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Na Crise, Aversão ou Apetite por Riscos? Insights para Governança e Riscos

publicado por Antônio Sérgio Borba Cangiano

Na crise uns choram outros vendem lenços, no entanto para vender na crise é preciso avaliar riscos, e os que choram é porque riscos se realizaram.  Com ou sem crises a boa governança com gestão de riscos é base para a sustentabilidade. Em 2009 o IBGC lançou a quarta versão do “Código das Melhores Praticas de Governança Corporativa”, com a ampliação de gestão de riscos. Anteriormente a PriceWaterhouse & Coopers em 2007, publica em parceria com o COSO, Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission, o Sumario executivo: Gerenciamento de Riscos Corporativos – Estrutura Integrada, resultado de necessidade de melhorias do controle derivado dos impactos de grandes falências de empresas na época, como a Enron e posteriormente, problemas com a Sadia resultados de investimentos de risco em derivativos cambiais.  Esses guias categorizam os riscos separando-os em internos e externos, e fornecem informações para checklists.  Apesar de ferramentas úteis e abordarem aspectos importantes, ainda faltam visões de referência para uma efetiva análise e para a gestão de riscos ser de interesse e integrada à governança corporativa. Atitude perante os riscos pode variar dependendo de como é feita a gestão. O apetite pelo risco no desenvolvimento da economia é fator de mudanças, flexibilidade e crescimento econômico, porém no pós crise torna-se aversão ao risco e inibe a retomada do emprego, dos investimentos e da recuperação, (The Wall Street Journal apud Valor 04/06/13) avalia que “os americanos sempre se orgulharam de sua disposição para apostar num sonho. Mas o espírito de tomada de risco parece estar declinando nos Estados Unidos. Importante ressaltar que nas oito recessões por que passaram desde o fim da Segunda Guerra até o fim dos anos 80, os EUA precisaram de pouco mais de 20 meses, na média, para o emprego voltar ao seu pico pré-recessão. Mas nas recessões relativamente amenas dos anos 90 e 2001, essa recuperação levou 32 e 48 meses, respectivamente. Hoje, quase quatro anos após o fim da última recessão, o emprego ainda não voltou ao nível pré-crise.” ). Com raras exceções de empresas como Apple, Facebook, Amazon, Google, dentre outras, que transformaram o setor de tecnologia nos EUA e no mundo, a maioria vive a síndrome de aversão ao risco. Apresento um exemplo local que demonstra bem esse assunto na direção que queremos, ou seja, em relação ao apetite quando existe boa governança. As mudanças no mercado de trabalho, dos trabalhadores(as) domésticos(as) no Brasil, que se realiza na atualidade e que aumentou a probabilidade da classe média deixar de cozinhar, passar, lavar em casa, coloca em risco as vendas de utilitários domésticos. No entanto as empresas da linha branca que investem de 6 a 7 % do faturamento em inovação (P&D), e na crise produzem produtos atraentes: panelas que mexem as alquimias e libera  o “chef” para outras tarefas, fogões que recebem receitas por WIFI e pré aquecem os fornos, controlam o tempo de assar e dourar e desliga automaticamente , ou recebe comandos do smart fone, varais que sobem, descem com controle remoto. (Leia mais: jornal – caderno B3 – “Varal com controle remoto e fogão com WIFI levam inovação para casa” Valor Econômico- 11 de Julho de 2013). Quando se está  com foco nos negócios, aderente à governança da empresa (alta administração), o risco pode transformar-se em oportunidade. Nesse caso um novo mercado se abre.

A gestão de riscos deve ser parte integrante da governança corporativa, para a perenidade com sustentabilidade das organizações. Os conselhos, comitês de riscos, de auditoria, em sintonia com os executivos devem tomar ações sobre riscos, e trabalharem integrados para preparar as organizações antes, durante ou após a ocorrência de crises. Guias para levantamento de riscos categorizam: riscos internos, externos, financeiros, tributários, legais, de fornecimento, de greves, de energia, de desastres, e assim elencam uma infinidade de ameaças e vulnerabilidades a que tudo está sujeito em nossas organizações. Então, como identificá-los para que se possa planejar e agir para mitiga-los, ou aproveita-los para inovar, e assim realizar uma boa gestão? Ter o melhor checklist não basta,  pode-se ter uma enorme lista de ameaças que no frigir dos ovos, acabam engavetados.  Abordagens integradas do ambiente externo com o interno resultando em extensas matrizes SWOT, como referência para os riscos, tampouco servem para uma gestão de riscos efetiva, se não focada nos negócios.

Qualquer abordagem para levantamento de riscos que desconheça o negócio em sua abrangência, pode-se tornar ineficaz, e até mesmo ineficiente se todavia não for alçada ao nível da governança corporativa. Poucas empresas no Brasil tem relevante efetividade na gestão de riscos, por não considerarem os negócios de forma abrangente para o levantamento, priorização e planejamento de riscos. O fator: visão do negócio, é básico. Mudanças, flexibilidade, investimento em inovação, gestão de talentos, mudanças do capital intelectual e do conhecimento empresarial, são ações importantes decididas a nível da governança corporativa e podem ser consequências de análises de riscos de negócios.  Quando se busca essa visão, os riscos se apresentam com nitidez e a organização pode planejar em tempo para investir,  evoluir e sustentar os negócios em um ambiente em constante mutação. A concorrência mundial é acirrada em todos os níveis. A Gestão de riscos a partir da visão dos negócios, integrante da estrutura de governança corporativa, é fator crítico para a sustentabilidade com crescimento. As categorias de riscos tradicionais, podem evitar perdas e danos em toda a abrangência organizacional, mas resultam em análises descoladas da realidade dos negócios e endereçam ameaças isoladas. Todavia quando analisamos a partir dos negócios, as ações podem constituir-se em forças para mudanças corporativas, e pode  transformar a aversão em apetite para objetivos de crescimento, muito além das ações para mitigação de perdas e danos.

Empresas com governança adequada, com a gestão de riscos integrada aos negócios seguramente estarão mais preparadas para as crises sem choro, e com seu portfólio de vendas com a flexibilidade que as análises prévias dos riscos desvendaram, e  permitiram os caminhos perenes na governança o que proporciona sustentabilidade em ambientes em rápida e constante mutação, estas estarão aptas a venderam mais e melhores lenços, mesmo na crise.

Autor

Mestre em Engenharia de software: redes de computadores pelo IPT - USP, Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências de Computação, ambos na Universidade Estadual de Campinas. É Certificado pelo PMI em Gestão de Projetos – PMP e Conselheiro de Administração e Fiscal – IBGC/CCI. Experiência em empresas multinacionais, nacionais e públicas de grande porte: IBM, Ericsson, Unisys, Atos Origin e no SERPRO como diretor de gestão empresarial. Atuação executiva nas áreas de TIC, Finanças e venda de soluções. Conhecimento e habilidade nas áreas de: Planejamento, Gestão, Comercial, Projetos, Certificação Digital, Viabilidade Econômica/Financeira, Segurança e Sustentabilidade. Hoje exerce cargo de Assessor da Presidência do ITI – Instituto de Tecnologia da Informação – responsável pela ICP Brasil. Autarquia supervisionada pela Casa Civil do Governo Federal. Participa da câmara de segurança e é membro substituto ambos no CGI.BR.

Antônio Sérgio Borba Cangiano

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