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O futuro das empresas pos-internet

publicado por Cezar Taurion

O futuro das empresas pos-internetVivemos em uma nova era, a era da Internet, em que a tecnologia movimenta o cenário de negócios e acelera de forma exponencial o ritmo das mudanças. Este contexto, a Internet, quase onipresente, a mobilidade, a computação em nuvem e a geração quase infinita de dados obriga às empresas e seus gestores a repensarem suas estratégias, modelos de negócios e técnicas de gestão. A tecnologia não está mais apenas nas empresas. Há pouco mais de dez anos os computadores mais poderosos ficavam dentro das empresas. Hoje tenho em mãos um smartphone que tem a capacidade de um supercomputador Cray-1  dos anos 70  ou de toda o data center da NASA, quando ela colocou os primeiros astronautas na Lua em 1969. Vejam aqui.

Indiscutivelmente que três fatores de produção se tornaram muito mais baratos: informação, conectividade poder computacional, o que, sem sombra de dúvidas, afeta quaisquer curvas de custos nas quais estes fatores estejam envolvidos. Ou seja, afeta quase tudo!

Este fato impacta significativamente a imensa maioria das empresas criadas antes da Internet, ou empresas pré-Internet, pois os seus modelos de negócio e gestão foram construídas na base do conceito de escassez, como o de informações. Vamos pegar o conceito de escassez de informações e analisa-lo um pouco mais. Quase todas as industrias são em maior ou menor grau, movidas a informação. Com a rápida transformação de átomos em bits vimos industrias inteiras serem modificadas, como a  indústria de filmes químicos (que foi destruída), a fonográfica e a de mídia. E em todas as outras industrias, processos e modelos de marketing, relacionamento com cliente, logística, etc, foram e estão sendo afetados de forma radical pela transformação digital proporcionada pela abundância de informações. Um exemplo do efeito deste novo cenário são os processos de recomendação e reputação gerados pelos próprios consumidores de produtos e serviços, que afetam sensivelmente seu espaço de mercado. O consumidor hoje, pelas plataformas sociais e seus smartphones, tem muito mais poder sobre a reputação de uma marca que ela mesma.

Mas, mesmo diante deste fato, ainda vemos um certo comodismo na exploração do potencial de oportunidades disponibilizado pela abundância de informações. Um exemplo é o conceito de Big Data, termo errôneo, pois denota importância apenas a vertente volume de dados, deixando de lado outras tão ou mais significativas, como variedade de dados. Talvez  este nome incorreto, Big Data,  faz com que volta e meia nos deparemos com gestores, já acostumados a tratar com grandes volumes de dados, a afirmarem que Big Data é apenas mais uma variação dos métodos de análise de dados anteriores, como DSS (Decision Support Systems ou Sistemas de Suporte à Decisão,  OLAP e BI. Correto? Sim, pois Big data, e ai adiciono Analytics (pois dados sem análises e insights que gerem ações e valor para o negócio são como o petróleo em baixo do fundo do oceano) trata-se de analisar dados. E não, pois além da vertente volume (que cresce organicamente pela digitalização do mundo) a vertente variedade faz uma diferença significativa. Com dados adquiridos das próprias pessoas (um individuo hoje é um imenso sensor, pois seus smartphones, tablets, relógios, veículos, e-mails, posts no Facebook, tuites, etc, fazem com que sua pegada digital seja significativa), dos objetos (cada vez mais instrumentalizados com sensores) e dos processos de negócios (uma transação ou negociação gera muitos dados, seja por e-mails, transações financeiras, telefonemas, mensagens de texto, etc) temos uma visão muito mais ampla que tínhamos há uma simples década atrás. Uma imensa maioria destes dados é não estruturado ou semi-estruturado. Fogem aos tradicionais cubos de dados estruturados que nos acostumamos a usar.

Observamos um fato interessante. A imensa maioria das empresas criadas após Internet tem Big Data em seu “core business”. Os exemplos são vários, como Amazon, Facebook, Google, eBay, Linkedin, AirBnB, TripAdvisor, Groupon, Yahoo, etc, etc, etc. Mesmo empresas de produtos físicos como a Tesla Motors, fabricante de automóveis elétricos, que construiu um carro em torno de software e dados. Os modelos e processos destas empresas foram criados sob o conceito de abundância de dados e explorá-los foi, naturalmente, a base de seus negócios. O numero de startups voltados a Big data é impressionante. Vejam uma relação em busca de investidores anjo (nos EUA…). Algumas empresas conseguem aportes milionários, como vemos na lista de janeiro da Forbes. Uma lição que podemos aprender é que se existe tanto interesse no assunto e inúmeras empresas de sucesso foram criados com o conceito de Big Data em seu cerne, talvez não seja má ideia pensar mais seriamente no assunto…

E quanto às empresas pré-Internet? Pesquisas mundiais apontam que uma parcela muito pequena endossou estes conceitos e os aplicam de forma sistemática. A maioria ainda está colocando o dedo na água e testando a temperatura. Razoável, pois um protótipo é sempre uma ideia interessante para validar conceitos e adquirir conhecimentos. Mas, o tempo começa a ficar escasso e esperar que muitas adotem, mantendo o modelo “late adopter”, podia ser uma regra válida nos tempos pré-Intenet, mas não é mais. Temos que repensar certos dogmas que aprendemos na escola e na prática, pois o mundo está mudando mais rápido que percebemos. Pensamos linearmente, mas as mudanças estão se tornando cada vez mais exponenciais.

Já existem muitos casos mundiais de sucesso em Big Data, em diversos setores de indústria. Porque não servirem de referência?  O caso de mudar a experiência de compra feita pela Macy´s, os investimentos de 1 bilhão de US$ anuais em Big data feitos pela UPS, os investimentos bilionários da GE, a Sears e inúmeras outras empresas. Novamente, não vale a pena pensar seriamente no assunto?

Em tempo, recomendo ler este artigo publicado na CIO.com.br, que diz muito claramente: “Não há dúvidas: o papel desempenhado até agora pelos diretores de tecnologia da informação mudará radicalmente nos próximos cinco anos. O movimento vem à reboque de um avanço na complexidade, surgimento de novos conceitos, digitalização dos negócios das organizações, convergência e internet das coisas. Dessa forma, bem possivelmente, quem acha que repetir o modelo adotado até então pode ter uma surpresa desagradável em breve.”. Porque não começar a mudança iniciando um protótipo de Big Data? Afinal o que os CEOs querem dos seus CIOs? Inovações que permitam reduzir custos e gerar mais receita. Big data pode fazer isso.

[Crédito da Imagem: Pos-internet – ShutterStock]

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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