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Quando existe fluxo, existe colaboração e inteligência

publicado por Luiz Algarra

A colaboração não é uma ação, atitude ou comportamento. Nem surge de uma intencionalidade, necessidade ou princípio ético. A colaboração é uma dinâmica intrínseca à auto-regulagem dos sistemas sociais humanos.

Todo sistema social humano pode ser chamado assim porque os humanos que o integram conservam seu viver conservando sua integração com o sistema, e conservam o sistema porque ele surge a partir da conservação do viver de cada um em acoplamento estrutural a este sistema. Ou seja, sistemas humanos são sociais apenas nos contextos onde o viver do outro é tão válido para alguém como é o seu próprio viver.

Não estou indicando uma utopia, apenas relembro de que modo nos constituímos como humanos em nossos nichos primatas, tribais e depois matrízticos, durante milhares de milhares de anos. A conservação do núcleo fundamental de nossa espécie, onde os filhotes eram cuidados, os alimentos eram colhidos e repartidos por todos, as interações eram carinhosas e o coito era uma possibilidade constante, veio a nos constituir como humanos que somos, imersos na linguagem.

Essa perspectiva que traz o homem como um ser constitutivamente co-operativo, capaz de manter coordenações de coordenações mesmo tendo um sistema nervoso fechado, pode parecer idealizada demais, principalmente quando olhamos ao nosso redor nos dias de hoje, mas vale lembrar que é muito recente em nossa história a impessoalidade no submetimento de outros homens, data de no máximo quarenta mil anos.

Não pretendo resgatar aqui toda a epigênese civilizatória que nos trouxe até esta configuração de Homus Arrogans, mas gostaria de lembrar que basta reunir algumas pessoas, principalmente jovens e crianças (desde que criados como humanos), em uma situação sem tensão ou exigências, para vermos emergir comportamentos de amizade, alegria e bem-estar.

Entretanto, considerando os cenários altamente competitivos das instituições das quais fazemos parte (empresas, escolas, igrejas, esportes, etc), a criação de contextos, espaços e oportunidades de encontro humano livre e autêntico, exige abordagens estruturadas, planejamento adequado e conhecimentos sofisticados.

A transição das estruturas hierárquicas pautadas pelo comando-e-controle, para as matrizes reticulares, auto-reguladas pela livre expressão dos indivíduos, exige algum tipo de abordagem estruturada. Talvez aí possamos falar em inteligência colaborativa, não como uma valor a ser desenvolvido em grupos humanos, mas como uma linha de ação que venha reconfigurar o uso do tempo, dos espaços e dos acessos entre as pessoas de modo a resgatar seus fluxos de convivência co-inspirativos.

Dizendo de outro modo, a assim chamada inteligência colaborativa pode ser entendida como um conjunto de estratégias que venham a promover a reconfiguração das estruturas hierárquicas de uma organização, na abertura de oportunidades adequadas e possíveis, para que as pessoas possam apenas fluir o que já é inato ao ser humano, a colaboração.

Autor

Designer de fluxos de conversação para grupos humanos, sejam empresas ou instituições. Fundador do Instituto InterSistêmico, atua como mediador em eventos e encontros de pessoas que buscam autoregulação para melhores resultados e bem-estar. ATIVIDADES ATUAIS Participa de diversos processos de construção de diálogo na Natura e integra o Advisory Board do projeto de inovação Rede Natura. Atende como consultor ao desenvolvimento humano e integração da equipe do Pátria Private Equity. Atua como consultor para inovação no Grupo Bio Ritmo, líder de negócios em fitness no Brasil. Atende a Porto Seguro em encontros transversais para inovação e atendimento ao cliente. ALGUMAS REALIZAÇÕES Fundou e desenvolveu a Papagallis – Aprendizagem Informal até 2010. Conduziu e orientou encontros de conversação entre governo e população do Movimento Minas no Escritório de Prioridades Estratégicas do Governo de Minas Gerais, através da Integrare. Colaborou com o Itaú através da Gaia Creative na ativação da rede do Programa de Finanças Sustentáveis Itaú. Participou ativamente da construção da rede do Ciclo de Novas Profissões, um projeto da Fundação Telefônica. Concebeu e implantou os processos da inovação de ensino-aprendizagem dos callcenter Vivo de todo o Brasil e ativou conversações para a inovação das políticas de sustentabilidade da Vivo. Integrou a equipe como um dos principais responsáveis pela criação e implantação do projeto da TV Escola Digital Interativa, para o Ministério da Educação na equipe de Cristovam Buarque. Se faz presente na internet desde 1994, liderando iniciativas pioneiras em educação, inclusão e novos negócios a partir da cultura digital. Produz, mantém e compartilha conteúdo próprio em blogs e redes sociais como plataforma de co-inspiração e construção de novos conhecimentos. FORMAÇÃO Cursou Jornalismo na PUC/SP e Certificação em Biologia Cultural com o Prof. Humberto Maturana e Ximena Dávila, da Escuela Matriztica de Santiago. Site: luizalgarra.blog.br

Luiz Algarra

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