Precisamos de um novo conceito sobre privacidade porque aquele que servia para o tempo dos nossos avós já está obsoleto.
Da minha parte, tenho vivido nos últimos cinco anos com a consciência de que já não existe mais privacidade em um mundo cada vez mais transparente.
Na Era do Conhecimento toda informação em movimento é valor. Com isto toda a tecnologia conspira para que tenhamos uma vida cada vez mais pública.
Câmeras de segurança registram nossos movimentos dentro e fora de qualquer lugar da cidade. Cada item que consumimos deixa algum tipo de registro em nosso prontuário. Mesmo nossas informações mais sigilosas são controladas pelo governo. Sem paranóia nem exageros, mas já estamos de bunda de fora a mais de uma década!
Creio que não se trata mais do que queremos manter oculto, mas sim de quem queremos esconder, e quando. A gestão da privacidade está se tornando uma atividade constante na vida de todos nós. Manter senhas ocultas, dados preservados e informações trancadas, passa a ser um hábito em nosso cotidiano.
Estamos aprendendo a trazer nossos cadeados de aço, janelas gradeadas, cercas eletrificadas e alarmes de presença da vida real para nossos ambientes digitais. Mesmo sabendo que nenhum muro de átomos ou de bits é alto demais que não possa ser transposto, seguimos insistindo em mecanismos de defesa e controle de acesso.
E então temos um paradoxo. Em uma rede que foi criada para o compartilhamento, cada vez mais nos preocupamos com a retenção das informações.
Cabe aqui uma provocação: porque não ter uma vida transparente? Qual o problema de assumir nossas mais obscuras condutas diante de todos? Qual seria o efeito revelador do dia-a-dia de todos nós exibidos em alta definição para qualquer um no mundo ver?
Em uma utopia hacker eu diria que seria o fim da hipocrisia, das máscaras e dos fingimentos.
Tememos o fim da privacidade por achar que os desonestos tirariam enorme proveito disso, entretanto talvez no limite do fim do sigilo, esteja o início do caminho que pode levar à ética e à honestidade.
E você, o que tem a esconder, amigo?