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Design Thinking para não designers — Como começar

publicado por Cleiton Luis Mafra

O termo “Design Thinking” se tornou bastante popular (buzzword) e isso demonstra que essa abordagem chegou para ficar e que as pessoas estão buscando novos formatos para resolver os seus problemas.

Tive o primeiro contato com o design no início de 2013 quando comecei a trabalhar em uma startup, mas no início me pareceu algo que era focado em desenvolver produtos que oferecem uma experiência excelente. No entanto, foi só no final de 2013 que o Anderson Gomes me mostrou que o Design poderia me ajudar a entender melhor os problemas; me conectar melhor com as pessoas; facilitar dinâmicas de grupo e criar soluções de uma forma colaborativa. Foi aqui que a ficha caiu pra mim: eu entendi que design não era algo só para designers e resolvi estudar mais o tema. Hoje aplico as práticas de design em praticamente tudo que eu faço. Em 2015 participei de um workshop do Eduardo Freire, o “Project Thinking”. Conheci também nesse dia o Igor Drudi e pude confirmar que mais pessoas estavam vendo o Design Thinking como algo para resolver problemas. De lá para cá, mantenho contato frequente com essa galera que não para de crescer e se ajudar muito.

No Google Trends podemos observar que a busca pelo “Design Thinking” dobrou nos últimos 5 anos.

Google Trends “Design Thinking”

Talvez você já tenha escutado sobre o tal de divergir e convergir, já deve ter visto os “triângulos” em alguma imagem parecida com essa aqui abaixo e nesse post quero te explicar, de uma forma mais simples, como o Design Thinking pode te ajudar.

Crédito pela imagem: http://designthinking.co.nz/

Crédito pela imagem: http://designthinking.co.nz/

Nesse mundo de mudanças cada vez mais constantes, o que faz cada vez mais diferença e gera resultados é ter empatia; se conectar com as pessoas; entender os problemas que você pode resolver; ter foco e alcançar os resultados trabalhando em equipe. Isso vale para todas as áreas: vale para quem é de gestão de pessoas, financeiro, controladoria, marketing, vendas, ou seja, serve para todo mundo. Ninguém faz nada sozinho, pois nos dias atuais a colaboração é regra.

O Design Thinking é a abordagem que vai te ajudar a fazer isso de uma forma muita mais estruturada e com foco em resultados.

Mas como o Design Thinking pode me ajudar?

Uma das principais aplicações do Design Thinking é na solução de problemas em que não temos uma resposta pronta, uma solução ou uma boa prática conhecida, ou ainda quando já tentamos várias abordagens e ainda não estamos atingindo os resultados.

Se você tem esse cenário, liga o alerta, pois Design Thinking também é para você!

1 — Investigar, explorar e entender bem o problema

Essa é a etapa que eu considero mais importante na abordagem do Design Thinking, pois é muito comum as pessoas pensarem que já sabem do problema e partir direto para a solução, caindo assim na armadilha de escolher a solução errada.

No Design Thinking se fala muito em ter empatia, se colocar no lugar do outro, identificar as dores, descobrir o que incomoda de verdade as pessoas que sofrem de um problema e esse é o ponto chave.

Para investigar um problema você deve ser curioso feito uma criança, perguntar sem julgar, se interessar de verdade pelo problema e o mais importante: buscar vários pontos de vista além do seu.

Aqui algumas perguntas que podem te ajudar a dar o ponto de partida:

  • Qual o problema?
  • Quem vai ser beneficiado com a solução desse problema?
  • Como é o cenário desse problema, como e onde acontece?
  • Porque que precisamos resolver esse problema?
  • Como ele é resolvido hoje?
  • É algo que vale a pena resolver? Porque?
  • Existe a possibilidade para explorar o problema?
  • Temos motivação para resolvê-lo?

Entrevista

Para explorar o problema, uma das técnicas mais usadas é a boa e velha entrevista. Mas fique atento: você só tem a primeira impressão sobre algo na primeira vez.

Uma dica para a fase de entrevista é fazê-la em dupla, pois assim, enquanto uma pessoa se dedica a entrevistar e manter a conexão com o entrevistado, a outra faz as anotações.

A preparação para a entrevista pode ser feita, com essas perguntas abaixo:

  • O que nós sabemos sobre o problema?
  • O que nós não sabemos?
  • O que nós precisamos saber?
  • Como nós vamos aprender o que nós precisamos saber?

Dicas para entrevista:

  • Faça perguntas abertas
  • Não julgue
  • Transmita calma
  • Comece com as perguntas mais leves
  • Às vezes a pessoa que está sendo entrevistada faz alguns momentos de silêncio, não tenha medo ou tente apressar as coisas, ela está pensando.
  • Questione o “porquê?”
  • Quando achar interessante algum ponto, use a expressão “Diga-me mais sobre isso”, isso te ajudará a destravar a conversa ou a explorar melhor algum ponto.
  • Você deve ouvir na maior parte do tempo!

Mapeamento do problema

Após se conectar com o problema, explorar e ir a fundo, chega o momento de organizar as informações. Eu recomendo fortemente que você faça essa etapa em grupos, com pessoas que têm conhecimentos distintos. Eu te garanto que isso melhora, e muito, o mapeamento e a definição do problema.

Você pode escrever os principais tópicos de cada entrevista em post-its e usar a técnica do agrupamento por afinidade, que basicamente é agrupar os itens similares (post-it amarelo na imagem) em um único grupo e dar um nome que represente aquele grupo (post-it rosa na imagem).

