É impressionante a quantidade de profissionais que atualmente deixam seus empregos em busca de “novos desafios”. Muitos abandonam carreiras estruturadas e sedimentadas em troca da emoção do novo, algo que possa trazer de volta um sentimento de expectativa e até de insegurança, como o que esteve presente no início da carreira profissional, quando tudo era novo e muitas vezes representavam uma ameaça à manutenção do emprego.
O que parece estimular essa busca constante por uma trajetória empolgante e com possibilidades de grande reconhecimento são as transformações que a carreira sofreu nos últimos anos. A vida profissional expandiu-se. Já não podemos mais falar de meros 35 anos de carreira, pois, com o aumento da expectativa de vida, percebemos que não só precisaremos, mas, também desejaremos trabalhar e desenvolver trajetórias mais diversificadas.
Muitas vezes a busca por “novos desafios” surge de fatores subjetivos, como ambiente de trabalho ou atuação das lideranças. Entretanto, alguns profissionais transformaram o tema em estilo de vida, saltando de emprego em emprego, atrás do melhor local para se trabalhar. Muitas vezes, a ruptura esconde interesses e expectativas frustradas, tais como um aumento salarial ou uma promoção que não aconteceu, o que acaba trazendo consequências.
Esse fenômeno é muito positivo quando observado em profissionais mais veteranos, pois pode significar a descoberta de uma segunda carreira, trazendo benefícios pessoais e também corporativos, afinal, o conhecimento tácito, adquirido em anos de trabalho, certamente se transforma em um potencial extremamente produtivo nas novas atividades. Há, entretanto, um lado perverso nesse fenômeno, que é quando essa busca acontece com profissionais novatos. Para eles, os efeitos são bem diferentes e interferem profundamente na sua formação.
Um jovem profissional, novato em um emprego, não recebe, inicialmente, os desafios de maior valor. O mais comum é que o valor dos desafios sejam apresentados de forma crescente, à medida em que são superados. Contudo, quando há diferenças nas expectativas e o jovem aventura-se em um novo emprego em busca de “novos desafios”, o que ele alcança, de fato, é uma redução no valor dos desafios, pois torna-se novato outra vez e sua trajetória recua algumas etapas.
Seja qual for o motivo para a decisão de ruptura, é fato que ela deixa marcas na trajetória do profissional, por isso, é muito importante considerar se realmente está em busca de novos desafios ou apenas se desviando dos desafios que encontra pelo caminho.
Isso irá determinar se sua estratégia de carreira é vitoriosa ou apenas um fuga, afinal, algumas vezes os desafios estão exatamente onde você deixou.