Estamos assistindo a um jogo diferente onde, de um lado, estão jovens expressando suas expectativas, buscando freneticamente uma forma de equilibrar seus interesses com dos demais jogadores, principalmente das empresas. Do outro lado, vemos gestores focados e pressionados por resultados, mas frustrados, pois ainda estão esperando um engajamento efetivo dos novos profissionais.
O cenário é estranho, pois parece que o jogo simplesmente não está acontecendo como deveria.
Quando converso com profissionais veteranos, os argumentos são quase unânimes em afirmar que o jovem de hoje não parece interessado em trabalhar. Para esses profissionais, o jovem está buscando atalhos para conquistar privilégios e benefícios sem considerar que precisa dar sua contribuição de forma equivalente aos reconhecimentos que deseja. Já é clássico o exemplo do jovem que acabou de entrar na empresa e quer ser, ou melhor, acredita que merece ser gerente em poucos meses.
Há um fator que torna esse cenário ainda mais singular, que é o fato dos próprios veteranos sustentarem essa situação, ou seja, “a peteca não cai” porque os profissionais mais experientes não deixam. Quando eles mantêm o “jogo” rodando no ritmo que desenvolveram em suas próprias carreiras, isso provoca uma reação mais acomodada por parte dos mais jovens.
Tudo contribui para uma sensação de impasse, afinal, as empresas precisam dos seus resultados e parece que os únicos interessados em colocá-los acima dos próprios interesses pessoais são os profissionais mais veteranos, pois, para o jovem, isso é absolutamente inaceitável.
O mais irônico é que os veteranos não aceitam mais sustentar o ritmo frenético sem a contribuição dos mais jovens e, talvez, como forma de pressioná-los, acabam adotando um comportamento de competição, deixando justamente de formá-los como sucessores.
Os profissionais mais veteranos não estão totalmente certos em suas percepções. Há um novo jogo acontecendo, com novas regras, novas ferramentas e novas possibilidades. Parte dessas percepções existem apenas porque estamos vivendo um cenário em transformação. Contudo, vale um alerta: o profissional mais experiente não é o único responsável por construir esse novo jogo. Cabe a ele abrir espaço e apostar no potencial desse novo profissional.
Agora, você que é jovem, cheio de habilidades e informações, saiba que você é jogador nesse cenário e deve participar, mesmo que precise rever suas prioridades, caso contrário, você pode simplesmente ficar fora do jogo. Afinal, o mercado agora funciona com novas regras, novas ferramentas e novas possibilidades, mas com uma verdade imutável: se você quer reconhecimento, privilégios e benefícios, faça por merecer.
[Crédito da Imagem: Reunião – ShutterStock]