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Revolução Industrial Digital 3-D e a Inovação no Brasil

publicado por Antônio Sérgio Borba Cangiano

A revolução industrial da impressora 3DO artigo “A Nova Revolução Industrial já começou”, do Wall Street Journal publicado no jornal Valor Econômico no dia 12 de Junho na página B13, informa em página inteira o que está ocorrendo na manufatura com o maciço uso de tecnologia digital, tanto para design como para projetos de produtos finais para serem produzidos por impressoras 3D, também digitais, pelo processo de manufatura aditiva. O novo cenário é de uma indústria governada por computadores que pode funcionar de luz apagada, porque as ações internas tem como atores robôs e computadores, com trabalhadores e trabalhadoras apenas com acesso remoto com visão e orquestração de todo o funcionamento por aparelhos conectados móveis.

Essa revolução está acontecendo e tem alguns números apresentados: Investimento nos EUA de 66% da fatia de manufatura em P&D das empresas privadas em 2012; 0,1% dos itens fabricados atualmente nos EUA usando técnicas de Impressão 3-D; 0,1% é o crescimento anual do mercado de 3-D nos últimos 3 anos; a quantia de USD$ 2,2 Bilhões de Vendas mundiais de Impressoras e serviços 3-D em 2012; USD 10,8 Bilhões projetados para vendas de impressoras e serviços 3-D em 2021; 48% é o percentual de grandes fabricantes planejando mover sua produção no exterior de volta pra os EUA, (fontes: Wohlers Associates; Boston Consulting Group; Nações Unidas; Associação Nacional dos Fabricantes). “ A manufatura passa por uma mudança que é tão significativa quanto a introdução de partes intercambiáveis separadas que são unidas na linha de montagem, talvez até mais” diz Michael Idelchik, diretor de tecnologias avançadas do laboratório mundial de pesquisa da GE, ou seja, essa revolução industrial dará uma chacoalhada na economia mundial, e será causa de profundas e benéficas (esperamos) mudanças no modo de produção e nas relações econômicas de todo o mundo.

Os números mostram que não será necessário o capital sair em busca de mão de obra mais barata para suprir as empresas globais com atrativos tais como: “market share” crescente e margem de lucro atraente. Indicadores de que essa revolução é pra valer, são os exemplos da maior fabricante de impressoras 3-D, a 3-D Systems Corp., americana que introduziu um modelo dessa impressora que custa somente US$1.299,00, e está ao alcance de empreendimentos pequenos, o que exponencia a revolução dessas relações da economia. Mas essa impressora não terá o impacto reduzido das conhecidas, essa influenciará as bases econômicas mundiais.

A invenção dessa revolucionária impressora 3D, é fruto de pesquisas em assuntos multidisciplinares que culminou em um produto que fabrica desde membros humanos artificiais, até partes de aviões e produtos acabados como quadros de bicicletas, armas, tênis como o Flyknit da Nike ou o Primeknit da Adidas, que inclusive já fabrica na sua planta de origem no país, abandonando o mercado de mão de obra barata em que estava. Bilhões de dólares foram investidos em P&D, e o resultado é revolucionário para a indústria e a economia global, e já apresenta uma barreira de entrada para o Brasil da ordem de bilhões de dólares protegidos pela lei de patentes.

As economias emergentes hoje dependem da mão de obra para a inserção no mercado global, e esses novos produtos 3-D exigem um capital intelectual e montantes significativos de investimento em P&D, e no final das contas, a mão de obra remanescente empregada é de alto nível, com uma gama de competências ausentes nessas economias. O “Ludismo” (quebra de máquinas por trabalhadores na revolução industrial) foi superado, após muita luta, e a saída para o progresso tecnológico entrante na época foi equacionado por sindicatos, trabalhadores e o capital, e nesse novo cenário? Ela terá que ser novamente equacionada. Para o Brasil resta comprarmos as impressoras 3-D e pagar royalties, se quiser competir no mercado global, porque sem dúvida nenhuma os produtos das 3-D serão muito mais baratos, serão evitados desperdícios, usar-se-á apenas os materiais necessários e o processo estará sujeito a menores falhas e ainda utilizará materiais mais sustentáveis, menos impacto ambiental e com qualidade, assim com todos esses atributos a competição mundial estará as voltas desses parâmetros. O artigo do Valor apresenta uma nova plataforma de trabalho coletivo, para design de produtos e para alimentar as impressoras, denominado de “crowdsourcing”, que com acesso a “big data”, terá uma produtividade enorme, cooperativa, e a GE ainda promete disponibilizar cerca de 30000, (trinta mil) patentes para inventores e empreendedores que usam o site Quirky – que emprega o trabalho coletivo para avaliar ideias para produtos. Diante desse cenário o Brasil precisa urgentemente repensar o processo industrial, as políticas de capacitação e inovação, rompendo paradigmas na busca de estratégias efetivas para colocar o país em posição mais competitiva no decorrer dessa revolução industrial.

Autor

Mestre em Engenharia de software: redes de computadores pelo IPT - USP, Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências de Computação, ambos na Universidade Estadual de Campinas. É Certificado pelo PMI em Gestão de Projetos – PMP e Conselheiro de Administração e Fiscal – IBGC/CCI. Experiência em empresas multinacionais, nacionais e públicas de grande porte: IBM, Ericsson, Unisys, Atos Origin e no SERPRO como diretor de gestão empresarial. Atuação executiva nas áreas de TIC, Finanças e venda de soluções. Conhecimento e habilidade nas áreas de: Planejamento, Gestão, Comercial, Projetos, Certificação Digital, Viabilidade Econômica/Financeira, Segurança e Sustentabilidade. Hoje exerce cargo de Assessor da Presidência do ITI – Instituto de Tecnologia da Informação – responsável pela ICP Brasil. Autarquia supervisionada pela Casa Civil do Governo Federal. Participa da câmara de segurança e é membro substituto ambos no CGI.BR.

Antônio Sérgio Borba Cangiano

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  • Você , Sergio, consegue comunicar mensagem muito difícil de forma muito accesível.

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