As empresas estão procurando profissionais com iniciativa, que sejam jovens, empreendedores e autônomos. Contudo, na prática, elas têm se mostrado despreparadas para receber esses profissionais.
Se observarmos as principais características encontradas em candidatos de programas de “trainees gerenciais”, descobriremos jovens que: falam mais de um idioma, sendo o inglês fluente; possuem um elevado nível educacional, inclusive com especialização; são solteiros e pensam em ter apenas um filho, se vierem a se casar no futuro; mantêm uma excelente rede de relacionamentos distribuída por todo o planeta, inclusive em empresas concorrentes.
E não para por aí. Eles gostam e valorizam experiências multinacionais, pois não estabelecem vínculos profundos com seu país de origem e curtem artes, esportes e leitura, mesmo que de forma superficial. Também apresentam com orgulho suas conquistas e querem ser reconhecidos por seus resultados, mas não se preocupam demasiadamente com as hierarquias, chegando muitas vezes a desprezar a “cadeia de comando”. Além disso, possuem total intimidade com as novas tecnologias e querem construir carreiras brilhantes.
Não é de admirar que os gestores, em sua maioria, sejam resistentes quando se relacionam com esses jovens. A possibilidade de a Geração Y possuir muito mais habilidades é enorme, e isso provoca uma reação dos líderes, que se sentem ameaçados por toda essa competência.
Mas essa situação teve sua origem nas próprias expectativas dos pais e nas exigências das empresas e de seus gestores. Durante os últimos anos, pais se empenharam em habilitar os filhos, criando diferenciais que pudessem posicioná-los de forma vantajosa perante outros profissionais. Da mesma maneira, gestores buscaram formar times que tivessem a melhor qualificação, para garantir seus próprios resultados.
Recentemente, um grupo de recrutadores apresentou os principais requisitos que um candidato a uma posição gerencial deveria ter. Evidentemente, eles estavam procurando profissionais que atendessem às exigências dos gestores que haviam solicitado o recrutamento.
Foram listadas onze características:
- Visão estratégica e sistêmica.
- Sintonia com os clientes.
- Competência técnica e estratégica.
- Negociação.
- Valores pessoais.
- Sintonia com a missão e os valores organizacionais.
- Orientação para resultados.
- Liderança.
- Espírito de equipe.
- Ação.
- Motivação/energia.
E enquanto os gestores estão procurando um verdadeiro “super-profissional”, os pais querem fazer de seus filhos jovens superdotados que possam preencher essas vagas. Isso não é negativo. Na verdade, é ótimo que se busque qualificar os jovens cada vez mais. O que torna o atual momento vulnerável é o direcionamento que está sendo dado a esses jovens.
A Geração Y possui muitas características marcantes e interessantes, mas ela precisa aprender a lidar com seu talento e habilidade. As empresas buscam um profissional competente, mas muitas vezes esquecem que seus próprios gestores possuem um papel decisivo na formação dessa pessoa. A omissão ou o comprometimento deles é que determinará o caminho que os jovens profissionais tomarão em seu desenvolvimento.
O grande desafio das organizações é alterar esse modelo de desenvolvimento. A melhor solução é flexibilizar os modelos, permitindo que todas as gerações possam utilizar o que têm de melhor – experiência ou habilidades – para se complementar.
[Crédito da Imagem: Talento – ShutterStock]