O mercado brasileiro está atrasado em Big Data ou seja, as empresas brasileiras não acordaram para a vantagem competitiva da análise e cruzamento de dados. É o que dizem 32% dos entrevistados da pesquisa do Ibramerc – Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado que ouviu 326 empresas em diversos setores em julho de 2013. O estudo foi realizado em parceria com a eBusines Brasil (Associação Brasileira de E-Business).
Uma outra pesquisa, a da empresa EMC , que ouviu 113 tomadores de decisão na área de TI mostrou que mesmo tendo noção da vantagem competitiva propiciada pelo Big Data 43% não possui nenhum plano para Big Data. É mais otimista que o resultado do Ibramerc onde esse número sobe para 49%.
Dito isso, fica claro porque são tão poucas as ofertas de emprego na área de Big Data, considerando ainda que as empresas não tenham pessoal apto para implementá-lo, como disseram 68% dos entrevistados no estudo do Ibramerc.
Exceção a esse cenário são as startups de tecnologia brasileiras que, se já não usam, tendem a entrar mais rápido no Big Data. Aí já temos casos onde o processamento e entrega de conhecimento com Big Data já é o core business. É o que ocorre em empresas como a Chaordic Systems, ou Boo-box que já viraram casos de uso na AWS. Elas estão explorando Big Data na nuvem dentro do modelo de SaaS – Software as a Service e, não por coincidência, atendem as áreas de marketing e vendas na web. Trabalham com modelos de recomendação de produtos e anúncios que alavancam vendas. Ainda nesse grupo há o Maplink que faz projetos especiais de geoprocessamento.
Tenho a impressão que essas empresas serão uma espécie de escola para novos profissionais que cedo ou tarde receberão ofertas irrecusáveis para desenvolver o mesmo tipo de trabalho nas corporações.
Outra aposta que faço é na tendência das corporações iniciarem o uso da tecnologia primeiro para baratear seus custos em Datawarehouse , Business Intelligence e Reporting e depois devem começar paulatinamente a acordar para os benefícios e as vantagens impulsionados pelos inquietos caras do departamento de marketing.
Uma das barreiras da capacitação é a palavra Cientista de Dados, esse que é descrito como o midas que vai alavancar negócios graças aos seus inúmeros talentos em montar modelos estatísticos preditivos, marketing, programação em Java e Python, modelagem Relacional e Multidimensional, NoSql, SQL, Grafos, Machine Learning, visualização, otimização de uso de bancos de dados e até, ufa!, o negócio. Além de ser um cara super bem articulado para apresentar os resultados de suas análises.
Diante de tantos requisitos, Donald Feinberg do Gartner Group faz um paralelo entre o Cientista de Dados de hoje e o Webmaster avidamente procurado no início dos anos 90. Ele lembra que naquela época as empresas que queriam fazer um website esperavam do webmaster um monte de habilidades que iam de diagramação e arte até programação e segurança de acesso. O tempo foi passando e o mercado entendeu que no mínimo precisam de um bom analista de front-end e outro de back-end.
Não duvido que existam pessoas com múltiplos talentos e que sejam capazes de atender a tantos requisitos, mas acho mais sensato pensar que a Análise de Dados em Big Data demanda ao menos dois tipos de talentos que atuam em conjunto: um na Análise e outro Engenharia/Arquitetura.
Apesar dessa aparente “cochilada” indicada nas pesquisas é muito provável que dentro das corporações os CIO’s estejam sob fogo cerrado das áreas de negócio. Elas enxergam no Big Data o diferencial necessário para a sobrevivência em um cenário econômico cada vez mais competitivo e sujeito à chuvas e tempestades.
Ainda assim, há uma expectativa de que 2014 seja o ano do Big Data. É hora de olhar seu currículo e prestar atenção na direção para qual os ventos sopram.