O efeito causado no profissional após muito tempo trabalhando com o cliente é o acúmulo de experiência e conhecimento do projeto e, claro, dos modos operandi do meio em que está inserido. Para a empresa que paga o seu salário é bom porque ele é um gerador contínuo de oportunidades. Como na vida nada é perfeito o mesmo gerador de oportunidades pode ser a armadilha que irá colocar o chefe e a empresa como refém.
Essa simbiose criada entre o cliente e o fornecedor gera uma segurança tão desproporcional nos profissionais, que os levam a acreditar que são insubstituíveis e que é impossível sacá-los, afinal na sua cabeça a empresa não quer perder dinheiro, muito menos causar um desequilíbrio no projeto nem problemas com o cliente.
Tendo todas as opiniões acatadas sobre como apresentar uma proposta, maneiras de negociar, utiliza-se desse trunfo para gerar dificuldades acreditando que poderá vender facilidades, sonega informações, apresenta soluções complicadas para problemas simples e quer gerar horas extras em tudo para conseguir alguns reais a mais no final do mês.
Toda vez que recebe a visita do chefe pensa e comenta com seus próximos: “esse aí é um babaca, não sabe nada, mole eu faço com ele o que eu quiser, está nas minhas mãos”; doce ilusão não sabe que sua posição e condição é temporária e que em pouco tempo será desligado.
Por mais que muitos achem que o chefe é um grande idiota, os verdadeiros idiotas são aqueles que querem matar a galinha dos ovos de ouro. No fundo os papéis estão invertidos. O chefe sabe que está sendo usado e permite que isso aconteça com o objetivo de vender mais e aumentar as suas margens, quanto aos gastos com horas extras nem chegam a tirar seu sono.
Como todos sabem os projetos acabam e consequentemente a importância das pessoas passa. A certeza de ser insubstituível dá lugar ao desespero de ser demitido, os comentários jocosos de antes se transformam em elogios rasgados para a pessoa que até pouco tempo era mole, babaca e não sabia de nada.
Tudo começa a ficar mais desesperador com o passar dos dias e a desmobilização das pessoas do projeto acontecendo. Os considerados idiotas e muitas vezes taxados como puxa sacos, porque reportavam corretamente o andamento das atividades, são alocados em outros projetos. Os dias começam a ficar longos e lentos até porque não há muita coisa a ser feita.
Apenas mais uma semana pela frente e nada acontece. A definição da maioria dos profissionais está concluída e nada. Restam apenas poucos dias e ele não se aguenta, pede para falar com o chefe e escuta de maneira absolutamente educada, ponderada o que o torna sem reação que foi tentado de tudo em todos os clientes e todos os projetos mais infelizmente a empresa teria que desligá-lo.
[Crédito da Imagem: Chefe – ShutterStock]
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