Redes & Telecom

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OSS Transformation – Parte 1

publicado por jose.barreto

Imaginem um operador de telecomunicações (sendo fixo ou celular – CSP – Communication Service Provider) ter que operar, supervisionar e gerenciar uma rede de elementos (chamemos de NEs) completamente fragmentada e que inclui dispositivos usados para fornecer diversos serviços através de uma infra-estrutura desenvolvida por diversos fornecedores (suppliers). Dependendo da tecnologia e do supplier cada elemento é gerido por uma ferramenta (neste caso EMS – Element Manager System) distinta uma da outra. Apesar de terem conceitos e funcionalidades semelhantes, na maior parte das vezes são incompatível uma das a outra.

Figura 1. Rede de operações

Figura 1. Rede de operações

 Agora, voltem a imaginar que o mesmo CSP deseja expandir o seu negócio com a introdução de ofertas de novos serviços, o que pode requerer a introdução de uma nova tecnologia ou um novo domínio na rede já existente. Parece complicado, mas isso é só o começo.

Figura 2. Expansão da Rede de Operações e Supervisão

Figura 2. Expansão da Rede de Operações e Supervisão

 

Além disso, e por exemplo, imaginem que em redes complementares – ou seja – que possua várias tecnologias ligadas entre si (por exemplo, acesso celular com backbone IP ou outro), aconteça um problema – um alarme – que se propaga nessa mesma rede. Nesse caso em particular, põem-se as perguntas: Como e o que deveria ser feito para localizar a fonte do alarme? Quanto tempo seria necessário para isolar esse problema? Quantos EMS seriam necessário aceder a fim de resolver o mesmo?

Figura 3. Propagação de alarmes numa rede integrada

Figura 3. Propagação de alarmes numa rede integrada

 

Seria um completo caos, não é?

Seria, ou melhor, em alguns casos ou CSPs ainda o é.

Pois bem, o conceito de OSS transformation apareceu não só como uma nova oportunidade de negócios encontrada por fornecedores de Telco (como por ex. ALU, Ericsson, NSN, etc) e de IT (IBM, HP, CA, etc), mas também como uma solução para reduzir a complexidade de processos num ambiente de supervisão e operação de um CSP.

Além dos objectivos acima referidos podemos enumerar alguns outros, como por exemplo:

  • Automatização de processos, tal como, activação de novos serviços, criação de “trouble-tickets” , resolução de problemas.
  • Redução no tempo de resolução de falhas
  • Redução do OPEX nas operações e suportes
  • Aumento na satisfação de subscritores de serviços (clientes finais) – reduzindo o “churn” do operador
  • Visão End-to-End de uma rede telecomunicações
Figura 4. OSS Transformation – incluindo algumas soluções End-to-End

Figura 4. OSS Transformation – incluindo algumas soluções End-to-End

 

Percebendo dessas vantagens, os CSPs têm iniciado a reformulação (e em alguns casos, renovação) de seus ambientes de OSS com a inclusão de componentes capazes de integrar os sistemas já existentes, recolhendo informações de diversos elementos de diversas tecnologias e domínios.

A partir dos dados recolhidos, esses sistemas poderão executar tarefas pré-defindas pelo operador, automatizando assim alguns de seus processos, ou então apenas apresentando resultados das analises efetuadas a partir desses dados/eventos. Podemos citar como exemplo, a evolução da performance da rede, a listagem pré-processada de alarmes, lista de inventário da rede e serviços, etc.

A eficiência dos resultados obtidos numa operação de transformação do OSS será tanto maior quanto mais interfaces (ligações entre os vários sistemas) forem criadas. Porque em determinadas situações, a tal transformação só se fará sentido com uma “troca de mensagens” entre sistemas e não apenas com a aquisição e implementações de produtos isolados uns dos outros.

Mais uma vez e reforçando a ideia anterior, ao contrario de alguns tentarem introduzir o conceito (ou brand) “OSS tranformation “ com a simples introdução de produtos ou soluções “off-the-shelf”, só se obterá resultados reais com a introdução de serviços de integração e “customização” dos produtos ou soluções implementadas na rede do CSP.

A integração – está claro – de acordo com as interfaces existentes em cada produto, é feita a conexão – ligação entre eles para no fim fornecerem uma solução.

No caso da customização – penso que uma palavra que ainda não existe no dicionário Português, palavra vinda do inglês “customization “– essa é a personalização necessária para adaptar o produto, ou os produtos, para os requisitos impostos pelo cliente e de acordo com os serviços por ele (CSP) fornecidos.

Figura 5. OSS Transformation – exemplo de integração

Figura 5. OSS Transformation – exemplo de integração

 

Conclusão:

OSS transformation é um recurso que atende ao crescimento da demanda dos operadores na atribuição de novos serviços, na expansão da rede, e na resposta rápida para resolução de falhas e melhoria da performance de uma rede. Tem como objectivo central a redução de OPEX e na execução de processos de uma maneira fácil e transparente.

Desde 2005, muitos operadores de Telco vêm adoptando esse caminho como solução de seus problemas, obtendo assim bons resultados finais. Mas nem sempre esses resultados são facilmente mensuráveis, levando alguns especialistas a diversas conclusões.

A implementação da solução num CSP é um processo que poderá levar alguns anos, mas esse tempo irá depender do grau de exigência e da complexidade do sistema a ser gerido.

Obviamente esse é um tema um pouco complexo e que não se consegue discuti-lo em algumas linhas. Existem outros assuntos como por exemplo, os tipos de sistemas e soluções consideradas no OSS e os seus impactos financeiros tal como o ROI ou redução de OPEX. É um tópico interessante e que gostaria de apresentar numa próxima oportunidade.

Até a próxima.

Autor

Com experiência de 13 anos no ramo das Telecomunicações, nos últimos anos tenho atuado como Gestor de soluções na Nokia Siemens Network trabalhando em atividades de pré-vendas para os domínios de OSS ou BSS. Graduado em Engenharia Electrotecnica e Telecomunicações, na Universidade Técnica de Lisboa e no momento estou cursando o Mestrado em Telecomunicações.

jose.barreto

Comentários

3 Comments

  • Parabens pelo artigo José Barreto. Apenas com a divulgação de artigos elucidativos como o seu é que os profissionais e empresas que buscam a vanguarda conseguem se preparar para oferecer ao mercado soluções cada vez mais inovadoras sem perder o controle sobre essa tecnologia.

    • Olá Mauricio,

      Obrigado pelo seu comentário e fico feliz por ter gostado do artigo.

      Neste momento estou redigindo um outro ainda nesse tema, mas mais focado ao impacto econômico.

      Saudações

      Jose

  • Muito bommmmmm.
    Vc deveria se tornar também um professor universitário!!!
    Parabéns pelo artigo.

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