Credito imagem: http://anamendez.es/design-thinking/

Crédito imagem: http://anamendez.es/design-thinking/

Essa técnica ajuda a dar visibilidade sobre o problema e a dividi-lo em problemas menores que podem ser resolvidos separadamente.

2 — Priorizar qual parte do problema você vai resolver

Depois que você já tiver um pouco mais de clareza do problema, você vai se perguntar “Mas por onde começo?”.

Aqui é a segunda etapa mais importante, pois não dá para resolver tudo de uma única vez, você vai ter que priorizar e fazer escolhas do que fazer e o que não fazer.

sacada aqui é limitar a quantidade de escolhas de cada pessoa. Uma técnica que eu uso com frequência é distribuir para cada pessoa 3 bolinhas adesivas azuis, 3 bolinhas adesivas vermelhas e fazer 2 perguntas:

1 — Quais são os problemas mais importantes que vão gerar mais impacto nos resultados? (Bolinha Azul)

2 — O que NÃO faz sentido e já devemos descartar? (Bolinha Vermelha)

Desta forma vai ficar muito mais fácil identificar onde estão as principais oportunidades para gerar os melhores resultados.

Recomendo você selecionar no máximo 2 problemas para seguir em frente, isso vai te ajudar a ter foco e ser mais objetivo.

Descrição do problema

Após selecionar os principais problemas eu sugiro você escrever o problema com mais detalhes, reler os itens do agrupamento para enriquecer a descrição e não perder a conexão com as pessoas que são impactadas pelo problema.

Dica: Descreva o problema sem focar na solução, isso vai garantir que a solução possa ser explorada de forma mais ampla no próximo passo.

Aqui vai mais uma sacada: para cada problema você deve responder à seguinte pergunta:

  • Como eu vou saber que esse problema está resolvido quando eu for avaliar o resultado no final?

Geralmente a resposta vai estar relacionada com alguma métrica de resultado. Na ausência de métricas de resultado, busque medir a satisfação das pessoas que estão dentro do problema e das pessoas que são impactadas pelo problema. Essa prática te ajuda a sair da subjetividade.

Nesse ponto você tem muito mais clareza de tudo e agora pode partir para discutir a solução.

3 — Criar opções de solução, priorizar e definir o resultado que será atingido

Com o problema bem definido, uma técnica que pode ser usada é o Brainstorm (tempestade de ideias).

IMPORTANTE: Garanta que todos entendam bem o problema que estamos tentando resolver e os resultados que queremos atingir. Esse ponto é bem importante, pois algumas vezes essa etapa é realizada em um momento diferente da definição e inclusive com pessoas diferentes.

Dicas para um bom Brainstorm:

  • Quanto mais ideias melhor!
  • Adie o julgamento;
  • Estimule ideias radicais (Malucas);
  • Construa sobre as ideias dos outros, uma ideia leva à outra;
  • Mantenha o foco no tópico do brainstorm;
  • Seja visual;
  • Foco em quantidade.

Colete as ideias

Ideias do Brainstorm

Ideias do Brainstorm

Agrupe as ideias e escreva a ideia novamente para resumir os itens do agrupamento

Agrupamento das ideias

Agrupamento das ideias

Selecione as melhores ideias

Você pode usar a mesma técnica da votação que foi usada na seleção do problema.

As melhores ideias são as que valem a pena ser executadas e que podem gerar o resultado que esperamos.

Seleção das ideias

Seleção das ideias

Muitas vezes precisaremos que várias ideias sejam implementadas para gerar um resultado significativo, mas comece uma de cada vez, pois isso te ajudará a ter foco e a validar melhor os resultados.

4 — Execução com foco

Aqui é a parte mais divertida, pois sabemos com clareza o problema; sabemos o que vamos executar e como vamos executar. Agora é “só fazer”.

IMPORTANTE: nunca perca de vista o problema; qual resultado queremos atingir e se possível vá medindo já durante a execução. Muitas ideias vão dar em nada. Então continuar conectado com o problema e com os resultados é o principal diferencial para não se perder durante a execução.

5 — Validação dos resultados

Ao final, quando as ideias estiverem implementadas, é só medir o resultado. Mas lembre-se: o resultado a ser atingido foi definido no início junto com o problema, isso é essencial para avaliar os resultados com facilidade.

Caso não atingido os resultados, volte no passo “3 — Criar opções de solução, priorizar e definir o resultado que será atingido” e faça de novo.

Conclusão

As práticas e técnicas de Design Thinking são muito mais amplas e mais profundas, mas procurei nesse post passar uma visão geral, com base na minha experiência e práticas que eu uso de verdade, pois assim você já poderá aplicar hoje mesmo.

Você gostou desse conteúdo? Compartilhe com seus amigos e ajude esse a chegar a quem precisa.

Quer saber mais sobre Design Thinking ou ficou com dúvida? Deixe seu comentário que terei o maior prazer em responder e numa dessas surge um tema para um novo post com algo mais detalhado.

Autor

Sou Enterprise Agile Coach com foco em resultados. Nos últimos 15 anos acumulei larga experiência pelo Brasil gerindo projetos e equipes ágeis em ambientes Corporativos e de Startups com uso design thinking, métodos ágeis e muita inovação para resolver os problemas das pessoas. Atualmente meu desafio é trazer a cultura ágil para a Senior, uma empresa de quase 30 anos que está disposta a se transformar em digital com foco em tecnologia. A Senior hoje contar com mais de 1300 funcionários, sendo que em produto e desenvolvimento temos em torno de 400 pessoas.

Cleiton Luis Mafra

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