Ao longo dos anos viu-se a TI se moldar a tudo e a todos que com ela se relacionavam e dependiam. Se por hora no início (nos velhos CPDs com seus mainframes ) ela ditava seu ritmo, e de certa forma suas regras, e conseguia fazer tudo ao seu tempo, hoje não é mais assim. A TI se transformou e buscou seu espaço demandando uma forte evolução de seus profissionais e sendo demandada por cada vez mais requisitos e entregáveis. Não se admite, nas atuais circunstâncias, uma TI ausente, que não marque presença frente aos negócios das organizações. Aquelas que ainda não conseguiram sua representatividade e demonstrar seu valor, com certeza estão se mostrando medíocres em sua atuação,tornando-se não mais que simples coadjuvantes ao crescimento da empresa quando e se isso acontecer.
Porém, esta evolução e importância cobrou seu preço. Na medida em que ganhava relevância nos negócios e que disseminava para ele seu pacote de recursos, entendia que para continuar evoluindo e justificar seus investimentos necessitava incorporar modelos e formas de trabalho que não necessariamente faziam parte de sua rotina técnica. Modelos de gestão, teorias de administração, práticas de marketing e principalmente gestão de pessoas. Não bastasse a complexidade de seus processos e o que a constante inovação tecnológica lhe impunha, a TI viu-se à mercê de tratar cada vez com mais propriedade o fator emocional. Seja com seus clientes em atendimentos de suporte, ou via interações com demandas de projetos, lidar com o emocional das pessoas virou palavra de ordem no meio a tantos conceitos técnicos. Por sua abrangência e influência nos processos de negócios, cobrou-se do time de TI algo mais que apenas bits e bytes, mas técnicas de relacionamento interpessoal.
Transformar o perfil de técnicos para consultores internos, fazendo-os escutar o negócio ao invés de apenas ouvi-lo. Pois bem, tem diferença? Sim, e muita, pois ao ouvir apenas fazemos o exercício de um de nossos sentidos. Ao escutar nossos clientes internos passamos a sentir suas demandas, perceber seus desejos. O que habilita TI a exercer com maior propriedade as análises necessárias à entrega racional dos requisitos do negócio. O que parece ser apenas uma recomendação Freudiana, passa a ser uma prática e habilidade exigida de seus profissionais.
Então os CIOs, depois de entenderem esta transformação, e também de se moldar a elas, passo primordial para esta transformação, precisam capacitar de forma muito rápida e consistente toda sua equipe. Uma boa prática que vejo acontecer como forma de acelerar este processo é trazer à equipe de TI pessoas do negócio. Profissionais que irão falar com as áreas o seu idioma e estarão necessariamente mais sensibilizados às suas preocupações. Em resumo, fazer o repasse de conhecimentos técnicos passou a ser mais fácil do que habilitar seus profissionais a atender o negócio.
Mesmo frente a todas as justificativas acima acredito no equilíbrio de perfis. A TI não poderá transformar todos seus integrantes em consultores, sob pena de não conseguir aplicar a constante atualização tecnológica que lhe é submetida. Logo, é necessário administrar perfis com nível de especialização alta e submetê-los a níveis cada vez maiores de inovação para oportunizar ao negócio constantes condições de se reinventar.
Tudo isso pode parecer óbvio, mas equilibrar e dimensionar bem a equipe voltando os consultores internos ao atendimento do negócio e os técnicos às demandas deste negócio parece-me ser a chave para que TI seja protagonista do crescimento de suas organizações. O CIO que achar este ponto terá a representatividade esperada pelas corporações e passará a assumir desafios ainda maiores sem precisar de terapia.