Carreira

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No mundo corporativo tudo tem a hora certa. Pensar, falar, escrever e assinar

publicado por Leonardo Corrêa

Trabalhei em uma empresa onde tive liberdade para expor expectativas de carreira, idéias que me vinham à mente para otimizar nossas atividades e baixar custos operacionais, dar minha opinião sobre determinadas coisas que julgava estarem em desacordo com as políticas de segurança e valores da empresa, e tudo mais da esfera corporativa que vivíamos ali.

Não sei se essa liberdade me foi dada com o passar do tempo, após conquistar a confiança dos meus superiores, ou se inconscientemente, devido às minhas características pessoais, quebrei um paradigma que perdurava entre a equipe.

Por vezes, antes de procurar meu coordenador para apresentar uma idéia ou tratar de um problema delicado que todos conheciam, mas que ninguém se habilitava a falar, ouvi de alguns colegas frases como: “Léo, você é doido? Não toque nesse assunto!”, “Leonardo, nunca ninguém conseguiu isso. Acha que você vai conseguir?”, “Acho sua idéia muito legal, mas não acredito que será aprovada”.

O mais legal é que contrariando as probabilidades, muitas coisas que empreendi naquele local tive carta branca para “tocar”. É claro que nem tudo foi executado no tempo que eu gostaria, do jeito que eu gostaria e com quem eu gostaria. Muitas coisas eu iniciei e concluí, outras foram instigadas por mim e concluídas tempos depois que me desliguei da empresa. Com isso aprendi que é possível convencer o patrocinador de nossas idéias quando falamos e escrevermos do jeito certo e no momento exato.

Você conhece aquele famoso dito popular, né?

“Não é o que você fala, mas como você fala e a hora que você fala”

Embora eu realmente tenha muitas conquistas para relatar, minha passagem por aquela empresa não foi somente um “mar de rosas”. Tomei muita “paulada” na cabeça! E sabe de uma coisa? Aprendi e amadureci mais com meus erros do que com as conquistas.

Lembro-me quando meu coordenador ligava e dizia: “Léo, venha aqui na minha sala, por favor”. Pela voz eu sabia que os ventos estavam soprando a favor. Já quando o tratamento era: “Leonardo, dá um pulo aqui na minha mesa. Quero falar com você!”, eu sabia que tinha pisado na bola em alguma coisa.

Em uma dessas conversas que tivemos ele me disse uma frase que ficou gravada para sempre. Confesso que por muito tempo eu fiquei meditando nela sem entender bem.

Léo, você precisa aprender uma coisa: “Dentro de uma empresa, às vezes, o que se pensa não se fala, o que se fala não se escreve, e o que se escreve não se assina.

Como certamente dei outras “mancadas” depois dessa conversa, sempre que ele me chamava para passar um feedback de algo que eu havia feito errado, repetia: “Poxa Léo, não lembra o que eu te disse um dia? Existem coisas que você pensa mas não diz, diz mas não escreve,…”, e então eu passei a estudar os meus erros e tentar entender cada parte daquela frase. Bom, depois de muito tempo dedicado a interpretar a mensagem subliminar, cheguei a seguinte conclusão:

Dentro de uma empresa, às vezes,

“o que se pensa não se fala” – Idéias são necessárias e bem quistas, opiniões pessoais todos nós temos, porém, de nada vale uma boa idéia dita em um momento inapropriado ou para as pessoas erradas. É preciso maturidade para saber que nem tudo o que pensamos, achamos, sentimos ou queremos deve deixar de ser um pensamento, se transformando em uma expressão audível, se isso não tiver valor no momento.

“o que se fala não se escreve” – Existem idéias em fase de maturação, promoções ainda não homologadas pela alta Direção, alinhamento de negócios e conflitos internos e externos, que não devem ser registradas por escrito para não comprometer os objetivos finais, portanto, cuidado com os e-mails corporativos, principalmente quando copiados para outras pessoas.

“o que se escreve não se assina” – Essa parte da frase me deixou em crise com meus valores e minha concepção de ética e caráter. Como alguém que escreve alguma coisa poderá não assinar? Isso é covardia! Falta de caráter! Foi o que pensei a princípio. Posteriormente tive uma interpretação melhor. Embora algumas boas idéias sejam geradas por você, tenham sido idealizadas, projetadas por você, nem sempre você assinará por elas. Isso é política! Muitas vezes você é pago para criar coisas, idéias, e quem vai receber o mérito delas será outra pessoa. Muitas vezes irá se dedicar para ganhar um cliente especial, irá se empenhar para que outro cliente não desista de uma grande compra que pretende fazer, você conduzirá um projeto até o final com maestria, mas quem vai ser lembrado na reunião de final de ano será o seu gerente! É duro, mas é verdade… nem sempre o que você escrever, você assinará!

Sabedoria nos relacionamentos é tão importante para se construir e conduzir uma carreira de sucesso, quanto uma boa formação. Dentro das empresas então, considere que cada local tem seu código de conduta, suas regras e valores próprios.

Todas as pessoas que conheci e vi crescer profissionalmente em um curto espaço de tempo, alcançando posições de destaque dentro da equipe ou empresa, sempre foram as que sabiam falar, escrever e assinar, ou não assinar, com grande sabedoria.

Muitos bons negócios, promoções de carreira, patrocinadores de projetos, venda de idéias, são conquistados nos momentos mais inusitados que se possa imaginar!

Pense nisso!

Sucesso para todos!

Autor

Analista de Processos de Negócio e Consultor em Análise e Reformulação de Currículos, graduado em Gestão da Tecnologia da Informação com extensão em Formação de Consultores Organizacionais pela FGV. Pós-Graduando em Gestão de Processos de Negócio (BPM) integrado à Engenharia de Software, certificado ITIL Foundation, CobIT 4.1 Foundation.

Leonardo Corrêa

Comentários

5 Comments

  • Ótimo post Leonardo, concordo com vc… Parabéns! abraço!!

  • Léo, parabéns pelo domínio das palavras utilizadas no seu texto, fiquei surpreso com tanta diferença, desde 2007. Vejo que você superou todas as barreiras que estavam em seu caminho.

  • Ótimo texto, Leonardo. Além de muito bem escrito, inspirador! Afinal, muitas vezes o fantasma só existe porque acreditamos nele. É preciso coragem para desfazer mitos! Inclusive, você me deu uma ótima ideia para um post… Tks!

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