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Como escolher a inovação certa no momento certo

publicado por Cezar Taurion

Hoje vivenciamos um momento diferente na adoção de tecnologias pela sociedade. O seu eixo impulsionador passou das empresas para o usuário final. O fenômeno da consumerização implica que a influência dos dispositivos pessoais, o paradigma das lojas de apps, jogos, serviços de mídias sociais, usados pelos funcionários das empresas, como pessoas físicas no seu dia a dia, demandam expectativas que eles também sejam usados nas suas atividades profissionais. Os funcionários se comportam mais como consumidores, exigindo uma escolha mais ampla de dispositivos, explorando novos dispositivos de consumo e novas aplicações a partir das lojas de aplicativos. Como resultado, as distinções entre o papel de uma pessoa como um funcionário e como consumidor estão mais turvas do que nunca.

Observamos que entre os eventos mais concorridos por profissionais e gestores de TI estão, atualmente, o CES (Consumer Electronics Show) e o MWC (Mobile World Congress). Eles eram eventos quase que exclusivos para o mercado consumidor e agora estão cada vez mais relevantes como eventos corporativos. São emblemáticos do fenômeno da consumerização. E o mais assustador é que a velocidade das transformações é cada vez mais acelerada. Um exemplo? O comércio eletrônico, cujas primeiras lojas virtuais surgiram aqui no Brasil por volta de 1995, já faz parte do nosso cotidiano. Não conseguimos mais imaginar a vida sem as facilidades do e-commerce. O mesmo acontece com smartphones e tablets. Não são mais gadgets para usuários “early adopters”, mas parte do nosso dia a dia comum. E não custa nada lembrar que o primeiro iPhone surgiu em 2007 e o iPad em 2009. Ou seja, praticamente ontem.

Esta mudança de eixo de influência provoca rupturas na maneira de como TI gerencia as tecnologias. Por exemplo, uma empresa como a Apple focada no consumidor final, passa a fazer parte do portfolio de fornecedores de tecnologia da sua empresa, embora continue focada no consumidor. A Apple não oferece suporte corporativo como as empresas voltadas para o mercado empresarial oferecem. Isto leva a mudanças na maneira de como as tecnologias entram na organização e o modelo tradicional de homologação, adotado pela maioria dos gestores de TI, já se mostra inadequado para a velocidade das mudanças tecnológicas. Recomendo dar uma olhada nesta rápida apresentação do editor executivo do InfoWorld sobre a consumerização de TI. A conclusão é óbvia: TI deve repensar suas políticas de adoção de novas tecnologias. TI não é mais o pastor que cuida das ovelhas.

Mas o grande desafio diante das velocidades cada vez mais aceleradas de surgimento e adoção de novas tecnologias é saber em quais realmente apostar.

Alguns anos atrás li um livro que ajuda a aumentar as chances de acerto e que recomendo enfáticamente. O livro é “Mastering the Hype Cycle: how to choose the right innovation at the right time”, de Jackie Fenn e Mark Raskino, que foram os analistas do Gartner que criaram a famosa curva do Hype Cycle. Interessante que a curva do Hype Cycle é constituída de duas curvas. Uma é o lado mais emocional, de “exuberância irracional”, que é uma curva em sino e representa muito da expectativa e atração que temos pelas novidades. A outra curva é a da real adoção de uma tecnologia, que é uma curva em “S” e representa o lado mais racional. É a curva de maturação tecnológica. Juntando as duas, criou-se a curva do Hype Cycle.

O desafio é que quando no início da curva de adoção a tecnologia está ainda meio escondida, ou seja, frequenta muito mais as páginas da mídia especializada do que realmente usada na prática. Aqui um lembrete: existe uma relação diretamente inversa e proporcional entre notícias na mídia e uso de uma tecnologia. Quando ela é hype, está na mídia e nos eventos. Mas poucos a estão usando. Quando sai do noticiário é que as empresas a estão adotando massivamente. Basta ver os exemplos do Linux e dos bancos de dados relacionais. Quase se não se ouve mais falar nestas tecnologias, pelo simples fato que já fazem parte do nosso cotidiano.

Portanto, as áreas e os gestores de TI das empresas têm belos desafios pela frente. A consumerização é um fato e devemos saber lidar com ela. Proibir a entrada de smartphones e tablets será impossível. Por outro lado, a empresa tem que se ater a análises de riscos para evitar danos sérios. Um redesenho da política de adoção de novas tecnologias na empresa é o primeiro passo e deve ser dado o mais rapidamente possível. Afinal, não sabemos o que virá daqui a dois ou três anos, portanto, muito trabalho ainda vem por aí!

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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