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Desistir do Brasil ou aprender a mudá-lo?

publicado por Alberto Parada

Figura - Desistir do Brasil ou aprender a mudá-lo?Desde os anos 70 os governos já utilizaram vários slogans para expressar o que eles pensavam do Brasil e do seu povo, teve o “ame-o ou deixe-o”, “um país de todos”, “um país rico é um país sem pobreza”, “trabalhando em todo Brasil” e atualmente a “pátria educadora”, e o povo por sua vez a cada novo slogan abdicava da sua obrigação de mudar o país e deixava nas mãos de seus governantes seus sonhos e anseios.

Quatro décadas se passaram e o resultado está expresso em qualquer estatística publicada por entidades internacionais, em 1978 a China tinha 1,5% do mercado internacional o mesmo índice do Brasil, atualmente a China passa dos 10% e nós continuamos estagnados, se olharmos para os índices referentes à educação a situação ainda é pior, conseguimos ficar atrás de países sem expressão na América do Sul.

Já fomos chamados de vira-latas pelo poeta, de país do futuro, já adoramos e reverenciamos tudo que vinha de fora, e permanentemente somos descriminados e discriminamos os brasileiros quando estamos fora do país, como diria o poeta: “Que país é esse?”

Um antigo governante europeu disse que não somos um país sério, outros que somos o país do futebol, do carnaval e das mulheres, creio que o governante estava correto, não somos sérios porque nossos maiores valores a cada dia são jogados no lixo, nosso futebol virou chacota, nossas mulheres viraram motivo de turismo sexual internacional e o carnaval tornou-se um antro da contravenção.

Na verdade, o melhor slogan que podemos considerar é o que cada povo tem o governo que merece, afinal a democracia mesmo com todas as suas imperfeições é o melhor sistema depois de todos os outros, o que está nos faltando é o que o americano tem de sobra, patriotismo.

Diferente do que muitos pensam não é necessário pegar em armas nem fazer passeata para mudar uma nação, até porque a maior manifestação popular já vista neste país infelizmente foi apenas pelos R$ 0,20 do aumento do transporte coletivo, a mudança começa dentro de casa, educar os filhos não é uma responsabilidade da escola, essa foi feita para ensinar, dizer não para qualquer tipo de vantagem ilícita, mudar o canal de televisão quando não gosta de um programa, respeitar o espaço do outro provoca mais mudanças em um país do que qualquer quebra-quebra.

Cair no lugar comum e falar da educação é desnecessário, o importante é saber que tipo de educação precisamos, se olharmos para fora teremos uma infinidade de exemplos: a Alemanha se reconstruiu do pós-guerra não pelo dinheiro americano e sim pela enorme quantidade de engenheiros que tinha, os coreanos focaram no ensino básico e escolheram algumas indústrias para crescer, e hoje são uma potência, e nós?

Continuamos a acreditar que um diploma seja qual for faz a diferença, assim derramamos no mercado uma quantidade assustadora de profissionais sem mercado de trabalho e o pior mesmo que existisse oportunidades nossos formandos não têm qualificação mínima para atuarem, a maioria das instituições de ensino não formam ninguém e os alunos saem pior do que entraram, não planejamos nada!

Até dois anos atrás parecia que o Brasil tinha mudado, e a síndrome do vira-lata estava começando a desaparecer, festejamos a Copa, a escolha para ser sede das Olimpíadas tudo parecia perfeito, e agora para os menos informados fomos surpreendidos por uma crise econômica e política sem precedentes, muitos dizem que é só o começo, e ao invés de escutarmos nas ruas e escolas que está na hora de pegar o país pelas mãos e mudá-lo, afinal o ano que vem tem eleições, o que mais se houve é que o maior desejo é deixá-lo.

O ciclo se repete e o povo parece cada dia mais adormecido, os mais velhos estão desiludidos e os mais novos entorpecidos, afinal para esquecer vamos beber e curtir o final de semana.

Claro que não dá para mudar tudo da noite para o dia, mas pequenos passos podem e devem começar hoje, e esses não devem depender de vontade política nem de chefe, patrão ou qualquer um, os atos e atitudes que realmente vão mudar o Brasil dependem única e exclusivamente de cada um de nós.

[Crédito da Imagem: Brasil – ShutterStock]

Autor

Fundador do : descomplicandocarreiras.com.br

Alberto Parada

Comentários

1 Comment

  • Prezado Alberto.
    Um dos textos mais cristalinos e emblemáticos. Creio que estamos deitados em berço esplêndido e não acordamos. É de uma grande tristeza ler o seu texto. Tomei a liberdade de replicá-lo em meu Facebook. Tenho nele muitas pessoas que diariamente discutem as questões que estão estampadas em seu texto.
    Se me perguntares: “qual a resposta para as suas questões?”. Respondo-lhe que não sei mais. Em tudo pensei e imprimi ações mas, como a garrafa lançada pelo naufrago ao mar, nenhuma resposta recebi. Se fosse médico, diria em meu diagnóstico que o Brasil está seriamente doente! Os sintomas são paralisia cerebral, incapacidade de concatenar ideias, distúrbios mentais, dupla personalidade e deficiência de memorização. Se fosse educador, diria que na Escola das Nações, estamos classificados como analfabetos funcionais, ou seja: “Sabemos ler mas não sabemos o que lemos”. Eu não sei as respostas e mesmo que soubesse, não conseguiria sensibilizar. O que sei é que nesse longo caminho de nossa história nada restou, se não o conjugar dos seguintes verbos compostos: – Nó
    s somos mentirosos; Nós somos astuciosos; Nós somos espertos; Nós somos individualistas; Nós não nos comprometemos; Nós somos um fim em nós mesmos; Nós somos lenientes; Nós somos corruptos; Nós somos desonestos; Nós pensamos em nós mesmos; Nós não queremos aprender; Nós somos preguiçosos; Nós apreciamos a desgraça dos outros; Nós nos espelhamos no pior; Nós não temos personalidade; Nós queremos sombra e agua fresca; Nós não queremos conquistar; Nós queremos roubar; Nós detestamos disciplina; Nós gostamos de desordem; Nós detestamos o silêncio; Nós não queremos trabalhar; Nós gostamos de enrolar; Nós gostamos de prometer; Nós não cumprimos as promessas; Nós somos mau educados; Nós temos amor aos nossos erros; Nós gostamos de falar dos outros.
    Então, depois de tantas conjugações só me resta lhe agradecer pelo excelente texto, dos poucos em que vejo uma síntese clara do vergonhoso estado a que chegamos.
    Grande abraço.

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