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Desafios da Interoperabilidade: A Integração de Dados e Processos – Parte VIII

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Desafios da Interoperabilidade: A Integração de Dados e Processos - Parte VIIIEm nosso ultimo artigo abordamos um alternativa para criação de uma cadeia de valor para a administração pública brasileira, considerando a viabilidade e compatibilização entre instrumentos e informações disponibilizados atualmente pelo Governo Brasileiro. Nesta semana iniciaremos a abordagem da última dimensão envolvida no desafio de integração de dados e processos: a dimensão pessoas.

Dimensão Pessoas: O Modelo de Governança e Gestão – MGG

Nos tempos atuais, de exploração das potencialidades da Internet e da computação em nuvem, reforça-se a importância de uma eficiente Gestão do Conhecimento e de práticas direcionadas à Cultura Colaborativa, que se apresenta como uma solução para geração e atualização do conhecimento sobre as demandas, os negócios – ou serviços – e as informações relativas a Administração Pública Brasileira.

Governos em todo mundo percebem a importância de padrões interoperáveis e abertos (públicos), como forma de melhorar seus serviços aos cidadãos e integrar-se local e globalmente.  O desenvolvimento intensivo de tecnologia aberta e o interesse da sociedade viabilizam a transparência e asseguram as iniciativas no sentido daquilo que vimos chamando de Dados Abertos de Governo. São os tempos da Arquitetura Orientada a Serviços, SOA.1

Partindo-se destas premissas, para uma melhor compreensão, os cenários atual e pretendido podem ser representados a partir de uma pirâmide.  Em uma de suas faces há os processos de negócios que suportam os objetivos das Organizações; na outra os dados que são trabalhados por estes processos; e na terceira as pessoas que, em seu dia-a-dia, trabalham com os dados seguindo os processos de forma a cumprir a missão de negocio de suas Organizações.

No cenário atual, em grande parte das Organizações, a pirâmide possui dois níveis de visão, seccionadas, onde, no topo, temos o nível de gestão estratégica, imprescindível para o funcionamento dessas Organizações e, na base, o nível de visão das soluções TI e procedimentos, desenvolvidos para atender as demandas provenientes do nível superior.  Neste cenário cada Organização é uma pirâmide isolada, focada no atendimento as necessidades de seu próprio negócio e, em uma visão de resultado pretendida pelo Governo, a prestação de serviços a Sociedade em seu segmento de atuação.

Figura 5: representação do cenário atual
Figura 5: representação do cenário atual

No cenário pretendido, colaborativo, as Organizações já se inserem com uma única pirâmide, expressando a integrabilidade pretendida pelo Governo. Surge um nível intermediário, que evidencia as visões integradas de dados e processos, viabilizada a partir do padrão Modelo Global de Dados, com incorporação da visão de negócios, possível a partir do uso do padrão Business Process Model and Notation.  Este novo nível apresenta uma dinâmica onde, para a parte de cima da pirâmide, disponibiliza um mapa global de informações e, para a parte de baixo, um conjunto estruturado das diretrizes emanadas pelo nível estratégico destas Organizações.  O futuro se caracteriza pela integração e compartilhamento de informações que permitam a elevação constante dos referenciais de qualidade na prestação de serviços a Sociedade. Os serviços agora podem ser disponibilizados sob o ponto de vista das necessidades do cidadão a partir da visão de cadeia de valor que os gestores de governo passam a contar.

Figura 6: representação do cenário pretendido
Figura 6: representação do cenário pretendido

O Modelo Global de Dados (MGD) – e o Modelo Integrado de Processos (MIP) – são ferramentas de trabalho de centenas de pessoas de dezenas de Organizações. Tamanho compartilhamento requer a utilização de padrões de notação por todos os envolvidos, a definição de permissões, de responsabilidades, de forma e critérios de auditoria, bem como a definição de métricas para avaliar a eficiência e efetividade na utilização destes Modelos, de forma a preservar a sua integridade e garantir a sua perenidade.

Todas essas questões são tratadas por meio do desenvolvimento e implantação de um Modelo de Governança e Gestão (MGG), desenvolvido para possibilitar a evolução e a perenidade das informações que constituem os demais Modelos e garantir seu uso efetivo pelos diversos atores com transparência e credibilidade.  Trata-se, portanto, de um conjunto de regras que norteiam a utilização dos modelos de dados e processos,  definindo os papéis e as responsabilidades dos atores, sejam eles grupos de gestores governamentais, analistas de informações estratégicas, analistas de negócios, gestores de informações, gestores de processos, administradores de dados, desenvolvedores de soluções, administradores de bancos de dados etc..

Ao disciplinar o processo de utilização do MGD e do MIP, o Modelo de Governança e Gestão faz o alinhamento desse processo às estratégias emanadas pelo Governo Federal, promovendo uma mudança na forma de trabalho daqueles diversos especialistas envolvidos, seja no uso, capacitação ou desenvolvimento, administração ou análise de dados, comunicação ou disseminação do conhecimento organizacional e gestão,  envolvendo a atualização dos artefatos que garantam o uso adequado da metodologia, a manutenção dos padrões de representação e de taxonomia, o versionamento e a evolução dos padrões e suas respectivas plataformas.

Para alcançar seus objetivos o Modelo de Governança e Gestão dissemina os conhecimentos relacionados à aplicação dos padrões MGD e BPMN, utilizando diferentes técnicas, dinâmicas e modalidades, ampliando a capacidade dos envolvidos não só em aplicar mas também em gerir e manter os padrões alinhados a necessidades de revisão metodológica e ferramental.  O MGG segue no sentido de um modelo ideal de gestão, focado em resultados, multidimensional, que considera as múltiplas dimensões de esforço (processos, recursos, estruturas, soluções de TI e pessoas) para alinhá-los aos resultados.

Nas próximas semanas abordaremos a importância da dimensão pessoas as etapas de alavancagem,  continuidade, evolução e expansão das iniciativas de integração de dados e processos.

[Crédito da Imagem: Integração de Dados – ShutterStock]

Marcus Vinicius da Costa
Marcus Vinicius da Costa ingressou no Serpro em 1982, atuando nos segmentos de produção de serviços, gestão empresarial, marketing e assessoria à Alta Administração, tendo tido experiências também em gestão estratégica no Ministério da Fazenda e na Companhia Nacional de Abastecimento. É pós-graduado em Organização, Sistemas e Métodos e Análise e Projeto de Sistemas, possui MBA nas áreas de Estratégia Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, e de Comunicação com o Mercado, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM. Coordenador do Projeto de Plataforma de Integração e Interoperabilidade de Serviços Públicos (P2IGov) no Serpro, foi titular da Superintendência de Integração de Dados e Processos, Unidade responsável pelo desenvolvimento dos modelos abordados neste artigo, participa da Coordenação-Geral e também como coordenador do GT 5 (Áreas de Integração para o Governo Eletrônico), na Arquitetura e-PING de Interoperabilidade para o Governo Brasileiro.

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