Rivotril: “O remédio mais amado do Brasil”

Informação pouco conhecida da maioria das pessoas: o remédio mais consumido no Brasil é um anticoncepcional com consumo atrelado à distribuição pelo governo via SUS. A grande surpresa é o segundo lugar. Rivotril, um remédio de uso controlado.

Mas por que estamos abordando este tema em uma coluna de carreira?

Quando olhamos o executivo à frente de uma reunião apresentando os resultados da empresa, ou em palestras buscando atrair novos investidores, é comum admirá-lo não apenas pela segurança que transmite, mas também pelo controle da emoção sob tamanha pressão.

O que pouca gente sabe é que, é cada vez mais comum encontrar profissionais de todas as áreas e todos os níveis hierárquicos utilizando-se de substâncias químicas para conseguir suportar a pressão e administrar a ansiedade.

Quando somos pressionados, algumas áreas do cérebro passam a trabalhar mais, gerando enorme ansiedade. O Rivotril atua exatamente nos mecanismos que conseguem equilibrar este estado de tensão, diminuindo o funcionamento das áreas que estavam funcionando mais.

O uso tem se espalhado de tal forma, que o jornalista Pedro Bial, em uma entrevista a revista Playboy declarou: “Houve Big Brother em que eu estava com muita ansiedade e usava Rivotril para entrar no ar”.

Para quem ainda não sabe, tudo na vida tem seu preço. Utilizar regularmente, sem acompanhamento, médico substancias que agem tão fortemente no sistema nervoso causam dependência química e psicológica.

Na química, o que acontece é algo muito parecido com o gerado por drogas como álcool e cocaína. Seu uso prolongado torna o cérebro dependente daquela substância para funcionar corretamente. Na psicológica, a pessoa até para de tomar o remédio, mas mantém uma caixa sempre no bolso como precaução.

Diante de tudo isso vale a pena uma reflexão: qual é o preço do sucesso profissional? Qual o limite deve-se ir para conseguir dizer que se chegou lá? E, afinal, o que é chegar lá?

A ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo (real ou imaginário). Vivemos constantemente em estado de ansiedade na expectativa de alcançar o sucesso ou o fracasso.

Alcançando um ou o outro o prêmio é a punição. O fracasso por não ter conseguido, e o sucesso por ter que conseguir sempre mais, tudo sempre com a eterna ilusão que estamos em busca da felicidade, porém nos deparamos apenas com a ansiedade.

É claro que escrever e pensar sobre tudo isso é fácil, o difícil é conseguir administrar o dia a dia, a ansiedade nasce com as crianças e o seu desejo incontrolável de ter um brinquedo e termina com os idosos com a escolha do local onde será enterrado.

Não se consegue eliminar a ansiedade de uma vez, nem vendendo tudo e comprando uma pousada no Nordeste. Ela mostrará sua cará quando você estiver trabalhando e todos se divertindo.

A sugestão é equilibrar nossas ansiedades com doses periódicas de ócio, o fazer nada pelo nada! Permita-se desligar o celular, guardar o notebook e deixar o carro na garagem. E não precisa nem voar para Miami para fazer isso, pode ser dentro de casa mesmo. Ficar sem fazer nada com aquela mulher que faz tanto tempo que não presta atenção ou até mesmo brincar no chão da casa com os filhos que estão crescendo e que a cada dia você vê menos.

Períodos de prazer com quem se ama cria, a médio prazo, um ansiolítico natural que irá deixa-lo tranquilo na hora de apresentar o resultado da empresa ou de enfrentar aquela reunião terrível com o chefe.

[Crédito da Imagem: Pressão – ShutterStock]