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Updatezinho, cafunezinho e tupãzinho em TI

publicado por Davambe

O jardim era belo, com todas as flores com as quais paga o dote para os apreciadores de beleza. Era primavera e os dois estavam a caminhar com suas choraminhices. A tucana dizia sentir saudades do pai, embora morasse na mesma casa. Ele chegava tarde e saia cedo. Porque alguém na companhia onde trabalhava, estava acompanhando um processo de restauração de informação que a Zebra se dignou a comitar um updatezinho na tabela price. Magodane ouvindo atentamente a sua amiga a falar lembrou-se das influências, rasgos e cutucadas que as línguas estrangeiras dão na nossa.

“Imagino como sentes a falta de um cafuné”, disse em tom de brincadeira. Afinal ele achava que devia haver um protetor de segurança como aquele antivírus para proteger a nossa língua das invasões. Continuavam a caminhar a esmo no jardim, como se estivessem em busca de um caminho que os levasse ao paraíso, com um jardim muito maior ainda. Eram, de certa forma, egoístas? Talvez alguém entre eles. Eram dois apaixonados, certamente seus corações não tinham espaço para guardar mágoas.  Alguém estava atento para ouvir o que outro falava, fossem choraminhices ou mesmo um gesto de arremessar uma pedra no lago que fazia refletido o sol. Não podiam, isso sim, deixar que o sol deitasse sobre suas cabeças e pele. Muito haviam ouvido sobre os danos que ele podia causar a quem se arriscasse sem protetor. O brilho não era só privilégio da água com o sol, mas havia brilho em seus olhos, causado pelo sentimento plural entre os dois.

“Estava cá a pensar sobre aquele antivírus contra a invasão da nossa língua”, disse ele. Ela entendeu que era desafio, então devia costurar um diálogo que consistisse na construção de frases com uso de palavras de origem estrangeira. Ela devia apresentar discurso com intervenção de inglês e ele com a origem bantu.

Comitar uma transação”,  disse ela.

“Obrigado pelo cafuné”,  disse ele.

“O que seria da nossa língua sem um updatezinho.”

“Eh, seria como um dia sem cachaça?”

“Isso não, absolutamente não.”

“Pé de moleque?”

Foi então que ele começou a enumerar várias palavras cuja origem é banta e foram definitivamente incorporadas ao português de cá, a saber: Carimbo, Cachimbo, Bunda, entre outras.

Não houve vencedor por que ela também enumerou várias palavras, mas não era para haver vencedor, todos eram vencedores, pelo fato de estarem ali juntos. Era em si uma vitória. Duas vitórias que os pertenciam.

Quando ele chegou à sua casa comentou sobre esses discursos de um apaixonado, mas mal terminou de contar, sua empregada – que era de origem americandia – começou a falar sem parar: Tupã, Guarani, Ibirapuera, Anhangandava, etc e etc.

Autor

Consultor de TI, com mais de 25 anos de experiência, Escritor. Autor de "O Segredo da Felismina", "Tanto Lá Quanto Cá" e "A Sereia de Tupa". Email: geraldo.nhalungo@davambe.com.br www.davambe.com.br

Davambe

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