Acho que o Neymar é o melhor jogador de futebol no Brasil, diz o santista fanático.
Já para o palmeirense, não houve melhor goleiro que o famoso “São Marcos”. Ou teria sido o famoso Rogério Ceni, segundo o são paulino?
E mulher bonita? Alguns olham o corpo, outros o rosto, outros o conjunto. Quem tem razão?
Felizmente ou infelizmente, a natureza do ser humano é julgar. E os julgamentos se baseiam exclusivamente em valores do próprio julgador. Mesmo que se estabeleçam regras claras, ainda assim o que vale é a interpretação da regra por quem julga. Não há como fugir disso.
Muitas empresas tentam implantar mecanismos de avaliação de seus colaboradores para auxiliar na evolução da estrutura organizacional identificando talentos para crescer na eficiência e produtividade.
Porém, quaisquer que sejam os mecanismos, eles estão sujeitos à interpretação e utilização por um ser humano que, por mais objetivo que tente ser, vai sempre considerar a “sua visão” sobre o tema.
Quando se admite alguém, além do currículo e das avaliações técnicas, também são consideradas a “sintonia” entre o entrevistador e o entrevistado e a confiança com que o candidato se vende e com que o entrevistador o compra.
Quando se promove alguém, os critérios são os mesmos. “Será que ao colocá-lo num cargo de liderança ele vai responder da maneira que eu espero?”. Quem promove, avalia a pessoa e considera questões que, por mais estruturadas que estejam na política da empresa, são sempre “interpretadas” por quem as utiliza.
Na demissão também acontece o mesmo. O funcionário não está realizando as atividades na eficiência e eficácia exigida. Mas o que se exige por mais objetivo que seja, não tem como ser avaliado com a mesma objetividade descrita na política ou na regra definida.
Sempre a subjetividade acaba entrando na jogada, quando se fala de seres humanos.
Se o seu líder é são paulino e você é o goleiro do Palmeiras, sinto muito meu amigo, você não vai ser o melhor goleiro, infelizmente. Ou você torna-se são paulino também, ou ele palmeirense, o que é extremamente difícil, pois estamos falando de questões pessoais que não há como serem descartadas no dia a dia profissional.
É bem difícil para o ser humano, ao entrar na empresa e ao passar pela portaria, “deixar sua camisa da torcida organizada do lado de fora”. Afinal não somos máquinas.
Portanto, quando ouvimos alguém falar da “competência” de outrem, podemos concordar ou discordar, tanto quando dizem que tal pessoa é competente ou que não é. Isso é normal e esperado, pois a mesma subjetividade que permitiu que aquele colega fosse promovido ou demitido por outra pessoa é usada no seu critério para concordar ou discordar daquilo. É natural.
Apesar disso ser muito claro no mundo corporativo, também ocorre na vida pessoal de todo mundo.
Quando passamos a encarar essas situações com esse enfoque, quando nos observamos fazendo esses julgamentos, nos permitimos entender que nossas prováveis revoltas ou frustrações ou até mesmo nossa felicidade ou satisfação são a simples reação da nossa subjetividade versus a subjetividade do outro. Se forem compatíveis ficamos felizes, são não forem, nos entristecemos.
O que realmente faz a diferença é o quanto isso nos incomoda.
Muitas pessoas levam esses conflitos internos tão a fundo, que acabam ficando revoltadas e doentes e ai não há subjetividade não. Objetivamente falando, a pessoa fica bem mal.
Dessa forma, meu conselho é que você passe a encarar a competência como algo subjetivo, pois é isso que ela é. Nada mais. Faça o seu melhor e se considere competente para você mesmo.
O que importa é o que você é para si próprio, pois os outros estarão sempre te julgando e isso sempre será de forma subjetiva.