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Desafios da Interoperalidade: A Integração de Dados e Processos – Parte V

publicado por Marcus Vinicius da Costa

Desafios da Interoperalidade: A Integração de Dados e Processos - Parte VEm nosso artigo anterior analisamos um diagnóstico elaborado pelo Comitê do Macroprocesso Orçamentário – Financeiro no ano de 2008, destacando as principais fragilidades – e suas respectivas distorções –  que remeteram a necessidade de implementar uma nova solução para integração de dados e processos.  Estas informações constituíram-se insumos para criação do padrão Modelo Global de Dados (MGD) e para a metodologia que o sustenta, a Modelagem Essencial de Dados.

Essa modelagem foi chamada Essencial por considerar apenas as informações relevantes para o entendimento do negócio, não se atendo aos detalhes operacionais ou tecnológicos. Como resultado dessa modelagem, tem-se um conjunto de artefatos que descreve uma visão geral e integrada, sob o ponto de vista de dados e processos, dos vários negócios mapeados.

Ela é composta por três fases: modelagem de dados, para geração do Modelo Global de Dados; refinamento do Modelo Global de Dados; e atualização do Modelo Global de Dados com visão de negócio1, incorporada à metodologia em 2010.

O MGD pode ser compreendido, de forma simplificada, como um mapa integrado e dinâmico, pouco detalhado, dos principais dados que transitam nos diversos contextos envolvidos em um macroprocesso, destinando-se, entre outros objetivos, como referência para a manutenção e para o desenvolvimento de novas versões, integradas e com alto grau de reuso, de sistemas estruturantes, em complemento ao MCD, que resolve a questão da integração de dados no âmbito de cada Organização, com vistas a compor os projetos físicos de sistemas. A medida em que se expande, os modelos de dados corporativos das Organizações (muito detalhado) poderão ser derivados do Modelo Global de Dados (pouco detalhado). Esse alinhamento entre duas camadas de modelagem de dados cria o ambiente ideal para a sustentabilidade de soluções integradas de TI.

Aplicado inicialmente no âmbito do macroprocesso de Planejamento, Orçamento e Finanças, o MGD evidenciou a eficiência e o caráter integrador de sua metodologia e notação, que permite a compreensão rápida e a análise das informações por todas as partes envolvidas, independente de seu grau de conhecimento quanto a Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC.  Tais características favoreceram sua expansão e propiciaram sua promoção à Arquitetura de Interoperabilidade para o Governo Brasileiro, incorporando-se  em 2010 à nova versão da e-PING.

Iniciava-se uma solução para integração entre dados e destes com as pessoas responsáveis por seu uso no provimento de soluções que viessem a suportar os serviços públicos e a tomada de decisão em seus diversos níveis.

Figura 2: esquema ilustrativo da Expansão do Modelo Global de Dados

Figura 2: esquema ilustrativo da Expansão do Modelo Global de Dados

 

Figura 2: esquema ilustrativo da Expansão do Modelo Global de Dados

Figura 2: esquema ilustrativo da Expansão do Modelo Global de Dados

Evoluindo o Padrão: A Incorporação da Visão de Negócio

O Modelo Global de Dados mapeia os dados, registrando não somente sua estrutura e sua semântica, mas também os processos que tratam esses dados, identificados a partir da visão de negócio. A esta arquitetura complementar denominamos Modelo Integrado de Processos (MIP) que, em baixa granularidade, de forma semelhante ao MGD, propicia uma visão de alto nível dos processos a partir do momento que perpassa os diversos contextos e domínios, ou órgãos e temas centrais de Governo, complementando a visão de alta granularidade, propiciada pelo mesmo MIP, de forma semelhante aos Modelos Corporativos de Dados (MCD).

Sem a dimensão de processos teríamos um modelo incompleto, que não acompanharia a dinâmica dos Macroprocessos, uma vez que não forneceria informação para se rastrear a vida do dado, da sua criação aos seus diversos usos e eventual descarte.  O entendimento quanto aos processos permite o reconhecimento, pelas partes envolvidas, dos responsáveis por promover a melhoria contínua dos serviços – em partes e no todo – bem como identificar aqueles que, gestores dos dados, deverão garantir sua integridade e promover o reuso pelas demais soluções demandadoras daquela informação.

Atualmente, empreendimentos em tecnologia de informação em curso no Governo Federal patrocinados pela Arquitetura e-PING de Interoperabilidade, estão utilizando os padrões que, voltados à integração de dados e processos, trazem integridade e qualidade às informações por meio do reuso e, em médio e longo prazo, permitirão manutenções evolutivas com menor custo e prazo para as organizações envolvidas.

Figura 3: esquema ilustrativo da Incorporação da Visão de Negócios ao Modelo Global de Dados

Figura 3: esquema ilustrativo da Incorporação da Visão de Negócios ao Modelo Global de Dados

Para viabilizar o Modelo Integrado de Processos e os Modelos Corporativos de Processos, foram envidados esforços, a partir de 2011, para implementação de uma Plataforma de Processos que, em padrões abertos, viabilizaria a gestão, modelagem, documentação e automação de processos a partir de um mesmo conjunto de padrões de notação e metodologia, a todo o Governo.  Esta iniciativa foi descontinuada em 2012, quando da extinção da Unidade de Integração de Dados e Processos no Serpro.

É importante registrar que estas iniciativas ocorreram em paralelo ao desenvolvimento do Guia de Gestão de Processos do Governo Federal onde, com envolvimento direto de representantes de diversos órgãos da Administração Pública Federal e Estadual, foi disciplinado um conjunto de conceitos e orientações sobre o tema, incluindo experiências e melhores práticas em contratação de serviços desta natureza, possibilitando a ampliação e a garantia de continuidade de uso dos padrões BPM (Businesss Process Management) para a futura integração de processos de Governo.

No próximo artigo apresentaremos a Dimensão Processos, os avanços alcançados no sentido da integração de dados e processos a partir do uso de um padrão para  modelagem e notação de processos de negócios e os objetivos pretendidos por meio da Plataforma de Processos.

[Crédito da Imagem: Integraçã0 – ShutterStock]

Autor

Marcus Vinicius da Costa ingressou no Serpro em 1982, atuando nos segmentos de produção de serviços, gestão empresarial, marketing e assessoria à Alta Administração, tendo tido experiências também em gestão estratégica no Ministério da Fazenda e na Companhia Nacional de Abastecimento. É pós-graduado em Organização, Sistemas e Métodos e Análise e Projeto de Sistemas, possui MBA nas áreas de Estratégia Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, e de Comunicação com o Mercado, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM. Coordenador do Projeto de Plataforma de Integração e Interoperabilidade de Serviços Públicos (P2IGov) no Serpro, foi titular da Superintendência de Integração de Dados e Processos, Unidade responsável pelo desenvolvimento dos modelos abordados neste artigo, participa da Coordenação-Geral e também como coordenador do GT 5 (Áreas de Integração para o Governo Eletrônico), na Arquitetura e-PING de Interoperabilidade para o Governo Brasileiro.

Marcus Vinicius da Costa

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