Se observarmos algo em torno de 30/40 anos atrás, havia uma reserva de mercado como proteção da indústria nacional, e de certo ponto restritivo aos avanços e modernidades que o mercado precisava e cobrava. Não tenho a intenção de levar esta matéria a uma análise econômica ou politica, apenas constatar os movimentos e as oportunidades oriundas dos ajustes de mercado.
Em seguida, tivemos uma abertura de mercado, a globalização, implementando um modelo competitivo de concorrência internacional, expondo a indústria que em alguns segmentos estava sucateada. Passamos por um período de desindustrialização e forte crescimento do setor de serviços. A decorrência foi um ajuste nas forças produtivas internacionais e um reposicionamento de nossos setores de mercado.
Passamos por duas crises de petróleo, e depois de fortes investimentos “atingimos” nossa autonomia (em óleo pesado), mas o caminho do petróleo é irreversível e imprescindível devido as nossas reservas e sua participação no PIB (a matriz energética não será abordada nesta matéria embora importantíssima como fator de geração e demanda de novos projetos).
De outro lado temos os gaps de infraestrutura, este secular, devido a implantação de iniciativas distorcidas (e interesseiras) frente às necessidades do país, e vemos agora a corrida para melhoria de portos, aeroportos, estradas e infraestrutura em geral, na tentativa de recuperar o tempo perdido. Se somarmos a isto o boom da construção, devido ao déficit de moradias e acomodação hoteleira, então confirmamos a tendência de mercado para os próximos anos.
Mas hoje já temos uma demanda enorme por projetos, devido a prospecção das grandes reservas de petróleo (muitas em produção) e os próximos grandes eventos do país (jogos da copa do mundo e olimpíadas), que evidencia nossa infraestrutura (já pudemos avaliar as demandas na JMJ e na copa das confederações), colocando grandes gargalos em questão.
Se estendermos nossa avaliação a cadeia de valores destes segmentos fica claro o circulo virtuoso destas iniciativas em toda sua extensão (fornecedores, parceiros e clientes). Hoje consórcios estão à frente das grandes obras de infraestrutura necessárias ao país, e contribui como fator multiplicador e gerador de novas oportunidades.
Na extensão desta cadeia de valor, vemos o aumento da concorrência das empresas de engenharia, o aumento da especialização e da necessidade de um planejamento detalhado. Onde antes a margem de risco absorvia algumas indefinições e incertezas, hoje pode ser o fator de perda de uma concorrência, projeto, ou de redução da lucratividade absorvendo a falta destes entendimentos.
O ralo da lucratividade não está somente no planejamento, mas também na execução, na capacidade de construir os controles em cada etapa do projeto, permitindo em tempo transparência, análise, correções e ajustes necessários ao processo.
Nem tudo é dificuldade, pois há soluções em sistemas que englobam todo o ciclo de projeto: orçamento, planejamento e execução, integrada com ferramentas de produtividade como Excel e Project, necessárias ao dia a dia do engenheiro de projetos.
O que fica claro para nós que estamos na consultoria de negócios é que a maturidade e assertividade em projetos serão requisitos imprescindíveis na participação e atendimento com qualidade e lucratividade a este legado de projetos, e que esse ciclo se estenderá ainda por muito tempo.
[Crédito da Imagem: Projeto – ShutterStock]