Gerência de Projetos

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Arquitetura Corporativa – Parte 1: Panorama Geral

publicado por Alexandre Eduardo Oliveira

O desenvolvimento de um departamento de arquitetura corporativa nas organizações ainda é um desafio a ser superado. Essa afirmação não se aplica somente às organizações brasileiras, mas por todo o mundo é possível observar casos de fracasso na implantação dessa área devido a diversos fatores, muitos deles políticos e culturais.

Um time dessa natureza tem por missão principal alinhar negócio e as frentes tecnológicas (desenvolvimento, infraestrutura, etc.) com as diretrizes estratégicas da organização, provendo-a de soluções, direcionamentos, padrões e boas práticas que a ajudem a atingir sua missão e visão.

Por natureza e definição, esse tipo de time é difícil de ser formado, gerido e mantido. Mais que isso, é complicado e bastante trabalhoso vencer algumas barreiras à sua plena atuação.

Abaixo uma lista bem sucinta de complicadores e desafios relacionados a criação de um departamento como este:

  • Diversidade de Skills: a base para um time de arquitetura corporativa é a diversidade de skills técnicos e também dos ditos soft skills. Não é simples reunir profissionais com viés de tecnologia e inovação, de negócio, de infraestrutura e de sistemas em um mesmo time. Mais que isso, esses profissionais devem possuir fluidez por entre os demais times, o que exige um perfil de comportamento e postura associado ao técnico que é relativamente difícil de se encontrar hoje em dia. Isso exige um esforço considerável de seleção e RH, e um gestor extremamente preparado para auxiliar todos esses temas a convergir na direção estratégica para a qual a empresa aponta;
  • Empowerment: é muito importante que o time de arquitetura corporativa receba certo empowerment dos CFOs e CIOs. Um time de arquitetura tende a ser intrusivo quando se trata de boas práticas e adoção de tecnologias, e com certeza precisará ter o apoio do board para levar a cabo a implantação de tais ideias junto aos demais times da organização;
  • Percepção de Luxo: muitas empresas ainda veem arquitetura como um luxo. Essa sim é uma característica que pode estar mais presente no Brasil. Isso porque nossos profissionais técnicos são muito competentes, criativos e em boa parte são autodidata, o que gera uma falsa sensação de que não é preciso ter um time de arquitetura atuando ativamente;
  • Indicadores de performance: é raro encontrar empresas que consigam gerar indicadores de performance para o time de arquitetura corporativa. Isso dificulta bastante o fomento da percepção de valor agregado para o board, e faz com que o departamento não se sustente por muito tempo;
  • Alinhamento estratégico: manter o constante alinhamento estratégico com o board da empresa nem sempre é uma tarefa fácil. Garantir que o alinhamento seja propagado adequadamente pelos níveis hierárquicos da organização é um desafio ainda maior;
  • Resistência: os times mais técnicos ainda veem o time de arquitetura corporativa como um bloqueio à sua liberdade e criatividade. O que não é verdade, mas é uma cultura bastante presente na maioria das empresas.

Mas, se parece complicado estabelecer este time, sua visão, sua missão e seus valores, igualmente (ou mais) complicado é mantê-lo. Pelas características do perfil de profissionais exigidos para essa função, conforme mencionado acima, o turnover é alto e a reposição nem sempre fácil. Por isso, o plano de retenção de talentos precisa ser bem planejado, elaborado e suportado pela organização.

Pela complexidade dessa operação, é bastante desejável que a implementação deste departamento possua um plano de projeto (seja tratado como um projeto/programa de fato), e seja acompanhada por um Gerente de Projetos qualificado. A estruturação na forma de projetos, utilizando os processos das áreas de conhecimento do PMBOK, principalmente a gestão de RH e de comunicações, podem ajudar bastante, mas talvez o que defina o sucesso é ter um sponsor que compreenda os custos e benefícios da atuação dessa frente de trabalho.

Nos próximos artigos dessa série, veremos porque implementar esse departamento e como as áreas de conhecimento do PMBOK poderão nos ajudar a planejar o processo de implementação.

Autor

Trabalha em TI desde 1998, passando por algumas empresas que agregaram muito a sua carreira, como JBS (Friboi) e BM&FBovespa, onde atualmente é coordenador da área de arquitetura corporativa. Ao longo desse tempo, atuou em projetos imensos, nacionais e internacionais, e teve contato com empresas e profissionais surpreendentes e inovadores. Com boa parte da sua carreira voltada a tecnologia, TI é sua vocação e paixão. Nos últimos anos descobriu um enorme prazer pela gestão de pessoas e de projetos de TI, e vem direcionando sua carreira nesse sentido. Email: ale.edu.oliveira@gmail.com

Alexandre Eduardo Oliveira

Comentários

3 Comments

  • Muito boa reflexão sobre o assunto, e que traz um entendimento importante sobre a necessidade de organizar esta área nas empresas. Principalmente para aquelas que estão chegando a níveis de maturidade mais evelvados.

    Parabéns.

    • Olá Julio, muito obrigado. Confira os demais artigos da série. acabei de enviar o terceiro artigo para revisão e o quarto está sendo elaborado.

      Obrigado pela leitura e comentário.

      Alexandre

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