Tenho lido muitos artigos sobre liderança ultimamente e também participado de algumas discussões a respeito, pois como líder é um tema que me interessa muito, principalmente no que se refere à gestão de pessoas e reconhecimento.
Em alguns encontrei os que defendem a gestão focada em resultados onde só são recompensados aqueles que apresentam o melhor resultado, a melhor entrega, independentemente de como agem para conseguir tais resultados,
Em outros os que defendem o indivíduo e o que ele em particular representa para o grupo e/ou empresa e na maioria das vezes o que ele significa para aquele líder em específico e este passa a ser o recurso de maior destaque.
Resumindo ganham reconhecimento e oportunidades aqueles tratores que passam por cima de tudo e todos para conseguir atingir seus objetivos ou aqueles que literalmente defendem o chefe a qualquer custo e fazem tudo o que ele pede.
E então eu me pergunto: qual o espaço de fato para aqueles que se dedicam, trabalham duro, entregam tudo e um pouco mais, mas não tem a mesma habilidade de fazer o endomarketing ? E quanto àqueles que eventualmente não trouxeram o melhor resultado em curto prazo, mas que identificaram a causa raiz do problema e trouxeram à tona falhas do processo e/ou da organização/gestão e propõem alternativas, eventualmente que fogem aos padrões mas que com um pouco mais de interesse da liderança podem de fato transformar a maneira como as coisas são feitas e propiciar inovação ? E quanto aqueles que estão disponíveis sempre que o empresa precisa, que abdicam do tempo precioso da vida pessoal com seus familiares para atender uma emergência, um projeto, em finais de semana, feriados, horas e mais horas extras, que dedicaram boa parte de suas vidas ao trabalho durante anos a fio … Não merecem estes pelo menos um singelo “obrigado”?
Em minha opinião o reconhecimento começa pelo respeito. Respeito ao profissional, respeito à pessoa por traz do profissional com suas características próprias, seu perfil, respeito ao que aquele profissional já fez e continua fazendo no dia-a-dia, Respeito.
Quando temos um olhar particular para cada membro da equipe conseguimos identificar seus pontos fortes e de melhoria e com isto analisar qual a melhor função para ele dentro do time e consequentemente, obter os melhores resultados. O melhor ganha-ganha. Quando temos este olhar diferenciado, conseguimos identificar qual a melhor forma de reconhecê-lo, que pode ser financeira, pessoal, ou pública. A financeira é sempre bem-vinda por todos evidentemente, entretanto é esquecida rapidamente… Vira pó passados alguns meses. Mas a pessoal ou pública (aí depende do perfil de cada um) se for sincera, marca, fica na memória.
Lembro-me da primeira vez que um Head me parou no meio do corredor para falar sobre meu trabalho – naquela época eu era analista e estava há mais ou menos 8 meses na empresa e praticamente não conversava com ele. Ele falou que tinha recebido excelentes feedbacks a respeito do meu trabalho e que eu estava superando as expectativas. Que havia espaço para melhorar minha comunicação com determinadas pessoas, mas que isto significava menos de 5% da visão que ele tinha sobre a minha entrega. Me deu parabéns, agradeceu pelo meu esforço e seguiu para a próxima reunião. Num universo de mais de 300 funcionários ele tirou 5 minutos do seu precioso tempo de Diretor para me dar um feedback! Eu nunca mais esqueci. Me senti tão valorizada, respeitada. E foi tão importante escutar o “obrigado” quanto o que eu ainda poderia melhorar.
E se você tem função de liderança (funcional ou matricial) agora meu questionamento vai para você:
Quanto tempo você dedica para conhecer seu time, individualmente?
Quantas vezes você ouviu com atenção o que seus funcionários tinham a dizer?
Quantas vezes você disse “obrigado” sinceramente por um bom trabalho feito por aquele membro da equipe em especial?
Quando dedicamos um pouquinho do nosso tempo como líderes para praticar o respeito às pessoas, o resultado vem como consequência. Começa pelo respeito. Quem é tratado com respeito, trata o outro com respeito. É o primeiro exercício do reconhecimento e da “gestão” de pessoas.