DesenvolvimentoGestão de Problemas: afinal, de quem é a culpa?

Gestão de Problemas: afinal, de quem é a culpa?

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Hoje vou falar de um aspecto de gestão de problemas que vivenciei em vários projetos: o jogo da batata-quente.

O que é isso? Invariavelmente em algum momento do projeto vai dar um problema – no jargão técnico, uma “situação não prevista”. Pronto, caos instalado: prazo apertado, sistema caindo, cliente ligando, equipe de projetos arrancando os cabelos que restam – sim, porque um bom gestor de projetos raspa a cabeça pra não arrancar os cabelos a cada minuto.

E aí começa o joguinho:

Cliente: A culpa é do software
Software: A culpa é do hardware
Hardware: Ninguém nos envolveu pra saber se tínhamos a infra pra isso. A culpa é do software.
Software: Então a culpa é do cliente que não soube explicar direito o que queria. Ou isso estava fora do escopo inicial
Cliente: Não sou obrigado a saber tudo da parte técnica, pra isso contratei vocês.
Etc, etc, etc.

Enquanto acontece este jogo de batata-quente, o problema ainda persiste: estamos sem sistema.

Claro que esta é uma situação exagerada (será?), mas posso garantir que vi isso acontecer em cerca de 70% dos projetos que acompanhei. A situação está complicada, e a única coisa que vêm a mente dos envolvidos é procurar um culpado.

Acredito que quando alguém diz em seu currículo que tem perfil “hands-on”, ou seja, mão-na-massa, deveria ter certeza do que está falando e PRATICAR aquilo que alardeia. Minha proposta é que os profissionais PAREM de procurar os culpados ENQUANTO o problema acontece, RESOLVAM o problema e então, APÓS o problema ser resolvido e SE NECESSÁRIO, procurem um culpado.

Digo SE NECESSÁRIO porque muitos dos problemas que ocorrem na condução de um projeto invariavelmente são culpa de todos os envolvidos. Seja o cliente que não especificou direito, a equipe de desenvolvimento que não entendeu, a equipe de hardware que não soube dimensionar o fluxo, desenvolvimento de projetos não é igual a colocar roupas no varal pra secar, em que cada um que coloca uma peça de roupa no varal é responsável apenas por aquela peça. Em desenvolvimento de projetos, TODOS SÃO RESPONSÁVEIS.

É até compreensível que as pessoas envolvidas não queiram “segurar o rojão”, porque isso invariavelmente vai deixar a pessoa “queimada”. NÃO! É melhor deixar o prédio pegar fogo ou ser o herói que pegou a água e começou a apagar o incêndio? São raros os profissionais que botam a mão na massa quando existe um problema a ser resolvido. Aí toca convocar reunião atrás de reunião pra procurar pelo em ovo, definir quem são os culpados e estabelecer as punições, e enquanto isso o prédio caiu.

O que nossa área necessita de fato é aplicarmos a essência da tecnologia: a LÓGICA. Pura e fria, sem sentimentos, focada apenas em produzir resultados de qualidade. “Ah, mas eu não tenho sangue de barata, não vou aceitar isso, etc, etc, etc”. Honestamente: guarde esse sentimento pra coisas que não exijam tanta seriedade quanto a condução de um projeto. Esse tipo de atitude não condiz com a de um profissional competente, parece mais com a de um garoto que está jogando bola na rua, sofre uma canelada, recolhe a bola e vai pra casa. Ele prejudica a condução do projeto – o jogo de futebol – apenas pra satisfazer o próprio ego. O verdadeiro profissional eficaz deixa o “orgulho” de lado ao ser “ofendido” e ORGULHA-SE de, APESAR DE TUDO, ter entregado o projeto.

Não prego aqui a subserviência incondicional, antes de qualquer coisa digo que, ao ocorrer um problema, todos dêem um passo pra trás, olhem o problema por inteiro, verifiquem a causa e resolvam o problema. Normalmente, vão descobrir que o problema era algo ínfimo, que não foi pensado por ninguém, e portanto não é culpa de ninguém, mas ao mesmo tempo é culpa de todos. Tenho aplicado este método na condução de meus projetos e em 95% dos casos deu certo. E os outros 5%? Infelizmente ainda existem pessoas que acham que um erro de projeto é uma ofensa pessoal e se recusam a colaborar. Para estas, existe apenas um caminho: ouvir calado e visar a conclusão do projeto. Quando tudo estiver funcionando, os 5% serão calados pelos fatos.

Lembrem-se: condução de projetos é exatamente igual a construir um castelo de cartas – se uma carta estiver deslocada, se bater um vento mais forte, tudo vem abaixo. Um projeto depende do comprometimento de todos os envolvidos.

Então, por favor, quando a batata-quente cair na sua mão, atire-a no meio da roda e peça pra todos segurarem juntos antes que ela queime. O calor da batata vai passar um pouquinho pra cada um, todos vão absorver e a batata não vai queimar.

Israel Bovolini Jr
Trabalho na área de tecnologia há 12 anos, tendo sempre um perfil generalista, atuando desde o levantamento de requisitos, passando por análise de sistemas, desenvolvimento, implantação e fazendo acompanhamento pós-venda. Atualmente me dedico à liderança e coordenação de equipes de desenvolvimento, procurando sempre extrair o máximo de cada um e aplicando seus talentos para que todos saiam satisfeitos. Acredito que não exista um profissional cujos talentos não possam ser aproveitados em algum aspecto de um projeto, basta saber estimulá-lo a isso. LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/ibovolini

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