Vou pegar o gancho de um artigo recente escrito por Luciano Pires, do Portal Café Brasil – para quem não conhece, eu recomendo a leitura. O artigo do Luciano fala sobre o atendimento recebido por ele quando ligou para o suporte do AdWorks® da Google. Fala do comprometimento e do senso de responsabilidade dos atendentes e de como ele ficou satisfeito e surpreso com a qualidade daquele atendimento.
Então eu quero hoje conversar sobre a responsabilidade do seu time no que concerne a documentação. Imagine que seu produto chega às prateleiras e é vendido ao Zé da Silva. O Zé chega na casa dele, abre o pacote, prepara-se para a instalação do produto.
Logo de cara, o processo abre um wizard de instalação, uma tela bonita, bem desenhada. Como o seu produto é vendido também para outros 10 ou 12 países, todo o original é produzido em inglês e depois você terceiriza o processo de tradução. O Zé, que fala português muito bem, pois é professor universitário e tem uma taxa de leitura acima da média, logo percebe a quantidade de erros crassos, bem ali, na primeira tela do seu lindo wizard.
E os erros se repetem, embora não impeçam o Zé de continuar o processo de instalação e utilização do software. Mas o Zé fica incomodado – para ele, aquela falta de cuidado com a Língua Portuguesa é algo imperdoável, provocativo demais. Em alguns momentos, os erros chegam a atrapalhar sua concentração na tarefa que executa. Ele se frustra, se indigna, e acaba por fazer uma busca por outros produtos que possam lhe dar as mesmas funcionalidades, mas que demonstrem um pouco mais de respeito por seu idioma. Ele também faz uma propaganda negativa entre seus colegas de universidade, e deixa de indicar o produto como uma boa opção aos alunos.
Entenderam o cenário? Perceberam que, aquilo que para uns foi um simples errinho, algo na tela que não diminui em nada a capacidade do software de produzir bons resultados, para outros se torna uma afronta pessoal?
O processo de tradução de um software faz parte do ciclo de vida da sua documentação. O cuidado ao escolher seus fornecedores, medindo seu nível de qualidade e comprometimento com o resultado, é algo imprescindível se você quiser ter um bom produto final em outros idiomas. Mais uma vez, não importa o quão maravilhoso é o produto, tudo que o usuário vê é aquilo que está na tela. Um bom conteúdo embalado em papel de pão amassado não causará o impacto de mercado necessário a uma boa penetração.
Portanto, responsabilize-se – meça periodicamente a qualidade da tradução do seu produto. Se sua empresa não tem tamanho e condições de manter uma equipe in-house que garanta esta qualidade, procure por serviços terceirizados de empresas com background garantido e validado pelo mercado.
Sua equipe de redação técnica também pode auxiliá-lo no trabalho. Em muitos casos, esses profissionais são proficientes em mais de um idioma e podem fazer validações sobre samples do produto final da tradução. Entenda que o redator técnico não é um tradutor e não deveria, no geral, fazer trabalhos de tradução end-to-end. No entanto, a verificação dos resultados pode, e deve, fazer parte de suas atribuições, uma vez que é ele o responsável pelos originais da documentação.
Se sua equipe de testes recebe o software traduzido para verificação geral da funcionalidade, peça que um ou dois no time atenham-se a verificação do produto traduzido, dentro de seus conhecimentos do idioma. Também é comum, em times de TI globalizado, que muitos sejam descendentes de italianos, espanhóis, japoneses, alemães. Se você for um gestor que conhece bem seu time, será razoavelmente simples para você atribuir a tais pessoas algumas horas de verificação do produto final traduzido.
Esse procedimento dará ao time como um todo o senso de responsabilidade pelo produto final apresentado ao cliente. Explicar e evidenciar ao seu time que aquilo que vocês vendem não é código, ou testes, ou manuais, mas sim um pacote completo, lhes dará um senso de comprometimento que, além de ser benéfico para a empresa, será importante para a elevação do moral e da integração de todos.
Não permita que cada um viva apenas “no seu mundinho”. Responsabilidade é o nome do jogo, e ela deve começar por você.
Excelente artigo Sarah, continue sempre nos brindando com artigos como esse. Obrigado.
Sarah,
Seu artigo foi uma delícia de ler.
Apreciei sem moderação e estou recomendando a leitura.
Abraços
Rapanelli