CarreiraAnálise Transacional (parte 2 de 4)

Análise Transacional (parte 2 de 4)

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Como obter o melhor resultado da relação interpessoal (parte 2 de 4)
Na primeira  parte deste artigo aprendemos que apenas 7% da comunicação interpessoal estão nas palavras, enquanto 93% correspondem à linguagem não-verbal. Apresentamos a Análise Transacional e os conceitos de Estados de Ego. Vamos entender agora como estes conceitos se manifestam nas nossas atitudes.

Estados de Ego e Maturidade

Não devemos confundir Estado de Ego com grau de maturidade de uma pessoa. De fato, esses conceitos ESTÃO interligados, mas não são a mesma coisa. Para entendermos como Estados de Ego e maturidade se relacionam, vejamos um estudo de caso:

Pode ser que, com o tempo, uma determinada pessoa que cresce em um ambiente de agressividade e violência tenha a tendência a manter-se em um Estado de Ego do tipo “Pai Crítico” mais frequentemente, até como uma reação de autodefesa às ameaças de seu cotidiano. Entretanto, muitas pessoas que crescem em um mesmo ambiente podem ter em suas atitudes mais típicas características de “Criança Natural”. Um exemplo? Milhares de famílias no Brasil vivem em favelas, em condições precárias de sobrevivência, sem que sejam atendidas completamente suas necessidades mais básicas (dois primeiros níveis da pirâmide da hierarquia de necessidades de Maslow). Nestas famílias é comum haver irmãos que cresceram juntos, mas tomaram rumos bem diferentes na vida: enquanto um optou por se envolver com a criminalidade (sim, isto É uma opção) e acabou se tornando uma pessoa predominantemente agressiva, outro, submetido às mesmas condições, manteve-se alheio a este lado da realidade e leva a vida com uma visão alegre e lúdica, tendo uma postura “natural” mesmo nas situações mais adversas do dia-a-dia.

Pelos exemplos citados até agora, o leitor pode ser tentado a rotular determinado Estado de Ego como “bom” ou “ruim”: ser Pai Crítico ou Criança Rebelde é ruim; ser Pai Protetor, Adulto ou Criança Natural é bom. Isto é um equívoco. Errado! Saibam que TODO O ESTADO DE EGO tem um lado POSITIVO e outro NEGATIVO, conforme a situação. É o que veremos a seguir.

À noite, rua escura, um homem armado se aproxima e ordena:

– É um assalto, passa a carteira!!!

Algumas reações possíveis:

– [PAI PROTETOR, passando o braço pelo ombro do meliante] Calma, amigo. Eu entendo tua dor. Abaixa a arma, vamos conversar e depois a gente passa no mercado para eu comprar uma cesta básica para ti. Vá para casa e não assalte mais ninguém.

Ou

– [ADULTO, pensativo, segurando o queixo com uma mão e o cotovelo com a outra] Não concordo com tua abordagem. O dinheiro que tenho é fruto do meu trabalho e me pertence por direito. O correto seria, ao invés de me ameaçar, me pedir ajuda, permitindo-me escolher. É mais justo comigo e é um exercício de humildade da tua parte, além de ser socialmente aceitável.

Ou

– [CRIANÇA SUBMISSA, mostrando as palmas da mão em sinal de rendição e submissão] Calma, moço! Vou te dar a carteira. Só não atire, por favor. Deixa-me ir que eu não vou gritar.

Apesar de nobre, a atitude de PAI PROTETOR será suicida, assim como de ADULTO que, naquele momento, servirá apenas para deixar o assaltante irritado e aumentar o índice de latrocínio. Casos típicos do lado NEGATIVO destes dois Estados de Ego.

Este é um caso em que fica evidente a faceta POSITIVA do Estado de Ego “Criança Submissa”. Por outro lado, a Criança Submissa mostra seu lado NEGATIVO quando obedece ao colega que o coage a experimentar droga, quando não reage ao ser tocado por um adulto em ato de pedofilia, ou quando, mesmo contrariado, cede à pressão do amigo que quer realizar um assalto e precisa de um companheiro. (Note que temos uma “Criança Submissa” em nós em qualquer fase cronológica da vida.)

Abaixo segue uma lista de características e exemplos de reações frequentemente ligadas a cada Estado de Ego, exemplos estes extraídos e adaptados de artigo cedido pela Dra. Sônia Nemi, Terapeuta Clínica com um vasto material sobre este tema e muitos outros assuntos correlatos na Internet. À Dra. Sônia, meus agradecimentos pela gentileza.

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Mas voltando à questão inicial deste tópico, agora com uma visão mais ampla do assunto, chegamos à relação entre Estados de Ego e maturidade. Permita-se alguns minutos de reflexão sobre a conclusão abaixo:

“MATURIDADE É A CAPACIDADE DE MANTER-SE NO LADO POSITIVO DOS ESTADOS DE EGO”.

MUDANÇAS INSTANTÂNEAS E AS INTERAÇÕES SUSTENTÁVEIS E EXPLOSIVAS

Na primeira parte deste artigo eu exemplifiquei de forma simplificada e didática algumas alterações de Estados de Ego que ocorreram comigo em uma situação real. Citei apenas algumas das CENTENAS de mudanças que ocorreram naqueles poucos instantes do meu dia. Tais mudanças ocorrem muito mais vezes do que as que conseguimos nos lembrar.

No almoço, enquanto saboreamos uma garfada apetitosa daquela lasanha que escolhemos no buffet (Criança Natural), pensamos na solução de alguma situação profissional (Adulto); de repente vemos uma criança na mesa ao lado se recusando a comer, desobedecendo a mãe (instantaneamente passamos a Pai Crítico). Uma senhora de idade tropeça ao passar pela nossa mesa. Mesmo que ela se equilibre e nem precisemos ajudá-la, passamos rapidamente a Pai Protetor. Tudo isso ocorreu em menos de 5 segundos!

Voltando aos conceitos básicos da AT, notamos que nosso Estado de Ego instantâneo é resultado de como processamos os estímulos externos, que podem depender do Estado de Ego da pessoa com quem estamos interagindo (explícita ou tacitamente). Há diversas reações típicas para cada possível interação. As interações podem ser divididas em “sustentáveis” e “explosivas” (ou ESTÁVEIS e INSTÁVEIS, aos que estudaram “Análise de Sistemas de Controle” na faculdade).

Interação SUSTENTÁVEL (ou ESTÁVEL) leva ao entendimento, aceitação racional, conscientização, cada um abrindo mão de parte do que deseja ou defende para um bem maior.

Interação EXPLOSIVA (ou INSTÁVEL) resulta em discórdia, conflitos intermináveis (de ideias ou físicos), relações de submissão autoalimentada, passividade servil, círculos viciosos ou traumas em relacionamentos.

Na terceira parte deste artigo iremos explorar melhor as diversas interações entre os Estados de Ego e entender como podemos utilizar estes conhecimentos para conduzir o rumo de nossas conversas.

Rodrigo Lodeiro
Rodrigo Lodeiro, nascido em 30/03/73 em Porto Alegre/RS, reside em São Paulo desde 2002. Engenheiro Eletricista formado pela Universidade Federal do RS e Pós-Graduado em Gestão de Projetos com ênfase no PMI. Carreira iniciada como programador Assembler para equipamentos de Automação Comercial, atuou como Analista de Sistemas, Coordenador de Desenvolvimento de Sistemas, Gerente de TI e Gerente de Projetos, função exercida nos últimos 7 anos.

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