de rollout aparecerem em ótima hora e ajudarem bastante o nosso mercado, elas não são para todos. Como são empresas internacionais, precisam de profissionais com inglês fluente e, como todos sabemos, infelizmente é a minoria que tem.

Em alguns casos, profissionais com inglês fluente podem ter preferência para ocupar a vaga, mesmo se estiverem disputando com um profissional com mais experiência técnica, mas sem a fluência do idioma.

Aproveitando o gancho do idioma, como muito bem lembrado pelo meu amigo Caio Mancini, cada vez mais as empresas estão terceirizando serviços (geralmente mão de obra técnica) para outros países, citando alguns: Índia, Letônia, Filipinas, China.

Sendo assim, o contato em outro idioma com esses profissionais durante o projeto é constante.

Ponto #3: O EBS pode coexistir com o Fusion

Um detalhe que muitos não sabem, é que não é necessário arrancar o EBS para implementar o Fusion. Eles podem coexistir.

Assim o impacto da mudança é bem menor. Não é por acaso que as últimas releases do EBS estão deixando ele cada vez mais parecido com o Fusion, conforme lembrado pelo meu amigo Weric em um dos posts sobre a nova release.

Então, o cliente pode continuar com o EBS, mas utilizando módulos do Fusion para obter novos recursos e melhorar a experiência.

Vale lembrar também que o Fusion ainda está amadurecendo, a ideia de complementar o EBS faz todo o sentido.

Ponto #4: Muitas empresas no Brasil ainda utilizam o EBS

Aqui no Brasil o EBS ainda é forte, não tanto quanto em outros países como EUA e Índia, mas ainda temos uma parcela significativa de empresas que o utilizam.

Logo, devido aos fatores já citados que implicam numa troca de ERP atualmente, esses clientes ficarão com EBS por algum tempo.

Ponto #5: O EBS também pode rodar na nuvem, reduzindo seu custo

A Oracle está fazendo uma campanha sobre essa possibilidade, mostrando a redução de tempo e custos (Clique na imagem abaixo para baixar o infográfico completo):

Migre para o Oracle EBS Cloud

A Oracle está realmente investindo na nuvem, veja um breve texto sobre o programa Customer 2 Cloud:

O programa Customer 2 Cloud está disponível a todos os clientes da Oracle que utilizam as soluções HCM e CRM dos produtos Siebel, PeopleSoft, JD Edwards e Oracle E-Business Suite. Essas empresas podem optar por migrar as soluções on premise que possuem para aplicativos em nuvem da Oracle que façam parte da mesma família de produtos.

Por exemplo, é possível redigir as licenças da solução PeopleSoft existentes em suas instalações como uma assinatura do Oracle Human Capital Management na nuvem, válida por vários anos. Isto significa que os clientes podem utilizar os recursos atualmente gastos em suporte para mudar para aplicativos na nuvem mais modernos.

[INFOGRÁFICO] Alguns dados sobre o mercado Oracle EBS e ERP no Brasil

Levantei alguns dados e gostaria de compartilhar com você:

Infográfico Mercado Oracle EBS

Alguns dados adicionais sobre estudo da FGV (Aproveite para tweetar):

(Tweet) Situação ERP no Brasil (Total): 36% Totvs, 30% SAP, 16% Oracle, 5% Infor, 13% Outros

(Tweet) Situação ERP no Brasil (até 170 teclados): 51% Totvs, 10% SAP, 9% Oracle, 27% Outros

(Tweet) Situação ERP no Brasil (até 170 a 700 teclados): 40% Totvs, 25% SAP, 17% Oracle, 14% Outros

(Tweet) Situação ERP no Brasil (mais de 700 teclados): 51% SAP, 21% Oracle, 20% Totvs, 6% Infor

No artigo Infográfico Mercado de ERP 2013 do Portal ERP, podemos fazer uma comparação com o quadro de 2013 e observar que a Oracle mantém os mesmos 16%, já a SAP e Totvs tiveram um pequeno crescimento.

E agora, qual caminho seguir?

qual caminho seguir

Bom, essa é uma pergunta bem complicada de responder.

Como diria o sábio: Cada caso é um caso.

Você vai ter que fazer sua própria análise e identificar o que é melhor pra você.

Vai depender do seu perfil: Se é técnico, funcional, gestor

Vai depender de onde você mora: Quem mora em SP hoje tem uma grande vantagem

Mas uma coisa é certa, independentemente do caminho que você for seguir, uma atitude você terá que tomar:

SE APERFEIÇOAR NO QUE JÁ FAZ E APRENDER COISAS NOVAS

Na verdade isso é algo que deveríamos estar buscando todos os dias, nem que seja 1% por dia.

“Ser melhor hoje, do que fui ontem”

Nem todos têm essa visão, muitas vezes o ser humano é acomodado. Momentos como este de crise dão aquele empurrãozinho necessário.

Para superarmos a concorrência temos que sempre estar melhorando, seja em conhecimentos técnicos, idiomas, relacionamentos, profissionalismo, networking, etc.

Sempre existirá algo para aperfeiçoar.

Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende

~Leonardo da Vinci

Quer uma dica? Você poderia começar dando uma olhada nos MINI-CURSOS GRÁTIS lá no meu blog.

O EBS ainda tem lenha pra queimar, pelos vários motivos citados acima, mas é difícil saber por quanto tempo.

Uma coisa é certa, todos os caminhos apontam para uma direção: “Cloud”.

Seja EBS, seja Fusion, é interessante seguir por esse caminho.

O artigo (em inglês) Top 5 Considerations for Oracle Cloud ERP tem algumas considerações interessantes sobre ERP On-Premise x Cloud.

Espero que tenham gostado.

Adoraria saber a sua opinião sobre esse artigo.

Deixe um comentário logo abaixo sobre o que você mais gostou nesse artigo, ou sobre alguma informação que queira adicionar ou até mesmo alguma dúvida ou crítica sobre esse texto.

Este artigo foi publicado originalmente no meu blog.

Muito obrigado ao Augusto pelo convite para publicar aqui no TI Especialistas pela primeira vez.

Autor

Empreendedor Digital, consultor Oracle EBS, Oracle ACE e um apaixonado por tecnologia, alta performance e produtividade

Eduardo Schurtz

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