No último texto falamos sobre qualidade na aquisição de software. Neste, vamos discutir a efetividade dos treinamentos para a qualidade.
Treinamento não traz melhoria na qualidade!
Qual a primeira reação que temos quando nos deparamos com uma afirmação destas?
Certamente é a de que deve haver algum engano na afirmação! Não, não há nenhum engano. A afirmação está justamente colocada de forma provocativa para que possamos entender que qualidade não é alcançada na organização com a simples contratação de cursos de qualidade. É necessário instalar um programa efetivo de educação para a qualidade.
É necessário aprendizado constante para a qualidade. É necessário que o aprendizado para a qualidade seja difundido por toda a organização. Qualidade precisa se tornar parte da cultura, parte da engrenagem dos processos da empresa.
Esta argumentação está fundamentada no 13º Princípio para a Qualidade proposto por W. E. Deming: Instituir um vigoroso programa de educação e encorajar o auto-aprimoramento.
O que está por trás deste fundamento é a diferença que há entre treinamento e educação.
Deming afirma que adquirir e implantar um treinamento para o desenvolvimento de determinada competência é algo restrito, finito, que termina quando as habilidades para tal competência foram alcançadas. Porém, a educação é algo que não tem fim. É um processo constante. Assim é a qualidade. Necessita de um ciclo constante de melhoria.
Com base nesta constância, Deming desenvolveu o que hoje é conhecido por Ciclo de Deming, ou Ciclo “PDCA”. Estritamente, é um processo de controle para o desenvolvimento e venda de produtos e serviços de qualidade. Pode e deve ser usado nas diversas organizações, de diferentes setores e não apenas na indústria, onde foi inicialmente aplicado.
Apenas para ilustrar a abrangência do ciclo de Deming, a norma ISO 9000 adota o ciclo “PDCA” como processo base ao gerenciamento do sistema da qualidade.
Mas a educação para a qualidade vai além de um processo de gestão. Como já dito anteriormente, é um processo que precisa se tornar parte da cultura da organização.
E como transformar treinamento em educação e educação em cultura?
É simples, mas não é fácil. O caminho é elementar mas árduo, como todo processo educacional e cultural!
As pessoas podem e devem aprender umas com as outras.
A participação em treinamentos deve ser incentivada, assim como a disseminação destes para a organização. Isto vale para workshops, palestras, feiras e congressos.
Visitas a outras organizações é uma excelente fonte de aprendizado. Permite verificar na prática o que se está fazendo em outros lugares, trocar experiências com outras culturas.
Na realidade manter um constante aprendizado no seu trabalho / processo permitindo que novas idéias sejam testadas e implementadas.
Uma técnica ao processo educacional é popularmente chamada de: 50 x 50 x 50. Diz-se que, para mudar a cultura é necessário falar a mesma coisa 50 vezes e aí, nada acontecendo, repete-se a mesma coisa mais 50 vezes. Provavelmente neste momento as pessoas começam a escutar e a se movimentar lentamente na nova direção proposta. É hora de falar mais 50 vezes a mesma coisa para que as coisas comecem a acontecer. Se não funcionar, repita o processo!
Isso significa que a mudança cultural só é conseguida através de muito esforço e constante direcionamento. É necessário controle e determinação.
Assim é a qualidade: Treinamento não traz melhoria de qualidade, mas educação sim!
Em nosso próximo texto vamos falar sobre Qualidade em TI – A gestão da qualidade impacta a produtividade.
[Crédito da Imagem: Treinamento – ShutterStock]