Numa primeira olhada, parece que não há nenhuma relação entre as eleições e os projetos, mas analisando-os no detalhe, e guardando-se as devidas proporções, percebe-se que são praticamente a mesma coisa.
As eleições e seus candidatos são regidos pelos mesmos mecanismos que os projetos.
Pegando-se o exemplo das metrópoles, nas quais teremos eleições municipais em breve, e considerando-se que a maioria de nós brasileiros, apesar de, no fundo, sermos todos nossas próprias metamorfoses ambulantes, ainda assim podemos dizer que, como no futebol e na religião, temos nossa própria velha opinião formada sobre o tema.
Em minha opinião, as cidades são como empresas e tem suas dificuldades, oportunidades e desafios da mesma forma.
Fazendo-se analogia com o mundo de TI e de projetos, podemos dizer que as pessoas que vivem nas cidades são como os usuários dos sistemas nas empresas. Todos passam por dificuldades, querem melhorar sua vida, mas não querem pagar mais impostos, assim como não querem investir nada para melhorar um sistema existente ou criar novos aplicativos. Acham que o que pagam ou que já pagaram daria para construir umas dez cidades/sistemas…
Dai vêm os candidatos. Ah os candidatos!!! Eles são a solução para todos os problemas, inclusive daqueles que a população nem tem ainda!
Alguns candidatos enxergam longe, eles identificam todas as necessidades da cidade e trazem uma enxurrada de propostas, melhorando a segurança, saúde, transporte, educação. Há outros que trazem mais que isso, mas nunca dizem o que realmente fariam “a mais”. Tem até aqueles que combinam entre si para que concorram com um oponente em comum apenas para tirar seus votos e depois se coligam para vencer a campanha. Desconfio que existam diversos ambientes corporativos em que tais artimanhas são praticadas quase que diariamente.
Tem aquele candidato que se atreve a falar a verdade. Aqueles que têm até slogan:
“Primeiro as piorias e depois as melhorias”
Esses acreditam que se deve primeiro consertar tudo que foi feito errado pelas administrações anteriores e depois pensar em construir pontes enormes e viadutos monumentais.
Nos projetos também temos essa mesma concorrência. Temos aqueles que querem implementar a mais nova tecnologia; ser a vanguarda; e outros que querem apenas consertar o que não está funcionando.
E os cidadãos? Esses só podemos dizer que vivem nas cidades e assistem às campanhas de todos esses candidatos, quase que hipnotizados e, já até conformados de que pior do que está não fica, acabam aceitando o que vem por ai. Seja uma ponte ou viaduto, seja um novo sistema.
Nessa “arena” das urnas ou dos projetos, acabam vencendo sempre os mesmos. Aquelas propostas dos grandes candidatos, que dão visibilidade, e que massacram as propostas dos candidatos menores, são sempre, como que magicamente, “votadas” pela população e acabam vencendo. Os grandes candidatos têm os grandes apoios e as grandes verbas e consequentemente a maior propaganda. Conseguem vender suas propostas muito melhor que os pequenos.
Nas propagandas desses candidatos, as tentativas e projetos da administração anterior são sempre as piores. As obras e aplicativos criados por seu partido é que são grandiosos e assim por diante.
Sempre os mesmos ganham, até que a população “acorda” do transe e revoluciona a política na região ou na empresa.
Tanto na política quanto no mundo corporativo, os candidatos/projetos que usam desses subterfúgios e sempre ganham, deixando-se de considerar o Delta orçamentário criado por suas propostas milionárias, e sempre trazem a falsa impressão para a comunidade e para os usuários de que a cidade e a empresa estão indo no caminho certo, rumo ao patamar de outras cidades/empresas no mundo.
A comunidade, ah coitada, acaba sempre como iniciou, iludida com a grandiosidade vendida naquela propaganda e com suas necessidades primárias encobertas pelas novas necessidades que foram criadas pela mais nova maravilha da natureza.
Por isso, se alguma vez você já criticou algum político, por favor reveja sua postura no mundo dos projetos em que atua pois daí, automaticamente, você criará um ambiente de justiça e confiança. Começa ai mesmo onde você atua e não lá no congresso, na câmara, na assembleia ou no gabinete.
Eleições e projetos. Que desafios para a sociedade!